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[Dica] Clubes de assinatura de livros, vale a pena?

Quem ama ler ama também compartilhar as leituras com outros leitores, não é mesmo? Por isso, fazemos nossa conta no Skoob, no Goodreads, criamos um blog e, além de escrever resenhas de cada leitura, começamos a escrever sobre temas relacionados a esse mundo literário. Fazemos amigos, criamos comunidade, montamos um clube do livro, seja ele virtual ou presencial.

É natural nos aproximarmos de quem tem interesses em comum com os nossos. E é nessa onda que surgem as caixinhas dos clubes de assinatura de livros. Há uma infinidade por aí, pra escolher conforme o seu perfil, e parece que é algo que chegou pra ficar.

As caixinhas desses clubes de assinatura começaram com kits de produtos de beleza, que tinham a finalidade de apresentar novas marcas aos clientes. Depois vieram as de conteúdo nerd e geek, as de vinhos, de cerveja e hoje há praticamente um clube de assinatura pra cada gosto pessoal.

Os clubes de assinatura de livros começaram trazendo livros em edições diferenciadas, itens relacionados ao universo literário e aos livros do mês, além de marcadores, canecas, bottons e outras coisas que nós leitores amamos colecionar.

Nessa onda, acabei me rendendo a dois perfis de caixinhas. Um que eu continuo assinando (e pretendo continuar, caso o projeto seja renovado para o ano que vem) e um que eu cancelei há alguns meses. Embora sejam diferentes em si, há alguns pontos que me chamam a atenção e que me fizeram tomar estas decisões.

A ideia aqui não é comparar duas realidades diferentes, mas sim, os pontos que esses dois clubes de assinatura tem de diferente. No fim, é uma forma de mostrar o que me faz contratar um clube de assinatura e o que me faz cancelar a inscrição.

Muito bem. os dois clubes de assinatura que conheço são o Clube de Romance da Carina e a Box 95.

Clube de Romance da Carina:

Uma caixa contendo dois livros, brindes que se relacionam com a história e marcadores e cards, além de uma carta escrita pela autora, que é curadora do projeto. Os livros enviados são os seus favoritos e também alguns inéditos. O envio da caixa é bimestral e o valor de cada uma é R$ 69,80 + frete.

Box 95

Uma caixa contendo livro lançamento, item surpresa, marcador, paper toy, cartão postal, revista, pôster personalizado, ajuda missionária. O envio é mensal e o valor de cada caixa é 69,90, frete incluso.

Preço

O preço das duas é o mesmo, porque pagamos por caixa. Nos dois casos, o valor pago acaba sendo igual ou superior ao de comprar o livro na livraria. É claro que com isso perderíamos a experiência do ineditismo no lançamento em alguns casos, mas poderíamos esperar pra comprar o livro em uma promoção e quando (e se) fôssemos realmente ler. Por isso, o preço não era um fator determinante quanto a assinar ou não essas caixinhas.

Prazo

Os livros da caixa dos dois clubes são enviados por volta do dia 10 do mês. Mas, no caso do Clube da Carina, o recebimento é bem mais rápido. Todos os assinantes recebem as caixas dentro da mesma semana, começam a ler e a publicar seus posts e resenhas juntos e a fazer burburinho virtual sobre o livro.

A caixinha da Box 95 chega em cada região do país em um período diferente. No meu caso, mesmo morando no estado de São Paulo, eu era uma das últimas a receber, o que acabava frustrando um pouco a experiência e bagunçando minha programação de leitura.

Experiência

A questão da experiência fica muito ligada ao prazo de entrega dos produtos, mas também a outros elementos.

No caso da Box 95, a demora na entrega acabava colaborando pra estragar as expectativas. Na maioria das vezes a caixinha chegava depois do começo da campanha de divulgação do mês seguinte e, em vários casos, tinha unboxing na página da própria Box 95 de uma experiência que eu ainda não havia recebido.

Isso sem mencionar a falta de noção dos próprios assinantes, que postavam a caixa aberta nas redes sociais, sem avisar sobre spoilers. Eu sempre via todo o conteúdo antes de receber a minha caixa e a expectativa morria ali. Claro que isso não era culpa da Box 95. Mas… – e sempre tem um mas! – a Box 95 também era mestre em estragar a própria experiência que vendia.

A cada dia eles publicam uma dica sobre o livro do mês. Pedaços da capa, trechos do título, de páginas internas ou do nome do autor. Nos comentários, várias pessoas que descobriam colocavam o nome e, com isso, tudo perdia a graça.

No caso do Clube da Carina, o fato de recebermos as caixinhas em datas muito próximas, faz com que a experiência seja intensa. Ninguém sabe nada, recebe a caixa junto, abre junto e quando vai postar o conteúdo, avisa que é spoiler. Assim, ninguém estraga a brincadeira de ninguém. A própria Carina e a editora fazem a campanha em cima de dicas muito genéricas e usam como imagem de campanha apenas a imagem exterior da caixa (que é linda por si só).

Comunidade

A Box 95 tem um grupo no Facebook que não tem discussões sobre os livros. É meramente um espaço pra solicitar informações sobre os pedidos e, pasmem, pra postar foto do conteúdo aberto da caixa. Não há expansão de conteúdo quanto ao que foi enviado na caixa, nem dos temas dos livros, nem mesmo o incentivo a formar um clube de leitura (que seria a ideia inicial) entre os assinantes.

No Clube da Carina, os envios são bimestrais, mas a caixa contém dois livros. Não há um grupo no Facebook, mas dentro da caixa há um lembrete com as datas das lives em que serão discutidos os livros enviados (um por mês). Isso ajuda a nos organizar com outras leituras, nos força a ler para participar da discussão e cria comunidade enquanto dividimos experiências em comum com outros leitores e com a própria autora.

Brindes

Brindes são os itens que não são o livro em si, que são enviados dentro da caixa. A Box 95 falha bastante nesse quesito. Os brindes não são muitos. Recebemos apenas um marcador, da própria Box, que segue sempre o mesmo padrão, mole e em formato bem menor em relação ao que estamos acostumados.

Além disso, recebemos um paper toy de algum reformador que é feito de um papel não muito firme, às vezes vem dobrado em lugares errados, que deixam marcas no personagem depois de montado e, que sinceramente, não servem pra absolutamente nada a não ser ficaram expostos na mesa durante um tempo e acabarem soterrados pela papelada comum de se multiplicar em um escritório de leitor.

Também vem uma revista com artigos por diversos autores cristãos e às vezes relacionados com o tema dos livros (bem legal). O pôster vem dobrado e aí não dá pra fazer nada com ele, porque as marcas no papel deixam o aspecto bem ruim. Os meus acabaram todos no fundo da gaveta.

Muitas vezes o brinde surpresa é um segundo livro, mas quando não, é um item bem pouco útil. Pelo menos durante os treze meses que assinei, não recebi nada que pudesse usar no dia a dia. Uma pena

Na minha opinião, gastam muito com coisas à toa. Se usassem os valores gastos com o paper toy, o pôster vincado e o marcador mole, poderiam investir em itens que os leitores poderiam usar no dia a dia e que ajudariam inclusive a fazer propaganda e despertar interesse de novos assinantes. Pra mim, gera uma quantidade de lixo desnecessária, pois por mais que não joguemos fora junto com a caixa original, esses itens não sobrevivem ao Faxinão anual ou semestral.

Já a caixinha do Clube da Carina acaba fornecendo uma experiência inigualável quanto aos brindes que recebemos. Primeiro, que recebemos uma cartinha dela contando porque escolheu estes livros para aquela coleção. Além disso, recebemos marcadores dos livros que estão na caixa, marcadores do próprio clube e também, em alguns casos, de outros livros dos autores da caixa.

Os marcadores vem em qualidade alta, papel firme, tamanho grande e acabamento brilhante. Item de colecionador mesmo. Os cards que recebemos são relacionados aos livros, em papel firme também e com frases marcantes dessas histórias. Dá vontade de postar no Instagram, parece que foi feito pra isso mesmo!

Também recebemos um cupom de desconto (que eu acabo nem usando, porque o valor do frete faz o livro ficar mais caro que a Amazon).

Os brindes surpresa são o que dá o tom da experiência dessa caixinha. Além de todas as características que já comentei, recebemos dois ou três brindes surpresa, embalados em papel laminado que não nos deixa saber seu conteúdo. O principal destes itens é que estão relacionados ao livro inédito e contêm inclusive a indicação de página em que poderemos abri-lo. Assim, o brinde se torna parte da história e algo que sempre nos lembrará dela, mesmo depois de terminar a leitura.

Além disso, todos os brindes são úteis e são coisas que estou usando no meu dia a dia: chá, pingente, chaveiro, calendário, pote da gratidão e até mesmo um copo de café estilo Starbucks são exemplos de coisas que ganhei e que fazem parte do meu dia a dia.

Livros

Nas duas caixinhas a proposta é receber livros inéditos. A qualidade dos produtos também é muito boa, com livros em edições especiais e capa dura no caso da Box 95 e, no caso do Clube da Carina, de livros que chegam aos assinantes com três meses de antecedência do lançamento nacional. Em ambos os casos é uma excelente forma de conhecer autores e gêneros novos, ler temas que não estavam inicialmente na nossa lista e aprender com eles.

Conclusão

Eu cancelei a assinatura da Box 95. Por tudo o que disse aqui, apenas a qualidade dos livros não estava valendo a pena e a quebra da experiência acabou me decepcionando bastante. Eu cheguei a assinar os dois clubes de assinatura de livros ao mesmo tempo, e foi aí que a comparação ficou gritante, mesmo sendo propostas e públicos totalmente distintos. O que me fez manter uma e cancelar a outra foram estes aspectos que comentei aqui.

Embora o post tenha ficado um pouco longo, acho que foi necessário pra esclarecer bem o tema. Agora eu gostaria de saber de você, leitor, o que acha disso tudo? Participa de clubes de assinatura de livros? Acha que esqueci de algum ponto ou discorda de algo que falei? Deixe um comentário, vou adorar saber sua opinião.

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[Resenha] Desencantada – Carina Rissi

Título: Desencantada

Autor: Carina Rissi

Editora: Verus

Ano: 2018

Páginas: 476

Sinopse:

O quinto volume da série best-seller Perdida.

Valentina de Albuquerque descobriu muito cedo que não é nenhuma princesa encantada. Em vez de bailes e romance, tudo o que a jovem deseja é encontrar um jeito de viver com dignidade longe do pai e da madrasta, que tem como hobby fazer da vida dela um inferno. A oportunidade surge com uma proposta de casamento. Quase passando da idade de se casar, Valentina cogita aceitar. Seu coração não se alvoroça com o pretendente, mas ela não está à procura do amor. Seria um bom arranjo… se o capitão Leon Navas não cruzasse o seu caminho. O misterioso espanhol é mal-educado, irritante, atrevido — além de lindo —, e Valentina ficaria muito feliz se jamais voltasse a vê-lo. Mas o destino parece decidido a reuni-los, e, após um equívoco embaraçoso, ela está noiva de Leon, de quem pouco sabe, exceto que seu coração dispara toda vez que seus olhares se cruzam e que irritação não é o único sentimento que o capitão lhe desperta. Então Valentina sofre um terrível acidente. Assustada, porém disposta a provar que não foi um simples acaso, ela vai atrás do responsável. Entre suspeitas, disfarces, segredos e contratempos, a moça acaba sucumbindo à irresistível e devastadora paixão, sem se dar conta de que o perigo ainda está à espreita… Poderá uma garota nem um pouco encantada viver um conto de fadas e conseguir o seu final feliz?

O que eu achei de Desencantada?

Desencantada conta a história de Valentina, uma personagem que conhecemos desde o primeiro volume da série. Neste livro, contado a partir da perspectiva dela, conhecemos mais sobre a sua história e seus dramas familiares.

Valentina acabou se tornando uma moça com pretensões diferentes das de sua idade. Após o casamento do pai com Miranda ela precisou aprender a viver de forma muito diferente. A família havia perdido o patrimônio, ela não tinha mais um dote atraente e teve que se mudar da vila. Ela vê no casamento uma oportunidade de deixar a casa do pai para ter um pouco de paz. Ela até recebe uma proposta de casamento, mas isso não tem nada de romântico. Ainda assim, ela não aceita.

Porém, parece que o destino está determinado a colocá-la diante do amor. E aparentemente este chega personificado em Leon Navas, um capitão espanhol, lindo e irritante na mesma proporção. Após terem sido flagrados em uma situação constrangedora, são obrigados a se casar.

As coisas mudam quando ela sofre um acidente e é dada como morta. Porém, o tal acidente foi na verdade uma tentativa de homicídio. Como não tem muitas referências sobre seu algoz, ela precisa de mais informações. Para investigar, volta à cidade com uma nova identidade, para tentar descobrir o que lhe aconteceu.

Durante essa trajetória de medos e desconfianças, ela se aproxima mais e mais de Leon. Tantas reviravoltas nos deixam agoniados pela próxima página e, gostando ou não da história, é impossível largar antes do final. Realmente, li o livro de uma tacada só em um fim de semana.

A leitura tem as características marcantes da Carina. Livros longos que não nos incomodam, pois os personagens são envolventes, com diálogos ágeis. O texto é escrito de forma a nos colocar na pele dos personagens e quase prever suas falas e sentimentos, segundos antes de ler cada frase. É uma leitura que recomendo muito, apesar de algumas críticas, que não tem tanto a ver com a história em si.

Este é o quinto volume da série Perdida, da Carina Rissi. Embora seja parte de uma trama completa, não é impossível ser lido de forma independente. Os elementos necessários para compreender a história são todos explicados, ainda que de forma superficial, e não há problema com isso.

Perdida é um dos meus livros favoritos, que me apresentou aos romances de época e outros autores nacionais. Na época de seu lançamento, o estrondoso sucesso da premissa fez com que os leitores pedissem cada vez mais. E é aí que eu faço a minha crítica (e não só aos livros da Carina): as editoras querem ganhar dinheiro, é óbvio. Escrever, publicar e todas as atividades envolvidas na produção de um livro são trabalho e devem ser muito bem remuneradas por isso. Mas, com isso, algumas vezes, elas acabam dando passos não muito inteligentes ao explorar demais uma história ou um universo.

Perdida é um livro fantástico, com uma premissa ousada e que levou a Carina até pra fora do país. Quando eu a conheci, já havia até sido lançado o segundo volume, e eu achei que estava bom, que a história podia acabar. Já lemos outros livros dela e sabemos que criatividade é o que não falta naquela cabecinha. Mas na ocasião em que ela havia vindo à minha cidade para um evento, ficamos sabendo que a série seria composta de seis volumes. Fiquei com medo.

Não acho que a Carina perdeu a mão. Ela soube expandir o universo que havia criado de forma a que as coisas fizessem sentido e ficassem sem furos, temos as suas melhores qualidades em seu texto e também é possível perceber o quanto amadureceu enquanto escritora ao chegar em Desencantada.

Mas ainda que não tenha perdido a mão, acho que não precisava. Amo as histórias que ela escreve, mas confesso que gostaria de ler coisas diferentes com personagens diferentes. Quero me apaixonar do zero, por outros personagens. Amo os Clarke, Sofia e toda a essa turma que conheci, mas acho que já está na hora de mudar de ares.

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Peraí, cadê meus blogs? – sobre a inspiração

Um dia bateu a inspiração e a vontade de escrever e eu resolvi voltar a escrever aqui. Faz tempo. Já estou com alguns posts agendados (receita de sucesso pra não perder a periodicidade e aproveitar tempos em que a criatividade resolve aparecer! usa aí também), mas logo que pensei em voltar, fui dar aquela passeada pelos blogs que eu costumava ler um tempo atrás. Tomei um susto.

Aconteceu de tudo… blogs que eu tinha como referência de conteúdo, design, sucesso, pararam de produzir. Alguns até mesmo tiraram o site do ar. Outros continuaram existindo, mas mudaram tanto o conteúdo ou a abordagem, que não me identifiquei mais com eles.

Em um primeiro momento eu fiquei quase brava. Poxa, eu era leitora fiel daqueles textos, tinha tanta coisa em comum com elas (era BFF de várias, sem elas nem saberem disso, rs)… Como assim, elas simplesmente pararam de escrever???

Trinta segundos depois, eu olhei pro último post que tinha publicado e vi a data. As séries que interrompi, as resenhas que nunca mais postei. Pois é.

Depois de enfiar o rabinho no meio das pernas e me desculpar com todas elas mentalmente, entendi que enquanto eu tava vivendo e mudando offline, a mesma coisa estava acontecendo com as minhas blogueiras favoritas.

Eu criei esse blog depois de descobrir que não queria mais escrever só sobre livros e leituras. Queria um espaço onde coubessem reflexões sem nicho específico, onde eu pudesse falar sobre as minhas músicas favoritas e onde eu também pudesse falar de vez em quando sobre a minha fé.

Meu público que era focado só em literatura também mudou. Posso ter desapontado muita gente nessa transição, e também devo ter desapontado mais algumas quando fiquei meses e meses sem nem aparecer por aqui.

Mudei de casa, mudei de trabalho duas vezes, descobri aplicativos novos e ampliei gostos musicais. Voltei a sair mais, comecei a gostar de assistir séries e não sou a mesma de quando publiquei a primeira resenha lá em 2013 no Café com Livros.

Como é que eu vou exigir que as pessoas continuem publicando meus conteúdos do mesmo jeito, sem mudar nadica? Não posso né?

A coisa boa nisso tudo é que ao desconectar eu conheci gente que escreve, como eu. Fontes de inspiração no que dizem, em seus insights valiosos e em cada momento que não vira um post mas que me ajuda a olhar pra fora da areia movediça do bloqueio criativo e perceber TANTA coisa legal.

Também conheci gente que não escreve, mas que mexe com planta, que estuda, que corre. Gente que conhece tudo que é drink diferente e não dispensa uma roda de conversa com amigos.

Ao perder o que eu achava que era a minha fonte de inspiração eu ganhei uma coleção de fontes diferentes e me sinto muito mais rica. Continuo conhecendo blogs maravilhosos e que recomendo no meu blogroll, mas agora mais consciente de que essa lista vai acabar mudando mesmo, de tempos em tempos… como eu.

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[Dicas] Como desenvolver o hábito de ler

Às vezes as pessoas me perguntam como consigo ler tanto. E olha que nem sempre estou atingindo as metas de leitura que me coloco no começo de cada ano, mas ainda assim, como tenho o hábito de ler desde pequena, elas acabam me associando sempre aos livros e me pedindo sugestões sobre esse tema.

Conversando com alguns amigos esses dias, percebi que temos várias estratégias para ler mais. Acho até que já devo ter escrito alguma coisa sobre isso, mas não consegui achar o post nos arquivos. Então, vou “repetir” o tema (ou atualizar, rs).

Acontece que, sempre que pensamos em quem lê muito, normalmente olhamos a quantidade de livros que essa pessoa concluiu em um determinado período, ou no tempo que elas passam folheando páginas e mais páginas. Aí, pra quem não tem o hábito, fica mesmo complicado querer começar.

Sei que é assim porque tenho amigos que correm e eu, que nem faço caminhada, não consigo me animar muito ao ver suas fotos depois de completarem mais 5km, 10 km, meias maratonas. Mas, se serve de consolo, estou tentando mudar minha mentalidade quanto à corrida. Enquanto busco a minha motivação para calçar os tênis e ir pra rua dar voltas no parque, me deixa mostrar pra você que o hábito de ler também começa aos pouquinhos.

Comece a ler aos poucos:

Não adianta achar que vai ler toda a obra de Machado de Assis esse mês, se você não tem o hábito de ler nem uma matéria de revista. Ao invés de se colocar uma meta inalcançável, que tal começar com uma meta baixinha? É melhor ser consistente em uma atividade, ainda que gastando pouco tempo nela diariamente do que se esgotar em um dia e não voltar mais por meses. Vale pra academia e vale pra leitura também.

Que tal seguir aquela dica que estava rolando pelo Instagram afora uns meses atrás e começar a ler 15 páginas por dia? De acordo com as contas, isso pode significar de 1 a 3 livros por mês. Minha intenção não é pensar só nos números, mas sim te mostrar que com poucos minutos, você já vai ter resultados bastante expressivos.

Escolha ler temas que te interessem:

Não adianta achar que ler qualquer coisa vai te fazer desenvolver esse hábito. Na verdade, se você se forçar a ler algo que não gosta, pode até mesmo acabar detestando os livros, ao invés de aprender a gostar deles. Esse talvez seja o motivo por que tanta gente foge de bibliotecas. A famigerada lista de leitura do vestibular, com temas que na maioria das vezes não nos interessam, com prazo, provas e toda a pressão envolvida, acabam tirando todo o prazer e muitas vezes acabando de vez com qualquer tentativa de ler alguma coisa. Confesso que nem eu que sempre amei ler gostava de ler os livros da lista da Fuvest (e até hoje fujo de clássicos, porque me remetem a este período. Algo que eu preciso mudar um dia, e que é assunto pra outro post).

O fato é que se você se interessa por finanças pessoais, por que não ler um livro desse assunto? Nem sempre os mais vendidos da lista da Veja vão te chamar a atenção, e como diz uma pessoa que eu conheço, tá tudo bem! Pode ler seu romance aguado, ou os russos, ou auto-ajuda. Mas escolha algo pelo qual você se interesse e você não vai nem ver o tempo passar.

Separe um tempo para ler:

Sei que não temos tempo pra nada hoje em dia. Mas a verdade é que, se você não separar um tempo pra se dedicar à leitura, não vai ser tão simples criar esse hábito. Claro que há algumas outras estratégias de arranjar mais tempo pra ler – e eu já vou falar sobre elas – mas é muito importante criar uma rotina em torno da leitura, pra que seja algo consistente.

Por exemplo, se você tem um tempinho razoável pra tomar café da manhã antes de ir pro trabalho e normalmente faz isso sozinho, poderia começar o dia lendo umas páginas de algum livro. Bem melhor e mais saudável do que já começar o dia se enchendo de bobeiras, más notícias e “tretas” das redes sociais.

Aproveite pequenos blocos de tempo para ler:

Nosso dia-a-dia é bastante corrido, então eu entendo que a maioria de nós não tem tempo pra nada. Mas também já percebi que temos alguns blocos de tempo no nosso dia que são pequenos e acabam sendo desperdiçados. Sabe aqueles minutinhos preciosos que dizemos perder enquanto esperamos algo ou alguém? Podemos enchê-los com leitura e nos divertirmos ao invés de ficar resmungando que estamos com pressa.

Esses pequenos blocos de tempo podem ser encontrados em sala de espera de médico, filas de banco, enquanto você espera seu companheiro terminar de se arrumar pra vocês saírem etc. Outra boa opção é se vai e volta de ônibus pro trabalho. Eu levo cerca de quinze minutos em cada trecho e só nesse período já consegui ler muita coisa! Vale a pena tentar.

Tenha um livro sempre à mão:

Essa dica complementa a anterior. Pra conseguir aproveitar esses pequenos momentos de leitura, é essencial que o livro esteja com você, certo? Por isso, leve sempre um livro na bolsa ou ma mochila. Se quiser, pode até mesmo optar pelos digitais e ter sua biblioteca no celular ou no Kindle. Os e-books na Amazon normalmente tem preços acessíveis e o acesso a eles acaba sendo mais fácil, o que torna mais fácil desenvolver o hábito de ler.

Participe de um clube de leitura:

Você vai descobrir que tem muita gente com os mesmos gostos que você e também vai ampliar muito seus horizontes ao conhecer sobre os livros que os seus amigos tem lido. Além do fato de ser uma delícia conversar com outras pessoas sobre uma história que acabamos de ler, seja pra nos derretermos juntas, seja pra descer a lenha em algum personagem.

Essas são apenas algumas dicas. Você tem alguma estratégia que eu não indiquei aqui? Que tal me contar? Eu sempre gosto de descobrir formas de ler mais, vou adorar saber o que você tem pra me contar!

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[Resenha] Quando a Noite Cai – Carina Rissi

Título: Quando a Noite Cai

Autora: Carina Rissi

Editora: Verus

Ano: 2017

Páginas: 476

Sinopse: Briana Pinheiro sabe que não é a pessoa mais sortuda do mundo. Sempre que ela está por perto algo vai mal, especialmente no trabalho. Por isso é tão difícil manter um emprego. E a garota realmente precisa de grana, já que a pensão da família não anda nada bem. Mas esse não é o único motivo pelo qual Briana anda perdendo o sono. Quando a noite cai e o sono vem, ela é transportada para terras distantes: um mundo com espadas, castelos e um guerreiro irlandês que teima em lhe roubar os sonhos… e o coração. Depois de ser demitida — pela terceira vez no mês! —, Briana reúne coragem e esperanças e sai em busca de um novo trabalho. É quando Gael O’Connor cruza seu caminho. O irlandês de olhar misterioso e poucas palavras lhe oferece uma vaga em uma de suas empresas. Só tem um probleminha: seu novo chefe é exatamente igual ao guerreiro dos seus sonhos. Enquanto tenta manter a má sorte longe do escritório, Briana acaba por misturar realidade e fantasia e se apaixona pelo belo, irresistível e enigmático Gael. Em uma viagem à Irlanda, a paixão explode e, com ela, o mundo de Briana, pois a garota vai descobrir que seu conto de fadas está em risco — e que talvez nem mesmo o amor verdadeiro seja capaz de triunfar…

O que eu achei de Quando a noite cai?

Quando a noite cai é um romance da Carina Rissi, que eu comprei logo que foi lançado, em 2017, mas acabei lendo apenas este ano. Ele não faz parte de nenhuma série, por isso, como eu ainda tinha outras séries pra terminar e inclusive um volume da série Perdida, da própria autora, o livro foi ficando pra depois.

Embora a história envolva uma protagonista com seus vinte e poucos anos, nunca consegui me envolver com ela dessa forma. Acho que isso é culpa da capa, que me remete a uma criança e não a uma mulher. Além disso, a personalidade da protagonista é bem infantilizada, em relação a outras mocinhas que a Carina escreveu.

Talvez seja por isso que eu não tenha me animado muito com o livro desde o começo. E também deve ser por isso que esse livro nem fez tanto barulho na internet como os outros livros dela. Ainda assim, li o livro bem rápido. Aproveitei a onda de frio em um feriado prolongado e passei o dia com ele.

Quando a noite Cai conta a história de Briana Pinheiro, uma garota azarada e desastrada, que não consegue se manter em emprego algum. Ela é assombrada, todas as noites, por sonhos esquisitos, de um lugar e de uma época distantes, sempre com os mesmos personagens, entre eles o guerreiro Lorcan O’Connor.

Em um determinado momento, em mais uma tentativa desesperada de arrumar (e se manter) em um emprego para ajudar a mãe, já que a pensão da família anda de mal a pior, ela conhece Gael, um homem que é exatamente igual ao guerreiro que a visita todas as noites. E é pra ele que ela vai trabalhar, como assistente pessoal.

E aí, é claro que ela vai misturar tudo, vai acabar se apaixonando por Gael e a sua vida, que já era complicada, vai ganhar ainda mais elementos de confusão.

Gael é um homem muito rico, que conhece Briana ao quase atropelar a garota, num dos piores dias da vida dela. Quando eles passam a trabalhar juntos e, aos poucos, vão se aproximando cada vez mais, até se tornarem amigos, ele parece ir baixando a guarda e mostrando um lado de si que até então nem Lorenzo, seu amigo mais próximo, conhece.

Ele também se sente irresistivelmente atraído por Briana e, com o tempo e uma viagem à Irlanda para tratar de negócios misteriosos, não vai mais conseguir esconder o que sente.

Mesmo depois de se envolverem, Briana não consegue transpor certos limites que ele impõe. Há algo de misterioso envolvendo Gael que ela não consegue fazê-lo compartilhar, por mais que ele se mostre à vontade perto dela. Briana, é claro, não vai conseguir sossegar enquanto não descobrir o que diabos ele esconde.

A história mistura elementos do Brasil e da Irlanda, na era atual e em séculos passados, onde os sonhos de Briana acontecem. Carina sabe amarrar as pontas das duas histórias para que nada se perca no final e para que a nossa experiência seja a melhor possível.

Neste livro, temos as principais características da escrita dela, amadurecidas: personagens reais, perfeitamente imperfeitos, envolvidos em dilemas que poderiam afetar qualquer um de nós, na medida do possível, já que essa, diferente da maioria das obras dela, tem muitos elementos fantásticos e lendas.

Por falar em lendas, a caracterização das lendas antigas da Irlanda, o idioma gaélico, as descrições de ambiente, também são muito bem feitas. A trama da história é complexa e a Carina a desenvolve com detalhes. Talvez esse seja um ponto onde, por querer acertar demais, ela tenha deixado o livro se estender demais. No final, apesar de estar gostando muito, eu já queria que a história acabasse logo.

É uma boa leitura. Não é o melhor da Carina, mas diverte e passamos o tempo de uma forma bem gostosa. A escrita dela é feita pra nos envolver desde os diálogos até às descrições, então é fácil devorar metade do livro em pouquíssimas horas. E se você tem um quê pela Irlanda ou gosta de fantasia, esse livro é pra você!

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[Reflexão] Por que ler romances de época?

Não é segredo pra ninguém que eu amo romances de época. Comecei a ler esse gênero por Julia Quinn, como muitos leitores e, embora ainda não tenha conhecido tantas obras assim, já me apaixonei pelas histórias de duques e condes e aquele universo cheio de bailes e vestidos maravilhosos.

Também já sofri um bocado por não esconder minhas preferências literárias de ninguém. Sempre tem aquele amigo mais esnobe que acha que se você não está lendo um clássico não é bom leitor o suficiente, e tem o que simplesmente critica porque você não lê o mesmo que ele.

Como eu não me importo com o que as pessoas acham dos meus hábitos literários, nem tenho vergonha de admitir que adoro um romance e um final clichê, continuo aqui defendendo os romances, e agora também os de época, com unhas e dentes!

Sempre que digo que gosto de ler esses romances de época, acabam me perguntando porque eu leio esses livros, o que eu acho deles, o que eles tem de tão bom assim. Já que falo tanto sobre isso, porque não escrever também?

Já tinha pensado em escrever alguma coisa sobre romances aqui, mas ainda estava só no planejamento, quando ouvi o podcast da Arqueiro sobre Romances de Época e percebi que tinha chegado a hora de tirar o post do rascunho! Alguma coisa que vou escrever aqui eu aprendi nesse episódio do podcast. Mas não vou só replicar o que as meninas falaram, vou colocar as minhas impressões também.

Onde tudo isso começou

Os romances de época começaram a fazer sucesso nas editoras não faz muito tempo. Antes esse tipo de literatura era encontrada em banca de jornal (os famosos romances de banca, com aquelas capas apelativas). A maioria deles vinha pra cá pela Harlequin se não me engano. Até hoje esses livros podem ser encontrados em sebos e alguns estão sendo resgatados da banca para serem reeditados por editoras.

Como as meninas falaram no podcast, o interesse das editoras foi despertado quando elas perceberam que havia público pra esse gênero por aqui. Quando os livros começaram a ser publicados, já haviam grupos de leitores no orkut, Facebook etc., que quando não encontravam o livro por aqui, compravam no exterior mas não ficavam sem suas histórias.

O preconceito com esse tipo de literatura vem daí. As capas com homens sem camisa apelavam para as românticas irrecuperáveis, as donas de casa que encontravam em histórias leves e melosas, o descanso de seu dia a dia pesado. Com a descoberta do grande potencial dessas histórias, as editoras tem dado uma nova roupagem a esses livros, especialmente a partir das capas. A própria editora arqueiro trouxe um desfile de vestidos maravilhosos nas capas dos livros de época que tem publicado. A intenção é mudar o foco do apelo sexual destas histórias para o ambiente ou a época em que as tramas se desenrolam.

A maioria das histórias escritas no exterior acaba retratando o período regencial (quem souber história pode dizer um pouco mais sobre esse período), um curto espaço de tempo da história da Inglaterra, em que a própria nobreza estimulava a realização de festas, fomentava a literatura e a arte. Por isso, esta época acaba sendo a queridinha das autoras.

Porque uns amam e outros detestam?

Uma das maiores críticas a estes livros são os finais felizes e os romances clichês. Mas acredito que aqui autores e leitores concordam. Quem busca esse tipo de leitura, embora se torne cada vez mais crítico e exigente, até mesmo dentro do próprio gênero de romances de época, quer mesmo é se divertir um pouco. Ao escolher um romance de época, buscamos uma realidade tão diferente da nossa, que até mesmo um final feliz daqueles bem melosinhos mesmo, é maravilhoso.

Uma característica importante destas histórias é que normalmente não são escritas para serem livros únicos. Ao invés de retratarem apenas a história de um casal, estas obras trazem muito conteúdo relacionado aos personagens secundários. A riqueza de detalhes não fica apenas no figurino ou nos ambientes e jogos de chá que de tão maravilhosos, quase podemos ver e tocar enquanto lemos. Os relacionamentos de amizade e os vínculos familiares são muito bem descritos. Tanto que é difícil abandonar aquelas pessoas depois da última página. Assim, as histórias são escritas em séries, que retratam famílias inteiras, ou gerações dessas famílias, e suas relações entre si e com outras pessoas.

Tanto é assim que na série Os Bridgertons, que foi a primeira que li da Julia Quinn, a personagem que era inicialmente secundária, Violet – a matriarca – tornou-se tão forte que era essencial em todos os livros da série, além de ganhar um conto especial sobre ela no último volume e, além disso, garantiu para a família uma nova série, sobre as gerações anteriores dos Bridgertons.

Uma pitada de fantasia

Normalmente as personagens destes livros não tem a menor preocupação com dinheiro, pois são membros da nobreza e o tem de sobra. Estão em uma época tão distante de nós que os figurinos, os costumes, as regras sociais e as prioridades são tão diferentes que nos deixamos levar pela pura fantasia e conseguimos até mesmo ouvir a música dos bailes e corar ao mais inocente toque de um cavalheiro.

Esse é o tipo de história que nos faz suspirar, que dá uma certa esperança de que ainda possa existir romantismo, cordialidade, elegância. Nestas obras, o amor e o desejo são expressos de formas tão sutis, que nos ajudam a lembrar que a construção de um relacionamento e o fortalecimento de uma paixão moram nos detalhes e que isso pode sim ser cultivado nos dias de hoje. Basta que olhemos com delicadeza para o que temos à nossa volta, os olhares furtivos, os meios-sorrisos, um bilhete ou um botão de rosa.

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[Resenha] O Racionalista Romântico – John Piper e David Mathis

Título: O Racionalista Romântico – Deus, Vida e Imaginação na Obra de C. S. Lewis

Autor: John Piper e David Mathis (organizadores)

Editora: Monergismo

Ano: 2017

Páginas: 224

Sinopse

C. S. Lewis foi um dos cristãos mais influentes do século XX. Seu compromisso com a vida da mente e a vida do coração é evidente em clássicos como «As Crônicas de Nárnia» e «Cristianismo Puro e Simples» – livros que ilustram a conexão inquebrantável entre pensamento rigoroso e emoção profunda. 

Com contribuições de Randy Alcorn, John Piper, Philip Ryken, Kevin Vanhoozer, David Mathis e Douglas Wilson, este volume explora a vida, o trabalho e o legado de C. S. Lewis, enquanto destila-se a prazerosa verdade que estava no cerne do pensamento de Lewis: apenas Deus é a resposta para nossos anseios mais profundos e a fonte de nossa alegria sem fim.

O que eu achei de O Racionalista Romântico?

Comprei este livro em uma super promoção que a Editora Monergismo fez, um tempo atrás, mas como acontece com vários livros meus, este também acabou esperando bastante até que eu o pegasse pra ler. Resolvi lê-lo este ano, tanto porque estou planejando ler mais obras de C. S. Lewis quanto por ainda haver muito sobre ele que eu gostaria de aprender.

A leitura foi relativamente rápida. Tenho mantido uma rotina de leitura diária, o que me faz ler mais rápido, é verdade. Mas esse livro, além de curtinho, é uma compilação de diversos artigos, por vários autores diferentes. Isso torna a leitura ágil e muito proveitosa, pois podemos ler um artigo por dia e, assim, finalizar o pensamento daquele autor, antes de passar para o próximo.

A leitura de O Racionalista Romântico me fez ter mais vontade ainda de ler mais livros escritos por C. S. Lewis, pois os autores, conforme a premissa estabelecida no título, discorrem sobre o que ele pensava a respeito de cada tema abordado, sempre lançando mão de trechos de seus livros ou artigos. As menções a Nárnia me deixaram com vontade de reler as crônicas, que sempre me emocionam. Recomendo muito a leitura. Em seguida, deixo um pouco do que aprendi com ela.

Em O Racionalista Romântico, os autores nem sempre concordam com o posicionamento de Lewis, mas ainda assim, sua importância para o cristianismo e a literatura é celebrada a cada página. Aliás, a forma que Lewis utilizava para comunicar as verdades bíblicas é o ponto em comum de todos os artigos.

Neste livro, aprendemos que Lewis usou a imaginação para criar mundos, para desenvolver comparações que tornassem mais simples a apreensão das verdades bíblicas que queria transmitir. Ainda que tivesse posições pouco ortodoxas a respeito das Escrituras, sempre ressaltou sua importância em suas obras. Ele trabalhava habilmente com as palavras, escolhendo-as com cuidado para que cada aspecto de seu texto pudesse expressar aquilo que ele cria. A partir da comparação feita pela fantasia criada por Lewis, podemos aprender sobre a realidade de quem Deus é. Para ele, a imaginação é uma excelente maneira de aprender sobre a realidade.

Também aprendemos que Lewis também demonstrava, por meio do que escrevia, que a vida aqui nesta terra era apenas uma sombra, um antegosto do que ainda está por vir, quando vivermos finalmente com Deus. E ele deixava claro crer em um aspecto material desta vida futura, tanto do nosso corpo quanto da terra. Para ele, a nova criação implica em uma vida física, plena, livre do pecado, mas com tudo aquilo que Deus havia planejado desde o início para a humanidade. Ao mesmo tempo que devemos ansiar por essa vida futura, também é possível, por meio de um relacionamento com Deus, desenvolvermos um relacionamento correto com as coisas desta terra, desfrutando do que Deus nos oferece já agora, enquanto esperamos pela consumação de tudo.

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A way with words

A minha lembrança mais antiga é de um brinquedo bem simples: um saco de letrinhas de plástico, que eu ganhei na infância, e com as quais eu amava brincar. Lembro de passar horas montando palavrinhas, separando por cores, colocando em ordem e tudo o mais que se pode fazer com um brinquedo desse tipo.

Na verdade eu não lembrava desse brinquedo, até parar pra pensar sobre a pergunta do início do post. Veio aquela sensação boa, de nostalgia, quando lembrei das minhas letrinhas. Nem sei onde foram parar, pra quem minha mãe as deu quando eu cresci e comecei a brincar com as letrinhas no papel.

Foi aí que percebi que, não só a minha primeira lembrança é relacionada às letras, mas de certa forma, toda a minha trajetória na vida. Aprendi a ler e a escrever muito cedo e sempre gostei disso. Vivia perto de livros, em frente a estantes, perdida na seção de cadernos dos mercados e papelarias. Até hoje é assim.

As palavras são meu lazer, seja escrevendo um post pra cá ou lendo algum livro. Também são meu trabalho, na tradução. Estou sempre lendo alguma coisa, falando sobre o que eu li e escrevendo sobre isso. Nas férias, além de algumas outras coisinhas, voltei pra casa com cadernos e livros.

Não sei se é assim com todo mundo, mas no meu caso, percebi que não tinha mesmo como fugir desta minha trajetória. Se sempre gostei de ler e de escrever, nada mais normal do que trabalhar com texto o dia todo, e nada mais gostoso do que descansar colocando a mente em ordem em um diário, um post, ou me identificando com a mocinha de algum romance.

Não importa as voltas que o mundo deu, antes deste momento. O que começou com as letrinhas, voltou a elas, anos depois. Acho que tudo que acontece tem uma razão, que nem sempre a gente entende, mas o que é nosso, mesmo que afastado por um tempo, acaba dando um jeito de voltar. Com você também é assim?

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Conhece-te a ti mesmo

Nas últimas semanas eu tenho me preocupado bastante em entender mais sobre mim, olhar para os sinais que o meu corpo dá e respeitar meu tempo, meus limites e as minhas vontades. Tudo começou com a vontade de mudar um aspecto da minha vida. Mas, no fim, descobri outras demandas bem mais urgentes e que precisavam da minha atenção.

É mais ou menos como começar a arrumar uma gaveta e terminar faxinando o armário inteiro. Ou tentar desfazer o nó de um novelo e descobrir que o emaranhado é bem mais complexo do que a gente pensava.

Quando eu comecei a olhar pra dentro de mim, achando que o “problema” estava em um lugar, fui seguindo o fio e descobri várias outras áreas da minha vida que precisavam de atenção. Talvez até mais do que a que me incomodou a ponto de buscar autoconhecimento.

E essa é uma das coisas que eu tenho mais curtido nessa história toda. No começo, claro, eu me incomodei. Doeu olhar pra coisas que eu achava que estavam resolvidas, mas a partir do momento que eu consegui finalmente ficar em paz com estes aspectos, esses espinhos pararam de me cutucar. E aí era hora de me voltar pra outra questão.

Se você acha que vai chegar em um dia e dizer que pronto, acabou, já está resolvida, desconstruída, com todas as feridas curadas etc., sinto informar, mas a gente se cura e se machuca ao longo da vida e o aprendizado sobre si continua sendo necessário até o fim. Quando você estiver dominando um tema, virá outro pra te desafiar e isso é um barato.

É impossível olhar intencionalmente pra si mesmo, perceber alguma falha e não trabalhar pra mudar. Se você está buscando se conhecer e se desenvolver como ser humano, vai se deparar com você mesmo e vai saber exatamente onde deve trabalhar (e pra isso você pode precisar de alguma ajuda profissional ou às vezes até consegue sozinho. Muita ficha minha caiu sem precisar nem falar com ninguém).

O que você aprendeu sobre si mesmo nos últimos meses?

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Leituras que Abandonei

Sempre digo que um livro merece ser lido até o fim, pois pode ser que a coisa mude. E sou obstinada demais pra simplesmente desistir e pular de livro em livro. Pois bem. Como eu sempre falo, cuspir pra cima é um convite inevitável.

Esse mês eu desisti de duas leituras. Não posso dizer que são livros ruins. Tem muita gente que amou, tem resenhas positivas e negativas, até aí tudo normal. Mas, depois de uma crise de laringite, uma crise de ansiedade, transição de carreira, planejamento de viagem… cheguei em um ponto onde eu não tive muita escolha.

Explico.

Com todo esse cansaço, eu não estava conseguindo me concentrar em praticamente nada. Quando finalmente consegui ler alguma coisa, foi um livro maravilhoso. Li, ri, chorei, conversei com outros leitores sobre ele, e tudo o que eu tinha direito.

Mas desde então, não consegui ler nada. Das duas tentativas, foram duas desistências. E nem posso dizer que eram livros ruins, porque não eram. Mas sabe quando você simplesmente não consegue se apegar, ou ter alguma vontade de voltar ao livro no dia seguinte? Eu estava assim.

Tinha vontade de fazer tudo: assistir Netflix, jogar Choices, fazer hidratação no cabelo, arrumar a casa… menos ler.

Fiquei uns dois dias sofrendo, mas depois de pensar muito, eu resolvi me concentrar no que eu estava fazendo e tomei algumas decisões.

Primeiro, decidi respeitar as minhas vontades e se não era o momento de ler, ok, eu ia fazer outra coisa. Assisti séries, filmes, redescobri as comédias românticas na Netflix e estou muito bem, obrigada.

Depois de um tempo eu estava com vontade de ler, mas não aqueles livros. Então eu não ia ler. Tinha feito uma escolha errada ao pegá-los na estante e me sentia obrigada a arcar com elas até a última página. Mas estava naquele dilema, como se o livro que eu não queria ler estivesse me culpando por pensar em fechá-lo e ir atrás de algo mais adequado.

Aí me lembrei de que:

  • não tenho parcerias com editoras no momento: então não preciso ler com prazo determinado e nem ter a obrigação de seguir um cronograma de leituras, resenhas, posts etc.
  • não estou lendo pra faculdade, então não preciso fazer uma prova sobre a leitura, ou lembrar de escrever a opinião do professor no lugar na minha.
  • Eu não vou jogar os livros fora, só devolver pra estante e pegar de novo quando der vontade.

Mas especialmente:

  • Eu estou de férias, comemorando uma super conquista profissional e quero/preciso/vou me agraciar com as leituras que me fazem bem e me encher de amor e me preencher de sonhos enquanto eu puder.
  • Ninguém paga as minhas contas e se eu quiser ler todos os romances de uma vez, antes de todos os thrillers, todos os policiais, todos os suspenses, todos os livros de teologia, tatu do bem!!

Diante disso, guardei os tais livros e agora estou aqui, prestes a voltar para a estante. E já sei exatamente qual deles eu vou pegar.

Pode ser que role uma resenha. Mas também pode ser que eu só fale um pouco sobre ele no podcast ou no instagram. Ou pode ser que eu só recomende pras minhas amigas. O que quer que eu tenha vontade de fazer. E vamos lá ser livres, certo?