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[Resenha] Divergente – Veronica Roth

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Título: Divergente

Autora: Veronica Roth

Editora: Rocco

Ano: 2012

Páginas: 502

Numa Chicago futurista, a sociedade se divide em cinco facções – Abnegação, Amizade, Audácia, Franqueza e Erudição – e não pertencer a nenhuma facção é como ser invisível. Beatrice cresceu na Abnegação, mas o teste de aptidão por que passam todos os jovens aos 16 anos, numa grande cerimônia de iniciação que determina a que grupo querem se unir para passar o resto de suas vidas, revela que ela é, na verdade, uma divergente, não respondendo às simulações conforme o previsto. A jovem deve então decidir entre ficar com sua família ou ser quem ela realmente é. E acaba fazendo uma escolha que surpreende a todos, inclusive a ela mesma, e que terá desdobramentos sobre sua vida, seu coração e até mesmo sobre a sociedade supostamente ideal em que vive.

O que eu achei de Divergente?

O livro Divergente foi uma grata surpresa que tive nos últimos tempos. Como o filme estava no cinema e meu marido queria ir assistir, eu acabei quebrando a minha regra de ler o livro antes. Nesse caso, não me arrependi, porque a princípio, eu não queria tanto assim ler o livro, por conta de ser uma distopia e eu não me atrair muito para esse estilo literário. Porém, depois de ter visto o filme, eu fiquei com uma vontade louca de ler o livro, por isso, já fui atrás da trilogia na mesma semana.

Divergente conta a história de Beatrice Prior, uma garota que está prestes a fazer uma escolha que mudará completamente a sua vida. Vivendo em uma sociedade dividida por classes de pessoas – as chamadas facções – ela sabe que ao completar dezesseis anos terá que passar por um teste de aptidão que determinará em qual facção ela se daria melhor. Ainda assim, segundo as regras dessa sociedade, ela pode escolher uma facção diferente da que sair no resultado do teste.

O dilema de Beatrice é que logo no começo da história, seu teste parece ter algum tipo de problema e Tori, a aplicadora do teste, diz que seu resultado foi inconclusivo. Como Beatrice estaria correndo perigo caso outras pessoas descobrissem que ela era o que Tori definiu como ‘Divergente’, seu resultado foi incluído manualmente como Abnegação, a facção onde ela havia nascido e crescido.

A partir daí acompanhamos o dilema de Beatrice até o momento da escolha de sua facção e, depois, como ela lida com cada uma das escolhas que fez. O livro levanta uma série de questionamentos a respeito do convívio social, como as regras sociais estabelecidas, as divisões em grupos e a pressão para se encaixar em algum deles e o receio de não se encaixar em lugar algum.

Além disso, o livro questiona a legitimidade de se estabelecer ou não essa divisão em grupos sociais, com base em características dos indivíduos e mostra como a influência do grupo consegue determinar modos de ser, de falar, de vestir e de se comportar.

Na história, Beatrice acaba escolhendo pertencer à facção Audácia, um grupo que era responsável por manter a segurança e vigilância da cidade e que, por isso, deveria treinar o uso de armas, lutas e a resistência a diversos tipos de ambientes hostis, com a finalidade de se tornarem soldados prontos para qualquer coisa.

Porém, ao passar por cada estágio da iniciação como membro da Audácia, Beatrice não consegue se desvencilhar totalmente dos ensinamentos recebidos dos seus pais na Abnegação, nem mesmo acreditar no lema que rege aquela sociedade, que é ‘facção além do sangue’, ao qual seu irmão, Caleb, que acabou escolhendo pertencer à facção inimiga, Erudição, consegue ser tão fiel.

Com sua esperteza e inteligência, além de suas habilidades como Divergente, Beatrice, que passa a ser chamada de Tris ao ingressar na Audácia, percebe, aos poucos, que tem alguma coisa errada com a sociedade em que vivem e, por fim, acaba descobrindo uma conspiração que envolve algumas facções controlando outras, alianças ocultas entre facções e o sério perigo que os Divergentes correm quando o governo da cidade parece estar ameaçado.

Enfrentando todo esse problema, ela acaba ficando atraída por Quatro, um dos membros da Audácia que comanda, ao lado de Eric os diversos treinamentos da facção. Ele é rude e evasivo a princípio, mas parece sentir a mesma atração por Tris, já que está sempre por perto quando algo acontece a ela e lhe dá dicas que a ajudam a passar pelas etapas da iniciação. Os dois acabam se envolvendo em um momento da história.

Divergente é eletrizante e cheio de aventura, as páginas passam como se não percebêssemos. O romance entre os dois, apesar de muito empolgante, também acaba sendo engolido pela ação do livro e por toda a história mais complicada que eles tem que enfrentar para descobrir a verdade sobre a sua sociedade. Ainda assim, é um casal que vai entrar para os registros literários como um dos mais marcantes.

Recomendo muito a leitura de Divergente e já aviso que é aconselhável já ter os três volumes da trilogia, porque não dá vontade de parar de ler!

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[Resenha] As Luzes de Setembro – Carlos Ruiz Zafón

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Título: As Luzes de Setembro

Autor: Carlos Ruiz Zafón

Editora: Suma de Letras

Ano: 2013

Páginas: 232

Durante o verão de 1937, Simone Sauvelle fica de repente viúva e abandona Paris junto com os filhos, Irene e Dorian. Eles se mudam para uma cidadezinha no litoral da Normandia, e Simone começa a trabalhar como governanta para Lazarus Jann, um fabricante de brinquedos que mora na mansão Cravenmoore com a esposa doente.Tudo parece caminhar bem. Lazarus demonstra ser um homem agradável, trata com consideração Simone e os filhos, a quem mostra os estranhos seres mecânicos quecriou: objetos tão bem-feitos que parecem poder se mover por conta própria.

Irene fica encantada com a beleza do lugar – os despenhadeiros imensos, o mar e os portos – e por Ismael, o pescador primo de Hannah, cozinheira da casa. Ismael tem um barco, entende tudo sobre navegação e gosta de velejar sozinho, até conhecer Irene e vê-la de maiô… Os dois logo se apaixonam.

Entre Simone e Lazarus parece nascer uma amizade. Dorian gosta de ler e, muito curioso, quer entender como os bonecos de Lazarus funcionam. Todos estão animados com a nova vida quando acontecimentos macabros e estranhas aparições perturbam a harmonia de Cravenmoore: Hannah é encontrada morta, e uma sombra misteriosa toma conta da propriedade.

Irene e Ismael desvendam o segredo da espetacular mansão repleta de seres mecânicos e sombras do passado. Juntos enfrentam o medo e investigam estranhas luzes que brilham através da névoa em torno do farol de uma ilha. Os moradores do lugar falam sobre uma criatura de pesadelo que se esconde nas profundezas da floresta.

Em As luzes de setembro, aquele mágico verão na Baía Azul será para sempre a aventura mais emocionante de suas vidas, num labirinto de amor, luzes e sombras.

O que eu achei de As luzes de setembro?

As luzes de setembro foi, sem dúvida, o melhor livro da Trilogia da Névoa, que eu venho resenhando nos últimos dias. As Luzes de Setembro conta a história da família Sauvelle que, após a viuvez de Simone, se muda para a Baía Azul, para recomeçar.

Porém, o que eles não esperavam é que a cidadezinha era cheia de mistérios. Principalmente a mansão Cravenmoore, lar do fabricante de brinquedos Lazarus Jann, um homem cheio de manias e de segredos que, apesar de tudo, conquistou o carinho e a simpatia de todos da família.

Simone passaria a trabalhar na casa, enquanto seus filhos, Dorian e Irene acabaram se envolvendo e fazendo amizades com as pessoas mais próximas.

Irene é a que mais se animou com a possibilidade de uma nova vida, principalmente depois de fazer amizade com a animada Hannah, cozinheira de Cravenmoore e de conhecer seu primo, Ismael, um marinheiro que logo lhe chamou a atenção.

Com o tempo, sem querer, uma sombra de maldade é despertada e desencadeia uma série de eventos terríveis e misteriosos, envolvendo a mansão e, consequentemente,  família Sauvelle e os primos Hannah e Ismael. No meio de todo esse turbilhão que vem atormentar a vida deles de repente, nasce uma história de amor e de amizade das mais lindas que já se viu.

As luzes de setembro equilibra perfeitamente esses dois aspectos da vida dos personagens em um enredo envolvente e intrigante desde o princípio. Acredito que nesse livro Zafón fez isso muito melhor do que nos outros dois da trilogia. Essa leitura foi inesquecível.

Embora ele tenha sido escrito para um público mais jovem, o cuidado com as palavras e a perfeição do texto podem muito bem ser apreciados por leitores de qualquer idade. Recomendo muito As luzes de setembro!

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[Resenha] O Palácio da Meia-Noite – Carlos Ruiz Zafón

palácio da meia noite

Ben e Sheere são irmãos gêmeos cujos caminhos se separaram logo após o nascimento: ele passou a infância num orfanato, enquanto ela seguiu uma vida errante junto à avó, Aryami Bosé. Os dois se reencontram quando estão prestes a completar 16 anos.

Junto com o grupo Chowbar Society, formado por Ben e outros seis órfãos e que se reúnem no Palácio da Meia-Noite, Ben e Sheere embarcam numa arriscada investigação para solucionar o mistério de sua trágica história.

Uma idosa lhes fala do passado: um terrível acidente numa estação ferroviária, um pássaro de fogo e a maldição que ameaça destruí-los. Os meninos acabam chegando até as ruínas da velha estação ferroviária de Jheeters Gate, onde enfrentam o temível pássaro.

Cada um deles será marcado pela maior aventura de sua vida. Publicado originalmente em 1994, O Palácio da Meia-Noite segundo romance do fenômeno espanhol Carlos Ruiz Zafón traz uma narrativa repleta de fantasia e mistério sobre coragem e amizade.

O que eu achei de O Palácio da Meia-Noite?

O Palácio da Meia-Noite, diferente do primeiro livro da Trilogia da Névoa, se passa em Calcutá, Índia. A história é sobre um grupo de amigos que vive em um orfanato e que, ao completarem dezesseis anos serão obrigados a deixarem o local, por serem presumidamente adultos. Esse grupo de adolescentes viveu tanto tempo junto que acabou criando um forte vínculo de amizade e de cumplicidade, o que culminou na criação de uma espécie de fraternidade chamada Chowbar Society cuja promessa é a proteção mútua entre eles, acontecesse o que acontecesse. A partir dessa noite, eles não terão mais a sede onde faziam suas reuniões. Aparentemente, nenhum deles tem nem mesmo um lugar para ir ou sabe o que fazer de agora em diante. A única coisa que sabem com certeza é que é o fim do grupo. É nesse ambiente de despedidas que a história começa.

Ben, que foi criado nesse orfanato, foi separado de sua gêmea, Sheere, que continuou sendo criada pela avó, para que eles não fossem encontrados pelo terrível Jawahal. Só que em um determinado momento da história, que culmina justamente com a dissolução da Chowbar Society e com a saída de Ben do orfanato, Jawahal resolve aparecer.

Na minha opinião, a parte inicial da história de O Palácio da Meia-Noite, em que se destacam os dramas familiares e as questões entre os amigos me chamou mais a atenção e me prendeu muito mais do que a metade final do livro, onde são mostrados quase que na totalidade, elementos sobrenaturais. Posso estar enganada, mas creio que se o livro tivesse tomado um rumo mais dramático e que estivesse mais relacionado com os diversos relacionamentos que foram apresentados desde o começo da história, eu teria gostado mais de O Palácio da Meia-Noite. A impressão que ficou, ao final, foi que o autor estava sendo obrigado a incluir esses elementos sobrenaturais. Mais ou menos como se fosse assim: como é um livro do Zafón, tem que ter isso.

Apesar de não ser o melhor livro que li do autor, suas características peculiares estão muito presentes, como a descrição primorosa dos detalhes e a criação de uma aura de suspense e mistério que agrada a leitores de qualquer idade. Assim como em O Príncipe da Névoa, o autor consegue concluir, com O Palácio da Meia-Noite, o que era seu intento desde o início: escrever um livro que pudesse agradar aos leitores desde adolescentes até os mais velhos. Fica claro que Zafón está no seu início nesse livro, mas isso não tira a beleza da história nem a recomendação da leitura. Vale a pena ler e se emocionar com a vida desses garotos aparentemente sem nenhuma perspectiva de futuro e tentar entender os diversos caminhos que uma pessoa percorre para proteger sua família.

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[Resenha] O Príncipe da Névoa – Carlos Ruiz Zafón

o príncipe da névoa

Título: O Príncipe da Névoa

Autor: Carlos Ruiz Zafón

Editora: Suma de Letras

Ano: 2013

Páginas: 180

A nova casa dos Carver é cercada por mistério. Ela ainda respira o espírito de Jacob, filho dos ex-proprietários, que se afogou. As estranhas circunstâncias de sua morte só começam a se esclarecer com o aparecimento de um personagem do mal – o Príncipe da Névoa, capaz de conceder qualquer desejo de uma pessoa, a um alto preço.

O que eu achei de O Príncipe da Névoa?

O Príncipe da Névoa é um livro que conta a história de Max Carver, um garoto que se muda com a sua família par uma cidadezinha praiana, para fugir dos perigos da Guerra. De todos os integrantes, apenas o pai, Maximilian Carver, está animado com a nova vida. Os demais, a mãe, as duas filhas e o garoto, Max Carver, estão resignados, conformados em apenas apoiá-lo em seu desejo.

A cidade parece bastante comum, mas algumas coisas começam a acontecer sutilmente, o que Max consegue perceber rapidamente. O relógio da estação de trem parece girar ao contrário. O gato que a sua irmãzinha adotou nessa mesma estação, parece entender bem mais do que aquilo que um simples animal irracional conseguiria. Além disso, um jardim misterioso no fundo da casa e uma série de filmes caseiros descobertos pela família levam Max a lugares estranhos e sombrios, para resolver um mistério.

Nessa trajetória, ele faz um grande amigo, Roland, que vive com seu avô, o guardião do farol, e descobre em sua irmã mais velha uma pessoa bem diferente daquela que normalmente estaria acostumado a ver em casa.

O Príncipe da Névoa é o primeiro livro escrito por Carlos Ruiz Zafón, e desde este livro já conseguimos perceber a maestria que o levaria a ser o autor do fantástico livro A Sombra do Vento. As palavras são muito bem escolhidas e a construção da história é muito bem amarrada, o que nos leva a querer ler todos os demais livros do autor. Ele é um especialista em mistério e suspense, mas não tira do texto a leveza e a delicadeza do amor e das descobertas dos adolescentes dessa história, fazendo do texto algo que pode ser lido e que pode agradar pessoas de qualquer idade.

Amei a leitura e recomendo O Príncipe da Névoa a todos que gostem de uma leitura envolvente, bem escrita, com um vocabulário rico e descritivo, com um forte mistério e um toque de amor em cada página. Vale a pena!

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[Resenha] Simplesmente Ana – Marina Carvalho

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Título: Simplesmente Ana

Autora: Marina Carvalho

Editora: Novo Conceito

Ano: 2013

Páginas: 304

Imagine que você descobre que seu pai é um rei. Isso mesmo, um rei de verdade em um país no sudeste da Europa. E o rei quer levá-la com ele para assumir seu verdadeiro lugar de herdeira e futura rainha… Foi o que aconteceu com Ana. Pega de surpresa pela informação de sua origem real, Ana agora vai ter que decidir entre ficar no Brasil ou mudar-se para Krósvia e viver em um país distante tendo como companhia somente o pai, os criados e o insuportável Alex. Mudar-se para Krósvia pode ser tentador — deve ser ótimo viver em um lugar como aquele e, quem sabe, vir a tornar-se rainha —, mas ela sabe que não pode contar com o pai o tempo todo, afinal ele é um rei bastante ocupado. E sabe também que Alex, o rapaz que é praticamente seu tutor em Krósvia, não fará nenhuma gentileza para que ela se sinta melhor naquele país estrangeiro. A não ser… A não ser que Alex não seja esta pessoa tão irascível e que príncipes encantados existam. Simplesmente Ana é assim: um livro divertido, capaz de nos fazer sonhar, mas que — ao mesmo tempo — nos lembra das provas que temos que passar para chegar à vida adulta.

O que eu achei de Simplesmente Ana?

Simplesmente Ana, mais um livro nacional que conheci nas minhas aventuras de janeiro pelos autores nacionais, foi escrito por Marina Carvalho, uma mineira, descoberta pela Editora Novo Conceito.

Simplesmente Ana conta a história de Ana, uma garota comum, que vive com sua mãe em Belo Horizonte. Ela é estudante de Direito e filha de uma dona de buffet. Ela tem um relacionamento que está apenas começando, com Artur, e uma melhor amiga incrivelmente despachada, chamada Estela. Tudo na vida de Ana vai muito bem até que ela descobre que sua vida não é assim tão comum quanto ela pensa. Ela é uma princesa, herdeira do trono de um pequeno país do leste europeu e seu pai, que ela nunca conheceu, está de volta e pretende levá-la para Krósvia, para que ela conheça a sua condição de princesa e o reino a que terá direito um dia.

A princípio, Ana reluta bastante em viajar até lá, pois está apaixonada por Artur, está no meio do seu curso universitário e tem toda uma vida construída no Brasil. Na cabeça dela, não faz muito sentido largar tudo em busca de uma vida que mais parece saída de um livro de contos de fadas, mas no fim das contas ela acaba cedendo e vai passar uma temporada lá com o pai, o rei Andrej da Krósvia.

Ao chegar lá, ela fica encantada com a beleza do país e com a suntuosidade do castelo, ao mesmo tempo em que é totalmente bem recebida por todos os que trabalham ali, para o rei. Ela ainda morre de saudades de sua família brasileira e mantém constante contato com todos e com Estela, mas Artur, assim que o avião da família real da Krósvia deixou o solo brasileiro, aprece ter esquecido tudo o que eles sentiam um pelo outro e já desapareceu sem dar qualquer notícia.

Ana poderia ter se sentido mal com isso, mas a vida na Krósvia ia mudar em breve. Irina, a assistente do rei, estava cuidando de todos os preparativos para a apresentação de Ana como a princesa herdeira do trono krosviano, Ana tinha muito o que fazer e conhecer naquele país, então logo se esqueceu de pensar em Artur ou em qualquer relacionamento amoroso.

Logo no primeiro dia de Ana no castelo, enquanto ela visitava a biblioteca do castelo, foi surpreendida por um homem igualmente lindo e carrancudo. Ele não acreditava nos motivos que haviam levado Ana até lá e a tratava com desprezo e ceticismo. Ele era Alexander, enteado do rei, agora viúvo, e potencial herdeiro do trono da Krósvia, caso o rei não deixasse um herdeiro legítimo.

Alexander tem o carinho do rei, mas não deixa de transparecer para ele que desconfia de Ana. Por isso, uma das formas que encontra para estar sempre por perto é oferecendo-se para ser tutor de Ana durante o período em que ela ficar na Krósvia, levando-a para passear e mostrando o país para ela.

Ana fica um pouco incomodada com isso, mas ao mesmo tempo, tudo o que conhece parece tão legal, que em muitos momentos ela nem se lembra de que ele é um chato que pensa que ela está querendo se aproveitar da bondade do rei para dar um golpe. Porém, aos poucos, eles começam a se entender um pouco mais e Ana consegue descobrir que por trás de toda aquela carranca havia um rapaz muito mais cativante e simpático do que o que ele pretendia mostrar a ela.

Simplesmente Ana é uma linda história de conto de fadas moderno, cheio de elementos atuais e próprios de uma sociedade atual, mas ao mesmo tempo, com a magia e a poesia que apenas uma história de reis e princesas pode ter.

Simplesmente Ana nos transporta para um mundo onde os contos de fadas se tornam realidade, mas principalmente, nos apresenta a um príncipe absolutamente irresistível, um verdadeiro mocinho literário, que tira o ar até da mais insensível das leitoras.

O livro é absolutamente bem escrito, com cuidado com as palavras e com a gramática. Não se observam erros de português, nem frases mal formuladas, o que representa uma escrita primorosa e uma revisão muito bem feita. Marina Carvalho foi extremamente bem sucedida em Simplesmente Ana, que é seu primeiro romance. Já faz alguns dias que terminei a leitura, mas não consigo esquecer Alexander e Ana e a sua linda história.

Simplesmente Ana é altamente recomendado para quem deseja sonhar acordada.

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[Resenha] A Aposta 2 – Vanessa Bosso

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Título: A Aposta 2

Autora: Vanessa Bosso

Editora: Amazon

Ano: 2014

Páginas: 2015

Lex e Nina estão de volta, mais explosivos e apaixonados do que nunca. Um pedido de casamento entra em cena, juntamente com uma Bárbara louca de ódio e sedenta por vingança. O que a Kibiscate aprontará desta vez? Conseguirá finalmente separar o casal mais divertido da literatura brasileira? Façam suas apostas. A Vingança Mor está prestes a começar.

O que eu achei de A Aposta 2?

A Aposta 2 é a deliciosa continuação de A Aposta, o livro mais explosivo dos romances nacionais que eu li até o momento. Nesta história, o casal Lex e Nina está feliz e apaixonado, em um relacionamento estável, ainda que com algumas briguinhas típicas de pessoas tão orgulhosas como só aqueles dois.

Lex está decidido e logo no começo do livro faz o pedido de casamento a uma Nina relutante, mas que acaba aceitando. Agora eles estão planejando todos os detalhes dessa união, com todos os amigos do casal. Só que, é claro, as coisas não poderiam ser assim tão simples para os dois.

Bárbara, a Kibi dos infernos, está com seu desejo por vingança cada vez mais apurado e, ao invés de seguir com sua vida, passou os últimos anos planejando algo catastrófico para separar o casalzinho feliz. Desta vez ela não está para brincadeira e usará todas as armas que estiverem ao seu alcance para detonar com o que era pra ser o final feliz e perfeito.

A trama segue o ritmo empregado em A Aposta e, apesar de ser uma leitura mais curta, não deixa nada a desejar em questão de emoção e ação. Lex e Nina são tão explosivos que qualquer evento que os envolva pode ser tudo, menos tranquilo.

Vanessa conseguiu dar uma direção interessante ao roteiro de A Aposta 2, mostrando que às vezes não é porque o casal se beija no final que isso significa que tudo será um mar de rosas. Com a sua habilidade já conhecida de prender a atenção do leitor, a autora não nos dá sossego enquanto não chega o final do livro, nos deixando em cada final de capítulo com a necessidade quase vital de ler o próximo.

Gostei muito do desenvolvimento da história e dos personagens, só não fiquei muito feliz com o desfecho de alguns deles, mas é a vida, né gente? Talvez eu estivesse imaginando um final Disney demais, e não era o caso.

Assim como o primeiro livro, recomendo muito a leitura de A Aposta 2, pois é adrenalina e diversão na certa!

A Aposta 2 está disponível na Amazon.

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[Resenha] A Aposta – Vanessa Bosso

a aposta

Título: A Aposta

Autora: Vanessa Bosso

Editora: Novo Conceito

Ano: 2015

Páginas: 275

Uma viagem de formatura. Uma aposta perigosa. Lex, o galinha do colégio, terá apenas sete dias para derreter o congelado coração de nina, a garota que odeia quem use cuecas. Nina enlouquece quando descobre sobre a grande aposta do ano. E agora ela quer sangue: o sangue de lex. Em meio a chantagens, intrigas, vinganças, diálogos ácidos, aventuras, romance e momentos hilários, as páginas desse livro entrarão em combustão espontânea. Quem sairá vencedor? Façam suas apostas. O jogo de sedução está prestes a começar.

O que eu achei de A Aposta?

A Aposta é uma obra voltada para o público adolescente, por isso, é de leitura rápida e com vocabulário bastante descontraído. A história, escrita pela autora Vanessa Bosso, está ambientada no universo de garotos e garotas de classe alta, que estudam em um colégio chique de São Paulo. Por esses elementos, além de outros que vamos percebendo ao longo do livro, a história parece estar dentro do estilo adotado para criação dos enredos de Malhação. Nada mal para atrair um público que tem se destacado como consumidor de literatura (Sim, há esperança para o futuro das nossas gerações!!).

Falando especificamente de A Aposta, a história começa com Nina e Lex, o lindo, charmoso, sedutor Alexandre Heinrich (que me remeteu às primeiras temporadas da Malhação, quando eu ainda era o público alvo do programa, diga-se de passagem) tendo uma discussão DAQUELAS, sobre uma aposta que envolvia a pobre da Nina. Claro que a garota havia ficado indignada e partido com tudo pra cima de Lex.

Ela descobre que Lex havia apostado com a galera toda da escola uma grana altíssima de que ele conseguiria conquistar Nina. Achando que ia virar o jogo, Nina resolve mudar o rumo da Aposta e propôs a seguinte alteração: se ela se apaixonasse por ele, ela pagava o valor de todos os apostadores. Com certeza absoluta que ganhariam a parada, Lex e Nina entram de cabeça no maior jogo de sedução da vida deles – e da história do Colégio Prisma. A aposta aconteceria no destino de férias da turma, na Ilha Inamorata, onde ficariam por sete dias.

Claro que, além de lutarem contra eles mesmos e a inegável atração que sentem um pelo outro, Lex e Nina tem um obstáculo pra lá de desagradável, que é a Bárbara, a patricinha megera da escola, que tem uma verdadeira obsessão por Alexandre e ódio mortal de Nina, que já havia feito a garota passar por uma humilhação no colégio. Rancorosa até o último fio de cabelo, Bárbara resolve mostrar suas garras e usar das mais baixas chantagens para melar o romance que até ela mesma tinha que admitir que estava prestes a acontecer.

Nina terá a ajuda de suas amigas Lais e Nathália e Lex a do seu fiel escudeiro Gancho. Esses personagens também tem uma participação importantíssima no desenrolar da história e no andamento da Grande Aposta. Na minha humilde opinião, mereceriam até spin-offs.

Assim está dada a largada no livro e na Aposta. A leitura é super rápida, dinâmica e divertida, com momentos de alta tensão entre os dois protagonistas. Como sempre, a escrita de Vanessa envolve o leitor de uma forma que é impossível largar o livro…. fui dormir de madrugada e apenas porque estava exausta, e não tinha dado conta de ler mais do que as dedicatórias de A Aposta 2.

Mesmo sendo um livro voltado para o público adolescente, A Aposta é uma leitura divertida e com a cara do verão escaldante da minha querida cidade. Juro que bate aquela vontade louca de marcar uma viagem, curtir uma praia com biquínis coloridos e coleções de chinelos. Vale muito a pena ler.

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[Resenha] Fim – Fernanda Torres

fim

Título: Fim

Autora: Fernanda Torres

Editora: Companhia das Letras

Ano: 2013

Páginas: 203

O público brasileiro acostumou-se a ver Fernanda Torres no cinema, no teatro ou na televisão .Com ‘Fim’, seu primeiro romance, ela consolida sua transição para o universo das letras. O livro focaliza a história de um grupo de cinco amigos cariocas. Eles rememoram as passagens marcantes de suas vidas – festas, casamentos, separações, manias, inibições, arrependimentos. Álvaro vive sozinho, passa o tempo de médico em médico e não suporta a ex-mulher. Sílvio é um junkie que não larga os excessos de droga e sexo nem na velhice. Ribeiro é um rato de praia atlético que ganhou sobrevida sexual com o Viagra. Neto é o careta da turma, marido fiel até os últimos dias. E Ciro, o Don Juan invejado por todos – mas o primeiro a morrer, abatido por um câncer. São figuras muito diferentes, mas que partilham não apenas o fato de estar no extremo da vida, como também a limitação de horizontes. Sucesso na carreira, realização pessoal e serenidade estão fora de questão – ninguém parece ser capaz de colher, no fim das contas, mais do que um inventário de frustrações. Ao redor deles pairam mulheres neuróticas, amargas, sedutoras, desencanadas, descartadas, conformadas. Paira também um padre em crise com a própria vocação e um séquito de tipos cariocas. Há graça, sexo, sol e praia nas páginas de ‘Fim’. Mas elas também são cheias de resignação e cobertas por uma tinta de melancolia

O romance de estréia de Fernanda Torres foi uma grande surpresa para mim. Confesso que, como a maioria das pessoas, fui muito atraída a lê-lo por conhecer e gostar da sua atuação como atriz, mas não foi só isso. A capa também me agradou muito, além do título, altamente instigante.

O que eu achei de Fim?

O livro Fim conta a história de cinco amigos cariocas, que contam suas lembranças mais marcantes, principalmente as que envolvem o convívio com estes amigos. O interessante destas cinco vidas, que são conhecidas a partir do seu ponto final, é que não são exemplos de trajetórias, nem mesmo experiências das quais eles podem se orgulhar. Fim narra o resultado de uma série de escolhas erradas e insensatas, tanto do ponto de vista dos protagonistas, como de suas esposas, parte importantíssima na história deles.

Em Fim, ao contrário de outros que li ultimamente, a multiplicidade de narradores não confundiu a leitura. A forma como foi construído, sem respeitar a cronologia e alternado entre narração de fatos da vida dos homens e suas mulheres, nos permite ir montando aos poucos o quebra-cabeça da amizade dessas cinco figuras tão diferentes e tão igualmente frustradas.

Em muitos momentos era possível ouvir a voz de Fernanda narrando a história para nós. Porém, em vários momentos da história, era fácil acreditar que o livro tinha sido escrito por um homem, tamanha capacidade de construção do eu-lírico no momento da narrativa pela perspectiva masculina.

Fim foi uma surpresa, pois não acreditei que gostaria de ler uma história com um perfil tão diferente do que eu tenho lido nos últimos meses, mas ao final só pude chegar a uma conclusão. A obra é magnífica, simples e direta. Me conquistou.

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[Resenha] O Homem Perfeito – Vanessa Bosso

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Título: O Homem Perfeito

Autor: Vanessa Bosso

Editora: Novo Conceito

Ano: 2014

Páginas: 224

O homem perfeito existe? Apesar de ter vivido relacionamentos turbulentos, Melina está convicta de que, um dia, encontrará o seu homem perfeito. Tanto é verdade que escreveu um pedido ao universo, descrevendo este ser impossível nos mínimos detalhes. O que ela não imagina é que já teve o seu homem perfeito em mãos e o perdeu para sua arqui-inimiga… oh, céus, será que para sempre? Divirta-se com essa comédia romântica e descubra que amores perfeitos não existem, já almas gêmeas… ah, isso sim!

O que eu achei de O Homem Perfeito?

O Homem Perfeito, de Vanessa Bosso, é um romance divertido e fofo, desses que a gente começa a ler e não consegue parar enquanto não chegar o final. O livro conta a história de Mel, uma publicitária que começa a história com uma tragédia completa. Seu namorado e chefe, Roger, foi pego com a boca na botija e a reação de Mel foi nada mais nada menos que partir pra ignorância pra cima dele e ficando ao mesmo tempo, sem namorado e sem emprego, porque foi demitida por justa causa.

Com isso, ela resolveu pegar as suas coisas e voltar para a sua cidade natal, Parati. Lá ela viveria na casa de seu pai e seus avós, uma linda pousada, que vive cheia de turistas. Tudo ia razoavelmente bem, até que ela fica sabendo que Bernardo, o seu primeiro namorado, está na cidade, trabalhando no mesmo hospital do seu pai e que ele, ainda por cima está noivo. Da menina que ela mais odeia, Samantha.

Depois de relutar bastante, ela acaba cedendo e aceitando a oferta de seu pai para trabalhar na renovação da marca do hospital, já que ela é publicitária. Ela não está muito confortável com a situação de ter que se encontrar com Bernardo e a sua noiva, que também é médica, mas vai mesmo assim. Só que, claro, o inevitável acontece e os dois acabam se esbarrando.

Antes era apenas o sentimento de culpa, por ela ter aprontado no passado, quando ainda namorava com ele, mas agora, além do fato de ele estar noivo da pessoa que estragou tudo alguns anos atrás, Bernardo estava transformado. Lindo, moderno, sarado, bem sucedido. Um cara que continuava sendo, por dentro, o nerdzinho que ela conheceu e por que se apaixonou, mas agora com uma capa de maturidade e virilidade, que tornavam o pacote bem mais atraente. O homem perfeito.

Desse reencontro surgem diversas situações divertidíssimas, já que a Mel tem o dom de se colocar nas piores enrascadas e Bernardo está tentando cumprir apenas com o papel de bom moço que sempre teve.

A história de Mel e o seu passado, que influenciaram a forma como ela vive e encara os relacionamentos hoje em dia são uma chave muito importante para o desenvolvimento da história. Os personagens mais velhos passam lições importantíssimas no livro, e conseguimos ver o crescimento da personagem, conforme tem que enfrentar os seus fantasmas e seus traumas antigos com a mãe.

Gostei muito da história de O Homem Perfeito e a forma como os personagens se apresentam. Eu teria muito mais elogios a fazer a essa história, mas acabaria dando algum spoiler e estou lutando bravamente contra isso nesse texto.

Sobre o livro, tenho a dizer que dos três que li até agora, creio que esse seja o melhor. A história é muito rica e a forma natural e verdadeira com que os personagens são construídos torna tudo muito mais fácil, conseguimos nos apegar facilmente ao enredo de O Homem Perfeito.

A escrita da Vanessa é algo que me agrada demais, principalmente porque percebo nela algo que é raro em autores nacionais, principalmente os independentes: o cuidado com a gramática e a ortografia, uma preocupação com a coesão e coerência, com detalhes onde a história se amarra e se torna algo completo, sem remendos nem furos. Ao ler um texto dela, percebo claramente que se trata de uma obra que foi incansavelmente revisada, lapidada, para que o resultado não fosse apenas mais um livro publicado, pra vender e ganhar dinheiro, apenas, mas sim, para que o resultado fosse uma história envolvente e da qual ela pudesse se orgulhar de ter escrito. Com certeza, com O Homem Perfeito, ela pode.

Este post foi atualizado após a publicação do livro O Homem Perfeito pela Editora Novo Conceito.

Publicado em Resenha

[Resenha] As Crônicas de Nárnia – C.S. Lewis

as crônicas de nárnia

Título: As Crônicas de Nárnia

Autor: C. S. Lewis

Editora: Martins Fontes

Ano: 2009

Páginas: 752

Viagens ao fim do mundo, criaturas fantásticas e batalhas épicas entre o bem e o mal – o que mais um leitor poderia querer de um livro? O livro que tem tudo isso é O leão, a feiticeira e o guarda-roupa, escrito em 1949 por Clive Staples Lewis. Mas Lewis não parou por aí, seis outros livros vieram depois e, juntos, ficaram conhecidos como As crônicas de Nárnia.

Nos últimos cinquenta anos, As crônicas de Nárnia transcenderam o gênero da fantasia para se tornar parte do cânone da literatura clássica. Cada um dos sete livros é uma obra-prima, atraindo o leitor para um mundo em que a magia encontra a realidade, e o resultado é um mundo ficcional que tem fascinado gerações.

Esta edição apresenta todas as sete crônicas integralmente, num único volume magnífico. Os livros são apresentados de acordo com a ordem de preferência de Lewis, cada capítulo com uma ilustração do artista original, Pauline Baynes. Enganosamente simples e direta, As crônicas de Nárnia continuam cativando os leitores com aventuras, personagens e fatos que falam a pessoas de todas as idades, mesmo cinquenta anos após terem sido publicadas pela primeira vez.

O que eu achei de As Crônicas de Nárnia?

Demorei minha vida inteira para começar a ler As Crônicas de Nárnia. Desde criança ouço falar dessas histórias, de sete livros lindamente escritos por um autor que tinha o dom para escrever para crianças e que encantava os adultos. Por alguma razão desconhecida até para mim, fui deixando pra depois e nunca lia. Quando os filmes começaram a ser lançados, eu me lembrei de que já haviam me sugerido ler essas histórias, então passei a incluí-las em minhas listas de leitura.

Como todos sabem – e a maioria faz – essa história de fazer listas de leitura acaba nos complicando a vida, porque tem sempre um livro que passa na frente do outro, sempre tem um lançamento que você precisa ler AGORA. Então, a leitura acabou ficando pra dezembro de 2013. Posso dizer que esse livro fechou com chave de ouro o meu ano literário.

As Crônicas de Nárnia são compostas por sete livros, publicados originalmente em uma ordem diferente da ordem de leitura proposta pelo próprio C. S. Lewis – e que é a ordem adotada pelo volume único, que foi o que eu li. Elas contam a história de algumas crianças que, em determinado momento de suas vidas, acabam indo parar, de formas diferentes, em um país completamente diferente do que elas vivem: Nárnia.

Nárnia é uma terra mágica, onde animais falam, há seres mitológicos como os faunos, as dríades e náiades, e as coisas seguem uma lógica diferente da lógica do nosso mundo. Ali, as crianças vivem aventuras intensas e inesquecíveis, ao lado desses seres fantásticos e desempenham papeis de destaque em vários episódios importantes da história de Nárnia.

Ao longo de todas as crônicas somos apresentados à história completa de Nárnia, desde sua criação, já que no primeiro livro, as crianças vão parar em um mundo paralelo que existia antes de Nárnia ser criada, até a sua gloriosa existência em paralelo com os outros países. Na história de Nárnia, Aslam, o Leão, é o personagem central e mais importante, embora não apareça muito em todas as histórias. Alguns outros seres tentam a todo custo derrotá-lo, mas sua força é tamanha que essa empreitada normalmente não acaba bem para eles. É através de Aslam que as crianças chegam e saem de Nárnia e é com a permissão delas que elas poderão voltar um dia.

Ao mesmo tempo em que é apresentado como um ser de tamanha força e poder, Aslam parece compreender as crianças de um jeito todo especial. Ele sabe quando alguém está sendo sincero e se essa pessoa fez ou não algum esforço para agir conforme o que ele determina. Dentre as crianças e os animais, nenhuma atitude errada ou certa escapa à percepção do Grande Leão. Ele tem uma voz temível e ao mesmo tempo doce, que afasta aqueles que não o compreendem e atrai cada vez mais aqueles que conseguem ouvi-lo falar em sua língua. Ainda que seja uma fera perigosa, é manso e brincalhão com as crianças e se aproxima delas quando se aproximam dele. Ele inspira confiança.

As crianças que mais aparecem na história são os quatro irmãos Pevensie, crianças que conhecem Nárnia ao entrarem em um guarda-roupa que ficava em uma sala vazia na casa do Professor Kirke, onde elas estão passando uma temporada, em razão da guerra. Quando elas chegam lá, cada um a seu tempo, e com uma atitude em relação a tudo o que acabam de conhecer, Nárnia é uma terra assolada por um inverno que não acaba e onde nunca é Natal. Tudo isso é fruto de acontecimentos muito antigos, que resultaram do que acontece em O Sobrinho do Mago, o primeiro livro.

Ao longo das crônicas, as quatro crianças acabam assumindo um papel bastante importante e mesmo nas crônicas em que não são os personagens principais, são mencionados com frequência e são lembrados sempre como os reis e rainhas dos tempos áureos de Nárnia.

As crianças voltam algumas vezes, mas chega um momento em que não podem mais voltar a Nárnia. O que viveram ali deverá ser parte delas no nosso mundo e elas não devem se esquecer de Aslam, mas sim, identificá-lo no nosso mundo, pois aqui ele não aparece como aparece lá. Esse é um dos grandes ensinamentos do livro.

A história foi escrita há muitos anos, mas ainda assim, por ser um livro escrito para crianças, a sua linguagem é fácil e a leitura é rápida. Li em menos de duas semanas o volume completo. As lições passadas pelo autor são demonstradas de uma forma tão simples, que deixa até os adultos com o queixo caído. Coisas simples, como a obediência e a sua consequência, a paciência em esperar a hora e o jeito certo para as coisas e os frutos bons que são colhidos disso, nos mostram que as coisas foram feitas de um modo simples e foram feitas para serem fáceis, mas somos nós que complicamos tudo e estragamos o que poderia ter sido tão bonito.

Nessa leitura eu me emocionei, me assustei e me coloquei no lugar das crianças muitas vezes. Quando elas agiam certo ou errado, eu me via pensando em como seria a minha atitude se eu estivesse lá.

Ler As Crônicas de Nárnia é sair de nossa dimensão e olhar a nossa própria história de fora, de outra perspectiva. Desse ponto, as coisas parecem muito mais simples do que são quando estamos vivendo tudo do lado de dentro. O que me faz pensar se não é isso realmente o que acontece. Está tudo ali de bandeja na nossa frente. Somos alertados dos perigos e do que nos poderá distrair do objetivo final. Somos alertados do que nos espera se obedecermos as regras e se as desobedecermos também. Temos todo o mistério desvendado em nossa frente e, por nossa própria impaciência, incredulidade ou imediatismo, acabamos misturando tudo e bagunçando o que estava tão fácil de fazer.

Por isso, o livro é mais do que recomendado. É obrigatório para crianças e adultos. E não para uma única leitura, mas para várias e várias.