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[Resenha] A Lua de Mel – Sophie Kinsella

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Título: A Lua de Mel

Autora: Sophie Kinsella

Editora: Record

Ano: 2013

Páginas: 496

Ao se dar conta de que o namorado nunca vai pedir sua mão em casamento, Lottie toma uma decisão. Termina o compromisso com ele e diz o tão sonhado sim a Ben, uma antiga paixão, com quem ela havia prometido se casar se ambos ainda estivessem solteiros aos 30 anos. Os dois então resolvem pular o namoro e ir direto para uma cerimônia simples e seguir para a lua de mel em Ikonos, a ilha grega onde eles se conheceram. Mas Fliss, a irmã mais velha da noiva, acha que Lottie enlouqueceu. Já Lorcan, que trabalha na empresa de Ben, teme que o casamento destrua a carreira do amigo. Fliss e Lorcan então elaboram um plano para sabotar a noite de núpcias do casal e impedir que os noivos cometam o maior erro de suas vidas.

O que eu achei de A Lua de Mel?

A Lua de Mel conta a história de Lottie, uma mulher que está doida para casar. Apaixonada por Richard, seu namorado, ela não vê a hora de ser pedida em casamento. Tanto que, um belo dia ela acredita que isso irá acontecer – finalmente! – e se produz toda, compra um anel de noivado para ele e deixa na bolsa, apenas aguardando o momento certo. Porém, o momento não chega, ele não a pede em casamento e Lottie, ao perceber que ele não tem nem mesmo a intenção de fazer isso, termina o namoro e cai em um círculo vicioso já bastante conhecido por sua irmã.

Fliss, a irmã de Lottie, tem um filho de sete anos e está em um complicado processo de divórcio contra Daniel. Ela passa seus dias anotando todas as ações e reações dele em um dossiê que mantém em um pendrive, pronta a entregar tudo para o seu advogado, a fim de desmoralizar Daniel e ganhar a disputa judicial. Seu filho, para piorar ainda mais as coisas, tem a mania de inventar para as pessoas histórias cabeludas sobre ele e sua família, tudo com a finalidade de chamar a atenção para si.

Porém, Fliss descobre que Lottie reencontrou seu ex-namorado da adolescência e que, de uma hora para outra, eles vão se casar. Fliss será a madrinha e Lorcan, o melhor amigo de Ben, será o padrinho.

Como a irmã super protetora que é, Fliss acha melhor tentar convencer a irmã de que esse não é o melhor jeito de dar um rumo diferente para sua vida. Para isso ela procurará todos os meios que entender necessários, inclusive aliar-se ao tal Lorcan, um advogado sério e obstinado, mas muito sexy, que acredita que Ben está colocando a carreira em risco ao insistir nesse casamento tão inesperado.

Ben, o ex-namorado que voltou do nada, diz sempre ter sido apaixonado por ela e que, depois de tantos anos, descobriu que era com Lottie que ele deveria ter ficado, desde o começo. Ele está determinado a se casar com Lottie, a despeito da opinião do seu amigo e, então, acaba a convencendo a se casar imediatamente, sem os padrinhos, sem festa, sem nada.

Fliss, então, é surpreendida quando Lottie chega com a novidade de que já se casou e que está indo passar a lua de mel em Ikonos, uma ilha grega, cenário do caso de amor que ela e Ben tiveram, quinze anos atrás. Já que não conseguiu evitar o casamento, Fliss agora parte em busca de todas as maneiras possíveis para evitar que a irmã consume o seu casamento com Ben, pois quer fazer a irmã entender que esse casamento é a maior furada da sua vida e, então, pedir a anulação do casamento.

Nessa empreitada ela se utiliza dos meios mais bizarros para manter o casal afastado, o que confere um tom bastante divertido ao livro, ainda que por alguns momentos, fiquemos com pena de Lottie e Ben. Lottie está feliz da vida por ter finalmente conseguido realizar o sonho de se casar, mesmo que esse casamento não tenha sido exatamente do jeito que ela sempre sonhou. Como o combinado foi que eles não fariam sexo até a lua de mel, ela não vê a hora de finalmente consumar o casamento e não consegue entender que azar é esse o deles, já que nada parece estar dando certo na lua de mel.

Ben parece que ficou estacionado no tempo, sempre lembrando e tentando reconstituir os momentos que eles viveram no passado na ilha. Mesmo tantos anos depois ele ainda quer viver uma vida sem planejamentos e sem programação definida e, muitas vezes, aquilo que ele sonha para ele não tem nada a ver com o que Lottie planeja. Ele também a deixa confusa com alguns comentários e lembranças de coisas sobre as quais ela não parece recordar. Mas ela está apaixonada, feliz por estar casada e louca para finalmente consumar o casamento com aquele homem tão sexy, que acredita que suas lembranças devem ter se perdido no meio de tantas coisas que aconteceram nesses quinze anos.

O livro A Lua de Mel tem, na verdade, as duas irmãs como protagonistas, de histórias aparentemente distantes e que, a partir de um determinado ponto, se entrelaçam para formar uma só.Para mim, a que mais chama a atenção é Fliss, seja pelas suas atitudes impensadas, apenas com a finalidade de salvar a irmã e mostrar que estava enganada com relação ao seu casamento, seja pela forma com que, sendo avessa a casamento, depois de tudo que passou com Daniel, ela é pega de surpresa pelo sex appeal mal-humorado de Lorcan.

O casal Lottie e Ben perde muito espaço em A Lua de Mel, quando comparados ao núcleo encabeçado por Fliss, já que eles se tornam alvo de todo o plano mirabolante dela. O leitor fica ansioso por saber o que é que Fliss vai fazer em seguida e se vai conseguir concretizar o seu plano. Além do que, mesmo com todo o cuidado para salvar a irmã, ela põe a si própria em tantas enrascadas que são de morrer de rir.

A Lua de Mel representou para mim uma melhora na impressão que eu tinha sobre a Sophie Kinsella. Li um outro livro dela de que não gostei, então eu havia resistido bastante, mas posso dizer que valeu a pena.

Mesmo com seu estilo descompromissado, a trama de A Lua de Mel pode nos levar a refletir sobre nossas escolhas, o que nos motiva a cada uma delas e os rumos que a vida pode tomar, dependendo do que decidirmos fazer.

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[Resenha] Quem é você, Alasca? – John Green

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Título: Quem é você, Alasca?
Autor: John Green
Editora: Martins Fontes
Ano: 2010
Páginas: 240
Miles Halter é um adolescente fissurado por célebres últimas palavras que, cansado de sua vidinha pacata e sem graça em casa, vai estudar num colégio interno à procura daquilo que o poeta François Rabelais, quando estava à beira da morte, chamou de o “Grande Talvez”. Muita coisa o aguarda em Culver Creek, inclusive Alasca Young, uma garota inteligente, espirituosa, problemática e extremamente sensual, que o levará para o seu labirinto e o catapultará em direção ao “Grande Talvez”.

O que eu achei de Quem É Você, Alasca?

Este é um tipo de livro que se você olhar só a capa e o título não vai pensar em ler. É aquela leitura que, não fosse por seu autor, ficaria escondida no fim da lista de livros a serem lidos, candidata a nunca se tornar um livro lido na sua meta de leitura do Skoob.

Porém, como eu já havia lido o Teorema Katherine e A Culpa é das Estrelas, e me tornei a típica leitora do John Green, que leria até a lista de supermercado dele, como muitos dizem por aí, ler Quem é você, Alasca? não seguiu esse processo. Quando vi que o livro era dele, já coloquei imediatamente na minha lista de leitura e, claro, ele passou na frente de muitos outros que eu tinha – e tenho – que ler.

O livro conta a história de Miles Halter, o Gordo, que vai estudar em um colégio interno, em busca de uma vida diferente do marasmo que vivia em sua cidade. Até então, Miles era solitário. Sem namorada, sem amigos, era fascinado pelas últimas palavras das pessoas antes de morrer. Ao se deparar com as últimas palavras de François Rabelais, “Saio em busca de um grande talvez”, ele toma a decisão de dar um rumo completamente diferente para a sua vida. Sua intenção é descobrir o grande talvez ainda em vida, o que o leva ao colégio onde parte de sua família havia estudado, ainda que seus pais tenham deixado bem claro para ele que isso não seria necessário.

Chegando ao colégio, ele se aproxima de Chip Martin, o Coronel, com quem dividirá o quarto. O Coronel, que estuda ali mantido por uma bolsa de estudos, tem uma memória incrível e aversão aos Guerreiros de Dia de Semana, os garotos ricos que voltam para as casas dos pais nos finais de semana.É o Coronel que apresenta Miles aos seus amigos, o japonês Takuma e Alasca, a garota misteriosa, de olhos verdes, geniosa e impulsiva. Alasca é linda e por estar envolvida em uma certa atmosfera de mistério, todos acabam se apaixonando por ela. Mas ela tem um namorado, que estuda em outra cidade e toca em uma banda. Alasca e Miles tem em comum o amor pela literatura.

Através dessa característica deles, somos levados juntamente com os personagens de Quem é você, Alasca?, a questionar o mesmo que Simón Bolívar em suas últimas palavras “Como sairei deste labirinto?” A partir desta citação Miles e seus amigos fazem diversas reflexões.O leitor é levado a refletir muito sobre o que nos faz ser quem somos, chegando à conclusão de que são nossas experiências de vida, nossas cabeçadas e acertos e até mesmo os relacionamentos que travamos com as pessoas com quem convivemos. Tudo isso vai montando o grande quebra-cabeça que é nossa existência, tão complexa para ser compreendida por nós mesmos. Esse grande emaranhado de características é que forma e justifica quem nós somos. Cada um tem motivos fortes o suficiente para ser como é, inclusive Alasca em todo seu enigma.

Quem é você, Alasca? me encantou por ser uma obra que traz, dentro de um relacionamento cotidiano de um garoto e seus amigos, as reflexões que todos acabamos fazendo, um dia ou outro. Quem somos nós? Quem é o outro? Achei interessante a forma como cada mistério no livro é questionado, ainda que não seja explicitamente solucionado, pois muito mais importante do que a resposta ou a conclusão a que chegamos, é o caminho que tomamos para buscar cada uma das nossas respostas.

O labirinto de Alasca e o grande talvez de Miles, para mim, são apenas a cenourinha na frente do cavalo. Algo que deve nos motivar a estar sempre caminhando para a frente, mas não necessariamente sendo considerado um fim em si mesmo. Amei Quem é você, Alasca?, como todo livro do John Green e recomendo para todos aqueles que, muito mais do que uma história cheia de elementos altamente emotivos ou surpreendentes, esteja a fim de refletir sobre a vida.

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[Resenha] Perdão Leonard Peacock – Matthew Quick

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Hoje é o aniversário de Leonard Peacock. Também é o dia em que ele saiu de casa com uma arma na mochila. Porque é hoje que ele vai matar o ex-melhor amigo e depois se suicidar com a P-38 que foi do avô, a pistola do Reich. Mas antes ele quer encontrar e se despedir das quatro pessoas mais importantes de sua vida: Walt, o vizinho obcecado por filmes de Humphrey Bogart; Baback, que estuda na mesma escola que ele e é um virtuose do violino; Lauren, a garota cristã de quem ele gosta, e Herr Silverman, o professor que está agora ensinando à turma sobre o Holocausto. Encontro após encontro, conversando com cada uma dessas pessoas, o jovem ao poucos revela seus segredos, mas o relógio não para: até o fim do dia Leonard estará morto.

O que eu achei de Perdão, Leonard Peacock?

Perdão, Leonard Peacock é o novo livro de Matthew Quick. Narra a história de Leonard, um garoto que, no dia de seu aniversário, decide matar seu ex-amigo, Asher Beal e depois se matar, para finalmente chegar ao super nada. Para fazer isso, ele quer terminar sua última missão que é entregar presentes e se despedir das quatro pessoas mais importantes da sua vida. A história do livro começa quando Leonard está tomando seu café da manhã e prossegue conforme ele se encontra com cada um dos seus amigos, e vai entregando cada presente.

Leonard é um garoto cabeludo, com um estilo meio largadão e que vive bastante solitário. Ele parece bastante depressivo e, apesar de ser muito inteligente e dono de um raciocínio perspicaz, acaba sendo absolutamente mal compreendido. Aparentemente, ele chegou em um ponto em que desistiu de se explicar, então, quando inevitavelmente, alguém o destrata ou o isola por algo que ele disse ou fez, ele simplesmente continua em silêncio e deixa pra lá.

Foram todos esses anos de abandono – pelo pai, que desapareceu depois de ter sido pego pela polícia enquanto fugia do país em razão das dívidas que acumulava com o governo americano e pela mãe, uma estilista que foi para Nova York enquanto ele ficava em South Jersey – que fizeram com que Leonard não pensasse em ter um futuro e não alimentasse mais esperanças. Ele vai matar Asher Beal e vai se matar.

Os momentos em que ele passa com cada um dos quatro amigos é bastante revelador. Conforme ele conversa com cada um, tenta, por meio do seu discurso, dar pistas do que irá fazer ao final do dia, mas aparentemente, não consegue transmitir sua mensagem. Isto porque, segundo o que ele acredita, as pessoas estão mais preocupadas em rotular e classificar os outros. Ele não consegue perceber uma preocupação real com relação aos desejos e necessidades das pessoas, mas entende que as pessoas simplesmente estão programadas para dar certas respostas, sem raciocinar.

Como a pessoa crítica que é, ele gostaria que os outros parassem pra pensar no que estão falando e demonstrassem uma real inclinação a compreender aquele com quem conversam. O relacionamento dele com Lauren, na minha opinião, é um dos mais marcantes. Ela é cristã e tenta a todo momento levá-lo para Cristo. Ela entende que o cristianismo é a resposta mais adequada para os problemas do mundo e das pessoas e desde o primeiro momento em que conversa com Leonard, tenta incutir nele essa mensagem. Ainda que esta seja a minha forma de ver o mundo, a caracterização de Lauren pelo autor reflete, na minha opinião, a exata impressão que os cristãos tem passado ao mundo: pessoas sem raciocínio lógico, sem capacidade de argumentação e meras máquinas que decoram uma verdade como certa e começam a repeti-la por aí, como papagaios e, quando um questionamento é mais profundo do que o conhecimento que eles tem, ou foge do script decorado, eles se fecham em seu mundinho e desistem de argumentar e abrem mão da possibilidade de adquirir ainda mais conhecimento e amadurecimento. Lauren é, como os cristãos, cheia de boas intenções, mas sem nenhum preparo para lidar com alguém que pensa diferente dela e crê em coisas opostas. Ela não está, como a maioria dos cristãos, preparada para um debate saudável em que ambos os lados apresentam seus argumentos e não tem maturidade para aceitar que precisa estudar mais isso ou aquilo, ou que sua argumentação pode estar furada em algum ponto.

O relacionamento entre Leonard e Lauren me chamou muita atenção por causa disso. Como cristã, Lauren poderia ter significado um auxílio e um suporte a Leonard, no momento em que ele mais precisou, mas ela não teve capacidade de entender os sinais que ele mandava nem agir com um pouco mais de misericórdia e olhos de amor, que o poderiam ter salvo dele mesmo. Essa parte do livro nos faz questionar nosso posicionamento como pessoas. Independente da religião que você professa, se ela não faz de você uma pessoa melhor nem permite que você leve aos outros uma mensagem de paz e luz, que é o que o nosso mundo mais precisa hoje em dia, alguma coisa está muito errada.

O papel de Leonard na história é nos mostrar que existem pessoas que querem ser vistas, que precisam de consolo e atenção, mas não são fortes o suficiente para demonstrar isso claramente e depende de nós, aqueles que estão em volta, que convivem de perto, perceber que é necessário estender a mão. Ler os sinais e as entrelinhas. E se não for possível dizer isso claramente, simplesmente fazer uma oração, dar um abraço, oferecer um sorriso sincero.

O mundo precisa de mais amor. Por favor.

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[Resenha] Procura-se um Marido – Carina Rissi

Procura-se um Marido
Título: Procura-se um Marido
Autora: Carina Rissi
Editora: Verus
Ano: 2012
Páginas: 476
Alicia sabe curtir a vida. Já viajou o mundo, é inconsequente, adora uma balada e é louca pelo avô, um rico empresário, dono de um patrimônio incalculável e sua única família. Após a morte do avô, ela vê sua vida ruir com a abertura do testamento. Vô Narciso a excluiu da herança, alegando que a neta não tem maturidade suficiente para assumir seu império – a não ser, é claro, que esteja devidamente casada. Alicia se recusa a casar, está muito bem solteira e assim pretende permanecer. Então, decide burlar o testamento com um plano maluco e audacioso, colocando um anúncio no jornal em busca de um marido de aluguel. Diversos candidatos respondem ao anúncio, mas apenas um deles será capaz de fazer o coração de Alicia bater mais rápido, transformando sua vida de maneiras que ela jamais imaginou. Cheio de humor, aventura, paixão e emoções intensas, Procura-se um marido vai fisgar você até a última linha.

O que eu achei de Procura-se um Marido?

Procura-se um Marido conta a história de Alicia, uma garota mimada e irresponsável, que vivia com o avô, um empresário muito rico, após a morte de seus pais. Por isso, nunca foi sua preocupação trabalhar e levar uma vida como a maioria das pessoas de sua idade. Ela gasta seu tempo viajando pelo mundo e se metendo em diversas enrascadas, deixando o avô sempre muito preocupado. Quando ele falece, seu testamento é aberto e descobre-se uma condição para que Alicia tome posse da herança: ela deve estar casada.

Esta poderia ser uma condição simples de ser cumprida, se não fosse por Alicia ter verdadeiro horror a casamento. Por isso, não lhe resta outra alternativa a ter que enfrentar a dura realidade e começar a trabalhar. Ou melhor, para Alicia, trabalhar nunca havia sido uma alternativa, por isso ela coloca em prática um plano mirabolante com a finalidade de burlar o testamento do avô e conseguir finalmente ser a herdeira da fortuna dele.

Só que enquanto não consegue levar o plano até o fim, Alicia tem que se submeter ao trabalho em uma das empresas do avô, e tem que suportar os novos colegas de trabalho, inclusive Max, um rapaz estúpido, arrogante, mas arrebatadoramente lindo, e que tira Alicia do sério o tempo todo.

A história de Procura-se um Marido é narrada em primeira pessoa, o que leva o leitor a embarcar em todas as intensas emoções expressadas por Alicia. Essa experiência torna a leitura muito mais empolgante e envolvente. Não consegui largar o livro enquanto não cheguei ao final da história.

O estilo de Carina Rissi, que não havia conhecido até ler este livro, me cativou muito. A escrita é leve e moderna, com um vocabulário moderno e adequado à realidade dos personagens, mas sem cair no coloquial demais. Essa é uma das maiores vantagens da autora, na minha opinião: escrever um texto moderno, atual, sem deixar cair a qualidade.

As situações descritas pela autora são muito próximas à realidade, embora a história seja um tanto inusitada. Chegamos a pensar que pode acontecer conosco, mesmo assim. A trajetória das personagens de Procura-se um Maridorende muitas risadas e algumas lágrimas.

Procura-se um Marido é o romance ideal para quem quer sonhar acor dada.

A capa do livro é linda, a edição foi muito bem feita e cuidadosa com detalhes, como a revisão do texto e a diagramação. Absolutamente recomendado, para todas as idades!

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[Resenha] Cidades de Papel – John Green

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Título: Cidades de Papel
Autor: John Green
Editora: Intrínseca
Ano: 2013
Páginas: 368
Em Cidades de papel, Quentin Jacobsen nutre uma paixão platônica pela vizinha e colega de escola Margo Roth Spiegelman desde a infância. Naquela época eles brincavam juntos e andavam de bicicleta pelo bairro, mas hoje ela é uma garota linda e popular na escola e ele é só mais um dos nerds de sua turma.
 
Certa noite, Margo invade a vida de Quentin pela janela de seu quarto, com a cara pintada e vestida de ninja, convocando-o a fazer parte de um engenhoso plano de vingança. E ele, é claro, aceita. Assim que a noite de aventuras acaba e um novo dia se inicia, Q vai para a escola, esperançoso de que tudo mude depois daquela madrugada e ela decida se aproximar dele. No entanto, ela não aparece naquele dia, nem no outro, nem no seguinte.
 
Quando descobre que o paradeiro dela é agora um mistério, Quentin logo encontra pistas deixadas por ela e começa a segui-las. Impelido em direção a um caminho tortuoso, quanto mais Q se aproxima de Margo, mais se distancia da imagem da garota que ele pensava que conhecia.

O que eu achei de Cidades de Papel?

Cidades de Papel é mais um livro do John Green que eu li, me apaixonei e que me fez pensar bastante. É incrível como em uma história cheia de elementos cômicos, ele consegue esconder um drama e uma reflexão tão profundas. Os livros dele são a prova de que não podemos mesmo subestimar a literatura com foco no público adolescente.

Cidades de Papel conta a história de Quentin, um garoto no último ano do ensino médio que não vê a hora da escola acabar. Todos os dias. Ele vive uma vidinha mediocremente rotineira, junto dos seus melhores amigos, Ben e Marcus, cujo apelido era Radar, porque ele se parecia com um personagem de TV que tinha esse nome. Sua vida era sempre igual e ele bem que gostava daquilo. Estava com tudo planejado para ir para a universidade no ano seguinte. Havia namorado algumas garotas, e a história começa com ele tendo acabado um namoro. Nada com que ele parecesse se importar demais, já que sempre gostou de sua vizinha, Margo Roth Spiegelman. Eles se conheciam desde crianças, haviam passado algum tempo sendo amigos próximos, mas ao que parece no começo da história, quando cresceram não eram mais tão amigos. Margo era a garota mais popular da escola, rodeada por amigas patricinhas e parte de um grupo do qual nem Quentin, nem seus amigos, faziam parte.

Porém, um dia, depois de muito tempo, Margo aparece na janela de Quentin e o faz um pedido praticamente irrecusável. Ela queria que ele emprestasse o carro da mãe e ainda por cima fosse o motorista, para possibilitar um plano mirabolante de vingança contra o ex-namorado e algumas de suas ex-melhores amigar, dando ainda a chance de Quentin escolher uma pessoa de quem quisesse se vingar, como parte da recompensa pela ajuda.

Por estar apaixonado por Margo desde sempre, é claro que ele aceita. Por fim, ele passa uma das noites mais agitadas de sua vida, mas que no fim das contas, por ter sido como foi e por ter sido com Margo, ele considera como uma das mais divertidas.

Depois de passar a noite acordado com Margo, Quentin acaba se atrasando para a aula, enquanto Margo parece não ter se importado com a escola e ter ficado dormindo até mais tarde. Só que, ao contrário do que Quentin pensava, pode ter acontecido algo bem mais sério com Margo. Já são quatro dias sem aparecer e os pais dela buscam ajuda de um investigador.

No fim das contas, eles concluem que ela simplesmente fugiu, mas como tem dezoito anos, não há justificativa para colocar as forças policiais atrás dela. Para Quentin, porém, essa história esconde algum mistério maior e por isso ele se dedica a resolvê-lo. E com isso, sai em busca das pistas deixadas por Margo antes de seu desaparecimento. É aqui que começa a ação de Cidades de Papel. Nessa missão, ele vai contar com a ajuda de seus grandes amigos, vai ganhar a amizade de uma das amigas de Margo, com quem a garota aparentemente brigou sem motivo e que está tão preocupada com o desaparecimento dela quanto Quentin. Além disso, eles vão conseguir com o tempo, o respeito dos mauricinhos da escola, depois de algumas etapas da vingança de Margo.

Quentin se envolve cada vez mais em encontrá-la, nem que fosse pra ter a certeza de que estava morta – o maior medo dele. Durante toda a trama de Cidades de Papel, ele é forçado a sair de sua zona de conforto e percebe que muita coisa que acharia absolutamente essencial era simplesmente dispensável, não fosse por um motivo muito maior: o desaparecimento da garota por quem ele havia sido apaixonado a vida inteira.

Com Cidades de Papel somos levados a questionar não somente o que é realmente importante em nossas vidas, mas também a pensar sobre a forma como enxergamos as pessoas que estão ao nosso redor, por mais próximas que estejam. Será que a faceta que nos é mostrada é a verdadeira? Existe uma faceta verdadeira? Porque no fim das contas, somos uma janela e um espelho. Conseguimos ver algumas coisas através das pessoas, mas todas elas também são uma parte espelho, no qual vemos nada além de parte de nós.

Cidades de Papel é um livro absolutamente inesquecível.

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[Resenha] O Projeto Rosie – Graeme Simsion

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Título: O Projeto Rosie
Autor: Graeme Simsion
Editora: Record
Ano: 2013
Páginas: 320
Para se ter a vida de Don Tillman, não é preciso muito esforço. Às terças-feiras come-se lagosta com salada de wasabi (seguindo um roteiro com refeições padronizadas que evitam o desperdício de ingredientes e de tempo no preparo); todos os compromissos são executados de acordo com o cronograma – alguns minutos reservados para a prática do aikido e do caratê antes de dormir; uma hora para limpar o banheiro; três dias da semana reservados para suas idas à feira – e se, apesar dessa programação, algum desagradável contratempo surgir em sua rotina, não há nada que não possa ser solucionado com meia hora de pesquisa científica. Exceto as mulheres. Até o momento, a única coisa não esclarecida pelos estudos no campo de atuação de Don, a genética, é o motivo para sua incapacidade de arrumar uma esposa. Uma namorada ao menos? Ou até mesmo uma amiga para somar ao seleto grupo de amigos de Don, formado por Gene, também professor na universidade, e a mulher dele, Claudia, psicóloga e esposa muito compreensiva.

Para solucionar esse problema do modo mais eficaz, Don desenvolve o Projeto Esposa, um questionário meticuloso que irá ajudá-lo a filtrar candidatas inadequadas a seu estilo de vida: fumantes JAMAIS, e mulheres que se atrasam por mais de cinco minutos ou que usam muita maquiagem estão fora dos critérios pouco flexíveis que o levarão à mulher ideal.

O único problema é que um questionário desse tipo exige tempo e dedicação, duas coisas que começaram a diminuir exponencialmente no cotidiano de Don desde que ele conheceu Rosie: fumante, vegetariana e incapaz de chegar na hora marcada. Ou esse era o único problema até Rosie entrar na vida de Don e – despretensiosamente, uma vez que ela nunca se candidatou ao Projeto Esposa – mostrá-lo que a mulher ideal não existe, mas o amor, sim.

O que eu achei de O Projeto Rosie?

Don Tillman, o protagonista de O Projeto Rosie é um geneticista, nerd, que é totalmente avesso a imprevistos. Sua vida é absolutamente controlada pela programação que faz dos seus dias, contando até mesmo os minutos com as atividades mais irrelevantes. Tudo é cronometrado e controlado para que ele saiba exatamente quanto tempo tem e para qual atividade. Até mesmo sua rotina de exercícios físicos e de alimentação é toda planejada com a finalidade de economizar energia. Pela automatização de todas as tarefas de seu dia-a-dia, ele acredita que economizará energia e tempo. Estabeleceu um sistema de refeições programadas, pelo qual ele come exatamente a mesma coisa em cada dia da semana, já sabe o que vai comprar, onde vai comprar, quanto vai pagar e o tempo gasto no preparo de cada refeição. Don planeja até mesmo o tempo de cada atividade social, ainda que não sejam muitas e ele não seja nem um pouco preparado para esta atuação.

Ele só não conseguiu desvendar o mistério que envolve os relacionamentos e, como tudo em sua vida, resolve elaborar um planejamento para encontrar uma esposa. Já que ele não gosta de desperdiçar seu tempo, investe algumas horas na elaboração de um questionário detalhado, através do qual será possível selecionar a esposa perfeita. Ele estabelece os critérios e passa a participar de diversos encontros e atividades para solteiros, onde começa a colocar o seu questionário em ação. Depois de receber mais de 300 respostas de várias mulheres, inclusive via internet, Don está certo de que seus critérios, já bastante flexibilizados, após alguns encontros desastrosos, são adequados e que são as mulheres que não são feitas para ele.

Prestes a abandonar o projeto, ele conhece Rosie, uma mulher muito bonita, mas que não atende praticamente nenhum dos requisitos presentes no questionário de Don. Ela muda radicalmente vários aspectos da vida de Don, com seu jeito espontâneo e nada organizado, e é aí que a história começa a ficar boa.

O Projeto Rosie foi um livro que me chamou a atenção desde a capa. Ainda assim, por ser um autor que eu ainda não conhecia, achei melhor ler algumas outras coisas que estavam na minha meta de leitura antes de começar. Preciso parar de brecar meus instintos literários, porque esse livro foi muito bom!!

Quem é que não tem ou teve um amigo que ultrapassa os limites da nerdice? Don é esse cara, praticamente um Sheldon Cooper da literatura, e a caricaturização de alguns amigos meus.

Achei interessante a forma como o autor conduziu a história. Os personagens são muito bem caracterizados. O excesso de planejamento de Don, o jeito mulherengo de Gene e a forma espontânea de Rosie, que, ainda que não seja espalhafatosa, causa uma verdadeira bagunça na rotina estabelecida de Don. Não temos uma caracterização física perfeita de cada personagem, o autor se prende bem mais nos aspectos emocionais – ou racionais – de cada um deles. Mesmo assim, somos capazes de imaginar o que vai acontecendo em cada cena.

A reflexão trazida por O Projeto Rosie é a de que muitas impressões podem ser passadas de forma errada, caso nossa análise dos fatos seja feita de modo superficial. Nem sempre aquilo que parece o mais provável é a verdade, e o contrário também, às vezes aquilo que não damos nenhum crédito é a verdade. Aprendemos, ainda, que a racionalização de tudo pode nos privar de uma série de coisas boas e que, por mais que a otimização de tempo, espaço, dinheiro e energia mental seja uma forma excelente de planejar o dia-a-dia no trabalho, na vida pessoal esse mecanismo não é válido.

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[Resenha] Cante Para Eu Dormir – Angela Morrisson

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Título: Cante Para Eu Dormir

Autora: Angela Morrisson

Editora: Pandorga

Ano: 2011

Páginas: 358

Cante para eu dormir revelará a dura realidade da vida, a energia firme da amizade e mostrará que o verdadeiro amor transcende tudo. O livro conta a história de Beth, uma garota que sofre bulling e passa toda sua infância sendo rejeitada por sua aparência. As únicas pessoas a aceitá-la são sua mãe e seu melhor amigo, Scott. Mas tudo isso fica para trás quando ela é convidada para ser a vocalista do coral da escola e recebe a transformação que lhe dará a oportunidade de conhecer um amor que vai além de tudo, até mesmo da própria vida. Derek é tão lindo, tão doce, tão fantástico que Beth acha que não merece, mas quer experimentar, mesmo estando á milhas de distância. Porém, existem segredos não revelados entre eles. A história reúne as mais profundas emoções humanas: decepções, tristezas, alegrias, amores e paixão, muita paixão, que ficará gravada em cada coração por muito tempo, mesmo depois do término da leitura.

O que eu achei de Cante Para Eu Dormir?

Quando eu descobri Cante Para Eu Dormir, depois de diversas indicações do pessoal dos grupos literários dos quais eu faço parte no facebook, não tive coragem de lê-lo em seguida. Eu havia saído de uma série de leituras emocionantes e que exigiram de mim uma carga emocional bastante intensa, então, pela capa do livro, e por minhas companheiras de grupo terem expressado suas reações pós-leitura, achei melhor esperar quando estivesse um pouco mais estável para me dedicar à leitura desse livro.

Depois de um bom tempo, quando cante Para Eu Dormir tinha saído da berlinda nos comentários do pessoal, resolvi ler. Achei que a história, a princípio, teria um roteiro bobo e sem muitas surpresas, pela forma como tudo começou a ser apresentado na narrativa.

Cante Para Eu Dormir conta a história de Beth, uma garota cuja aparência não agrada e que é conhecida por todos na escola como “A Fera”. Ela é alta e desengonçada, usa óculos grossos e tem o rosto coberto de espinhas, o que mantém as pessoas afastadas. Abandonada inclusive pelo pai, que a rejeitou desde o nascimento, ela vive um constante medo de perder o que ainda tem.

Scott, seu melhor amigo, um garoto loiro de olhos azuis, é seu amigo desde a infância, é o único que se aproxima. Ele sente alguma coisa além de amizade por ela, e ela também parece sentir alguma coisa, mas o relacionamento deles nunca passou para outro nível.

Beth, porém, tem uma linda voz. Já há algum tempo ela participa de um coral, mas sempre fica meio escondida. Ela gosta muito de cantar e a sua participação no coral é uma das poucas chances que ela tem de se expressar verdadeiramente, de fazer algo que gosta.

É quando a solista do coral não pode participar de uma competição, que Beth aproveita a oportunidade para se mostrar e assumir uma posição de destaque, que a leva, junto com as colegas, a participar de uma Olimpíada na Suiça. A mãe de uma das garotas, inclusive, ajuda com diversos tratamentos de beleza e acaba transformando Beth em uma pessoa irreconhecivelmente linda.

É na Suíça que Beth conhecerá Derek, participante do Coral Amabile, de Londres, Canadá, um garoto misterioso, de rosto pálido e cabelos escuros. Os dois se apaixonam e ele será responsável por uma boa dose de auto-estima para Beth, pois a fará se sentir muito amada. Porém, ele esconde segredos que podem afetar a vida dela profundamente. Esse segredo o mantém afastado de Beth em alguns momentos, e muito evasivo, o que deixa Beth cada vez mais insegura.

A narrativa em primeira pessoa deixa a leitura de Cante Para Eu Dormir muito mais emocionante. Sofremos e nos emocionamos com a trajetória dos personagens, nos surpreendemos com as reviravoltas do enredo e principalmente, refletimos muito sobre o amor, a confiança, as perdas e o sofrimento. Desde o princípio o mistério de Derek me incomodou, o que me deixou sem gostar do personagem durante boa parte do livro. Só depois que as coisas foram ficando mais claras é que eu consegui me afeiçoar a ele e entender muita coisa. Até isso acontecer, eu era da torcida do Scott.

É uma linda história, sobre a descoberta do amor e tudo o que ele traz consigo, desde as alegrias até as incertezas que nos obrigam a simplesmente confiar.

A história toda de Cante Para Eu Dormir é permeada com músicas e poesias, já que os dois são participantes de corais. Sempre há uma canção embalando os momentos mais marcantes do livro. Em alguns, é quase possível criar junto com Beth a melodia para seus poemas. Muito bem escrito e carregado de sentimento, é uma leitura linda, mas que não deve ser feita em qualquer momento. É preciso se preparar para ficar com as emoções à flor da pele.

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[Resenha] A Culpa é das Estrelas – John Green

A Culpa é das Estrelas
Título: A Culpa é das Estrelas
Autor: John Green
Editora: Intrínseca
Ano: 2013
Páginas: 288
A culpa é das estrelas narra o romance de dois adolescentes que se conhecem (e se apaixonam) em um Grupo de Apoio para Crianças com Câncer: Hazel, uma jovem de dezesseis anos que sobrevive graças a uma droga revolucionária que detém a metástase em seus pulmões, e Augustus Waters, de dezessete, ex-jogador de basquete que perdeu a perna para o osteossarcoma. Como Hazel, Gus é inteligente, tem ótimo senso de humor e gosta de brincar com os clichês do mundo do câncer – a principal arma dos dois para enfrentar a doença que lentamente drena a vida das pessoas.
Inspirador, corajoso, irreverente e brutal, A culpa é das estrelas é a obra mais ambiciosa e emocionante de John Green, sobre a alegria e a tragédia que é viver e amar.

O que eu achei de A Culpa é das Estrelas?

Este é um dos meus livros favoritos. Inicialmente escrito para o público adolescente, A Culpa é das Estrelas ficou um tempão cozinhando na minha lista de leitura, justamente porque eu achei que ia ler e não ia gostar. Estava vindo de uma série de leituras de livros de vampiros seguida por uma série de livros eróticos, levada pela onda da trilogia Cinquenta Tons de Cinza. Achei que o livro ia ser bobinho demais pra mim, deixei ele lá esperando.

Mas qual não foi a minha surpresa quando eu fui finalmente pegar o livro pra ler, sem ler sinopse, sem perguntar para amigos nem nada., e acabei me apaixonando de um jeito irreversível pela escrita do John Green e pelos personagens que ele criou.

Hazel é uma adolescente que tem um câncer terminal. Foi diagnosticada com câncer na tireoide, mas já está com metástase nos pulmões. Adora ler, e seu livro favorito é Uma Aflição Imperial, um livro que acaba com uma frase pela metade. Hazel já não frequenta a escola, pois vive bastante debilitada e uma das coisas que mais detesta é ter que carregar o carrinho com o cilindro de oxigênio por aí. Ela acaba cedendo ao apelo dos pais e volta a frequentar o grupo de apoio aos pacientes com câncer, da sua cidade.

É nesse grupo que ela conhece o Augustus Waters, um garoto lindo, que está indo lá pela primeira vez. Ele perdeu a perna devido ao osteossarcoma e por isso anda com uma prótese. Eles acabam fazendo amizade e ficando bastante próximos, inclusive de Isaac, um garoto que também frequenta o grupo e que tem câncer nos olhos.

Gus gosta muito de jogar videogame com Isaac, e também gosta muito de ouvir música e ler. Ele acaba se apaixonando por Hazel e os dois ficam cada vez mais tempo juntos, até que ela por fim admite também estar apaixonada. Pronto, temos um romance.

Um romance dos bons: fofo, divertido, empolgante. Mas ainda assim, um romance que tem como figuras principais e secundárias, jovens com câncer, o que confere ao livro uma carga de drama altíssima e, com isso, muitas emoções.

A Culpa é das Estrelas foi absolutamente bem escrito e bem revisado, o que acontece com a maioria – senão todos – os livros que eu já li que foram publicados pela Editora Intrínseca. A história é simples, não há enredos paralelos, a não ser a história de Isaac e o término brusco de seu namoro, mas isso tudo está intimamente ligado ao enredo principal. John Green é direto e tem uma abordagem bastante diferente de tudo o que estamos acostumados quando se trata de câncer. A narrativa dele emociona sem ser melosa, conseguimos sentir o que acontece com os personagens sem que eles sejam o estereótipo de doentes terminais que normalmente são retratados nos livros.

Hazel e Gus tem diálogos em que é muito analisada a relação deles com as pessoas ao redor, além da forma como eles encaram o câncer e, consequentemente o tempo limitado de vida que possuem, em decorrência disso.

A Culpa é das Estrelas foi uma das minhas melhores leituras de 2013, uma das que mais mexeu comigo, junto com Extraordinário, que já foi resenhado aqui, e O Oceano no Fim do Caminho, que em breve ganhará também uma publicação aqui no blog. Recomendado para leitores de todas as idades, para ler sem medo de se emocionar e se envolver.

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[Resenha] Tempo é Dinheiro – Lionel Shriver

tempo é dinheiro
Título: Tempo é Dineiro
Autora: Lionel Shriver
Editora: Intrínseca
Ano: 2012
Páginas: 464
Shep Knacker sempre economizou para a “Outra Vida”: um retiro idílico no Terceiro Mundo, onde um modesto pé-de-meia poderia durar para sempre. Os engarrafamentos de Nova York seriam substituídos por tempo para “falar, pensar, ver e ser” – e por horas de sono suficientes. Quando ele vende sua empresa de consertos domésticos por um milhão de dólares, parece que seu sonho finalmente será realizado. Ainda que Glynis, com quem é casado há 26 anos, sempre arrume desculpas e diga que nunca é o momento certo para partirem. Cansado de trabalhar como um peão para o idiota que comprou sua companhia, Shep anuncia que está de mudança para uma ilha na Tanzânia, com ou sem a esposa.
Recém-chegada de uma consulta médica, Glynis também tem um anúncio a fazer: Shep não pode ir a lugar algum. Ela está doente e precisa desesperadamente de seu plano de saúde. Mas o convênio cobre apenas parte das despesas incrivelmente altas do tratamento, e o pé-de-meia de Shep para a Outra Vida parece se desfazer a cada dia.
Um romance brutalmente honesto, Tempo é Dinheiro acompanha as transformações de um casamento que é posto à prova ao mesmo tempo que se fortalece com as exigências de uma doença grave, e se revela uma inesperada oportunidade para a ternura, a renovação da intimidade e o humor ácido. Em uma pesada crítica aos sistemas de saúde, Lionel Shriver se atreve a fazer a temida pergunta: quanto custa a vida de uma pessoa?

O que eu achei de Tempo é Dinheiro?

Tempo é Dinheiro conta a história de Shepherd Knacker, um empresário que trabalhou muito a vida inteira, para juntar uma quantidade de dinheiro que fosse suficiente para bancar a sua vida e de sua família em um país do Terceiro Mundo, onde ele pudesse finalmente curtir o ócio e a calmaria, vivendo o momento e sem maiores preocupações. Quando ele sente que já adiou demais, cansado de trabalhar para o ex-funcionário que comprou sua empresa, e decide que finalmente chegou a hora de partir, compra as passagens dele, da esposa e do filho caçula – a mais velha, Amelia, não mora mais com os pais, tem um trabalho que mal paga as suas contas, mas não sairia dos Estados Unidos para ir morar para sempre em uma ilha do outro lado do mundo. Ele dá um ultimato à sua esposa, Glynis, mas ao invés da resposta que ele queria, é ela que chega com um fato novo e determinante: eles não podem viajar. Ela está doente e agora, mais do que nunca, precisará do plano de saúde que a empresa oferece.

Assim, ele tem que continuar trabalhando para o babaca do seu patrão, e passa a aplicar todo o dinheiro investido para a Outra Vida, no melhor tratamento possível para a sua mulher.

Glynis tem um tipo raro e extremamente mortífero de câncer, o mesotelioma, que a consome gradativamente, ao mesmo tempo em que os recursos de Shepherd também acabam, enquanto ele sustenta a irmã, folgada, que não produz nenhuma renda e ainda por cima acha que o irmão, por ser rico, deve pagar todas as suas contas, o pai, um pastor aposentado, cuja casa ainda tem algumas contas bancadas pelo filho, além do aluguel da filha, que não ganha um salário compatível com a vida que leva.

Ao mesmo tempo que lida com a fragilidade da vida da esposa, Shepherd precisa pensar no dinheiro envolvido em todo o esforço para combater o câncer que muito provavelmente a levará embora. Ele luta para ser o melhor marido para Glynis, cuidando dela em todo o tempo possível e arriscando até o emprego do qual eles dependem. Mas ao mesmo tempo, não consegue evitar pensar em uma vida “depois”, em cuja realidade ele não poderá contar com sua esposa, embora a vida em Pemba, aparentemente, tenha ficado apenas nos seus sonhos.

Este é um livro complexo e profundo que trata não apenas da dificuldade de quem atravessa um tratamento contra o câncer, ou das pessoas mais próximas, mas também é uma enorme crítica ao sistema de saúde americano. Lionel Shriver mescla muito bem todas as críticas com o principal questionamento: quanto vale a vida de uma pessoa?

Tempo é Dinheiro faz pensar no tempo que gastamos para ganhar um dinheiro e construir um império que de repente pode ser que não desfrutaremos ou que, ainda, nos aprisionará ainda mais. Nos leva a questionar inclusive até que ponto um paciente terminal deve lutar para prolongar uma vida sem qualidade, ou viver um período breve, mas que realmente faça sentido. O que realmente vale a pena em nossa vida?

E o título, contrariando a maioria, tem tudo a ver com a trama e com a mensagem que o livro passa. Recomendadíssimo para quem gosta de leituras que fazem refletir!

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[Resenha] Extraordinário – R. J. Palacio

extraordinário

August (Auggie) Pullman nasceu com uma síndrome genética cuja sequela é uma severa deformidade facial, que lhe impôs diversas cirurgias e complicações médicas. Por isso ele nunca frequentou uma escola de verdade…até agora.

Todo mundo sabe que é difícil ser um aluno novo, mais ainda quando se tem um rosto tão diferente. Prestes a começar o quinto ano em um colégio particular de Nova York, Auggie tem uma missão nada fácil pela frente: convencer os colegas de que, apesar da aparência incomum, ele é um menino igual a todos os outros.

O que eu achei de Extraordinário?

Extraordinário conta a história de Auggie Pullman, um garoto que nasceu com uma síndrome de origem genética e que, por conta disso, teve que passar por diversas cirurgias, o que acabou gerando uma série de complicações médicas, e a principal sequela é uma severa deformidade facial. Por conta disso, Auggie nunca havia frequentado a escola. Ele era ensinado em casa, por seus pais.

Porém, eles entendem que para o melhor desenvolvimento do filho seria importante que ele passasse a frequentar uma escola normal, com colegas normais, e o matriculam no colégio. Agora, Auggie terá que enfrentar os olhares dos colegas e dos professores e aprender a lidar com o fato de ser uma criança diferente em um ambiente completamente novo.

O principal esforço de Auggie é fazer com que as pessoas o tratem como o garoto comum que ele sente ser, apesar de sua condição especial. Por sua deformidade física, é quase que natural as pessoas olharem para ele de um jeito diferente e a maioria delas tem receio de se aproximar e tocá-lo, simplesmente porque ele não tem um rosto que se encaixa no padrão.

Auggie tem bastante receio de tudo o que vai enfrentar na escola, pois mesmo que só tenha 10 anos de idade, já sofreu o suficiente em razão de sua deformidade. A maioria dos alunos o deixa sozinho, mas Summer parece não se importar com a aparência diferente de Auggie e decide ser amiga dele.

Na contramão do tratamento que recebe das pessoas de fora, a família de Auggie e todas as pessoas que estão diretamente envolvidas com ele sentem um amor muito grande pelo garoto, e o fazem se sentir especial. Auggie sabe que é diferente, inclusive para a sua família, ainda que em um sentido positivo. Ainda assim, ele gostaria de ser apenas comum.

A forma de narrativa de Extraordinário nos permite compreender – e amar – ainda mais o Auggie. Cada capítulo é narrado pelo ponto de vista de um personagem. Ora é o Auggie, ora um de seus pais, ora a irmã ou algum de seus amigos. Com isso, vamos construindo quem é o Auggie em cada um dos círculos sociais que frequenta, e como cada pessoa que faz parte de sua vida o enxerga, e como a vida dele impacta a vida de cada uma delas.

É impossível não se identificar em algum momento da narrativa de Extraordinário com o personagem. Todos nós temos dentro ou fora de nós algo que nos torna especiais, diferenciados, extraordinários. Todos nós somos comuns e peculiares em uma certa medida.

Extraordinário tem momentos mais descontraídos e outros bastante comoventes. No meu caso, os momentos comoventes foram bastante intensos. Eu me emocionei bastante com a história e com a lição que ela passa.

Em linhas gerais, a trama de Extraordinário é clichê, mas a lição que há por trás de tudo é que é o grande mérito da autora. Mesmo sendo um roteiro já conhecido, conseguimos nos envolver com a história, nos apaixonar pelo personagem e tirar uma série de ensinamentos. E é isso que torna Extraordinário recomendado a qualquer um que aceite se emocionar com a história desse garoto, para todas as idades e para os amantes de qualquer gênero literário.