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[Reflexões] Socorro, não tenho tempo – Parte 5

Temos falado em alguns posts sobre as lições ensinadas no livro Socorro, não tenho tempo. A cada capítulo somos levadas a refletir sobre nosso papel com mulheres cristãs, na família, na igreja e na sociedade, quando desempenhamos uma atividade profissional fora do lar, ou à parte dele.

No post de hoje o tema é “Relacionamento”. As nossas amizades influenciam muito em como levamos as nossas vidas, seja para o bem ou para o mal. Por isso, é essencial aprender a identificar quais relacionamentos merecem nossa atenção mais dedicada e quais relacionamentos precisamos realmente abandonar.

Vamos começar por esses, pois o critério é bem simples. Você consegue identificar amizades que são essencialmente mundanas e não nos aproximam do Senhor? Estas pessoas, ao invés de nos levarem a termos um relacionamento mais próximo com Deus, ou a estudar mais a Palavra, acabam nos influenciando a ter uma prática de vida que é contrária à Palavra de Deus. Neste caso, quanto menos tempo estivermos envolvidas com essas pessoas, melhor. É importante ir se afastando deste tipo de amizades e buscar ter mais tempo investido em relacionamentos que nos aproximam de Deus.

Os relacionamentos que merecem nossa atenção, são, como já indiquei, os que nos aproximam de Deus. Devemos investir tempo em amizades que nos ajudam a melhorar como pessoa, que confrontam nossos pecados em amor e nos ensinam, com palavras e exemplos.

Além disso, devemos estar perto de pessoas que precisam de amizade. Sabemos o quanto é ruim estarmos sozinhas ou isoladas em um ambiente e devemos trabalhar para que as pessoas se sintam acolhidas em nosso meio, seja na igreja ou em outros locais. Eu já passei por essa situação de não me encaixar em nada e não é nada legal. No fim das contas, eu acabo me afastando de ambientes onde me sinto um peixe fora d´água, mas também não gosto de me sentir sozinha, por isso, investir em novas amizades e tentar criar alguns vínculos tem sido meu desafio nos últimos tempos.

Outro tipo de relacionamento que precisamos ter é aquele com pessoas que não professam a mesma fé que a nossa. Isso não significa que vamos nos distanciar da nossa fé, nem relativizar princípios bíblicos em nome da boa convivência, mas sim, que podemos aprender muito com estas pessoas, sobre como elas pensam e em como sua fé, se tiverem alguma, influencia seu modo de viver. Também pode ser uma boa oportunidade de desfazer preconceitos com relação aos cristãos, considerando os vários escândalos e polêmicas que tem sido televisionados nos últimos tempos, e o péssimo testemunho de algumas pessoas que acabam influenciando na opinião dos de fora e os afastando mais ainda do Evangelho.

O capítulo do livro traz alguns exemplos mais práticos de como investir ou se afastar de relacionamentos, conforme seja o caso, mas como eu havia dito, o propósito desta série de posts é trazer mais claros os pontos que me chamaram atenção. Se você leu o livro, me conte o que achou. Se não leu, mas tem algo a contribuir sobre esses textos, também me diz aí nos comentários a sua opinião!

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[Reflexões] Socorro, não tenho tempo – Parte 2

Na semana passada comecei a falar sobre o que eu aprendi com o livro Socorro, não tenho tempo, da Carolyn Mahaney e publicado pela Editora Monergismo.

Como eu havia comentado com vocês, vou contar com um pouco mais de detalhes sobre os pontos dessa leitura que me chamaram a atenção. O livro traz cinco dicas sobre como equilibrar nossas funções como mulheres, evitando o sentimento de frustração de não conseguir fazer tudo o que queremos.

Embora a premissa do livro parta do fato de termos muito o que fazer e pouquíssimo tempo, a primeira dica parece ir na contramão disso. Para saber orientar bem nossas ações e estabelecer sabiamente as nossas prioridades, precisamos nos sentar.

Planejamento é essencial. Quando estamos desesperados diante de tudo o que precisa ser feito no dia, parece ridículo pensar que a primeira coisa que precisa ser feita é sentar e programar nossas atividades. Eu já pensei assim. Mas de tanto correr atrás do rabo, fazer mil coisas e acabar o dia com a sensação de tempo perdido, resolvi começar a colocar em prática essa dica. Funciona.

A primeira dica do livro é acordar cedo. Se você trabalha fora, como eu, provavelmente tem que acordar cedo todos os dias. Mas calma, que tem coisas importantes pra nós aqui também.

Essa dica é essencial pra quem trabalha em casa, pois adiantar tudo o mais cedo possível torna o dia mais tranquilo, e ainda nos faz ganhar tempo para atividades que gostamos de fazer. Quando eu trabalhei de casa, acordava cedo, organizava tudo o que estava previsto pro dia e, em muitos dias, sobrava um tempo pra ler, escrever pro blog, sair com a minha mãe e até mesmo me dedicar a algum hobby.

Como hoje acordar cedo é uma rotina, já que eu tenho que estar na empresa em um horário determinado, o conselho muda um pouco, mas continua importante.

Nós ficamos cansadas. Quando o despertador toca, ficamos muito tentadas a apertar o soneca e ficar mais uns minutinhos na cama. Nós nós planejamos pra acordar em cima da hora, fazemos tudo correndo e já saímos de casa tão aceleradas, que fica difícil até acompanhar a velocidade dos nossos pensamentos. Quanto mais nos organizar pra que as coisas fluam corretamente.

E se a gente começasse a pular da cama assim que o alarme toca, e nos arrumarmos com foco, rapidamente, mas ao mesmo tempo sem afobação? Quando eu faço isso consigo até alguns minutinhos a mais pra me sentar com calma e pensar no meu dia, fazer uma oração e tomar um café quentinho.

Isso me ajuda a começar o dia com mais bom humor, o que afeta diretamente meu relacionamento com o meu marido e me ajuda a seguir ao longo do dia com mais tranquilidade. Sem aquela sensação de estar sempre atrasada.

Normalmente são necessários apenas dez minutos pra começar o dia bem. Nos próximos posts vou falar um pouco mais sobre o que fazer nesses primeiros dez minutos do dia, mas por enquanto, vamos ficar com a noção de simplesmente sair da cama assim que o celular tocar, certo?

A partir de amanhã, assim que o celular tocar, saia da cama, lave o rosto e se for necessário, já tome uma xícara de café.

Depois, se arrume o mais rápido possível, sem correr, mas sem enrolação. Deixar a roupa separado no dia anterior pode te fazer ganhar minutos preciosos de manhã.

Depois de cuidar de você, sua próxima prioridade é a família. Como mulher cristã é casada, quero buscar atender às necessidades do meu marido e do nosso casamento.

Isso pode significar deixar a mesa do café da manhã posta no dia anterior para que vocês façam a refeição juntos pela manhã, ou então preparar um lanche para ele levar ao trabalho.

Se você tem crianças, imagina que maravilha é ter tempo para preparar as lancheiras, vesti-los e sair de casa com mais calma?

Minhas amigas feministas devem estar torcendo o nariz pra essa parte do texto. Mas calma. Como cristão, meu marido atende minhas necessidades e cuida do nosso casamento, então da minha parte, posso identificar formas de cuidar dele também. Não há nada de degradante nisso, quando cada um exerce seu papel.

Sem contar que, se o dia começa em um ritmo mais ordenado, o trabalho que temos pela frente é desempenhado com mais tranquilidade também. Seja em casa, ao conseguirmos encadear cada tarefa doméstica de forma mais produtiva e deixando nosso lar aconchegante e confortável, seja no escritório, ao atuar em cada uma de nossas responsabilidades entregando-as com qualidade e mantendo a serenidade.

É difícil? Demais. Mas é um exercício que com o tempo vai nos moldando, e vamos nos acostumando a fazer as coisas dessa forma.

Eu ainda estou nesse processo. A leitura desse livro me ajudou a identificar algumas coisas que eu ainda tenho que aplicar na minha vida. Fico feliz de já ter como hábito algumas das dicas que elas dão e quero me esforçar para aplicar as outras.

Como você começa o seu dia? Você acha que acordar mais cedo pode te ajudar a ter um dia melhor? Conta pra mim como é a sua rotina matinal e se já aplica algum destes conselhos, o que isso mudou pra você.

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[Dica] Clubes de assinatura de livros, vale a pena?

Quem ama ler ama também compartilhar as leituras com outros leitores, não é mesmo? Por isso, fazemos nossa conta no Skoob, no Goodreads, criamos um blog e, além de escrever resenhas de cada leitura, começamos a escrever sobre temas relacionados a esse mundo literário. Fazemos amigos, criamos comunidade, montamos um clube do livro, seja ele virtual ou presencial.

É natural nos aproximarmos de quem tem interesses em comum com os nossos. E é nessa onda que surgem as caixinhas dos clubes de assinatura de livros. Há uma infinidade por aí, pra escolher conforme o seu perfil, e parece que é algo que chegou pra ficar.

As caixinhas desses clubes de assinatura começaram com kits de produtos de beleza, que tinham a finalidade de apresentar novas marcas aos clientes. Depois vieram as de conteúdo nerd e geek, as de vinhos, de cerveja e hoje há praticamente um clube de assinatura pra cada gosto pessoal.

Os clubes de assinatura de livros começaram trazendo livros em edições diferenciadas, itens relacionados ao universo literário e aos livros do mês, além de marcadores, canecas, bottons e outras coisas que nós leitores amamos colecionar.

Nessa onda, acabei me rendendo a dois perfis de caixinhas. Um que eu continuo assinando (e pretendo continuar, caso o projeto seja renovado para o ano que vem) e um que eu cancelei há alguns meses. Embora sejam diferentes em si, há alguns pontos que me chamam a atenção e que me fizeram tomar estas decisões.

A ideia aqui não é comparar duas realidades diferentes, mas sim, os pontos que esses dois clubes de assinatura tem de diferente. No fim, é uma forma de mostrar o que me faz contratar um clube de assinatura e o que me faz cancelar a inscrição.

Muito bem. os dois clubes de assinatura que conheço são o Clube de Romance da Carina e a Box 95.

Clube de Romance da Carina:

Uma caixa contendo dois livros, brindes que se relacionam com a história e marcadores e cards, além de uma carta escrita pela autora, que é curadora do projeto. Os livros enviados são os seus favoritos e também alguns inéditos. O envio da caixa é bimestral e o valor de cada uma é R$ 69,80 + frete.

Box 95

Uma caixa contendo livro lançamento, item surpresa, marcador, paper toy, cartão postal, revista, pôster personalizado, ajuda missionária. O envio é mensal e o valor de cada caixa é 69,90, frete incluso.

Preço

O preço das duas é o mesmo, porque pagamos por caixa. Nos dois casos, o valor pago acaba sendo igual ou superior ao de comprar o livro na livraria. É claro que com isso perderíamos a experiência do ineditismo no lançamento em alguns casos, mas poderíamos esperar pra comprar o livro em uma promoção e quando (e se) fôssemos realmente ler. Por isso, o preço não era um fator determinante quanto a assinar ou não essas caixinhas.

Prazo

Os livros da caixa dos dois clubes são enviados por volta do dia 10 do mês. Mas, no caso do Clube da Carina, o recebimento é bem mais rápido. Todos os assinantes recebem as caixas dentro da mesma semana, começam a ler e a publicar seus posts e resenhas juntos e a fazer burburinho virtual sobre o livro.

A caixinha da Box 95 chega em cada região do país em um período diferente. No meu caso, mesmo morando no estado de São Paulo, eu era uma das últimas a receber, o que acabava frustrando um pouco a experiência e bagunçando minha programação de leitura.

Experiência

A questão da experiência fica muito ligada ao prazo de entrega dos produtos, mas também a outros elementos.

No caso da Box 95, a demora na entrega acabava colaborando pra estragar as expectativas. Na maioria das vezes a caixinha chegava depois do começo da campanha de divulgação do mês seguinte e, em vários casos, tinha unboxing na página da própria Box 95 de uma experiência que eu ainda não havia recebido.

Isso sem mencionar a falta de noção dos próprios assinantes, que postavam a caixa aberta nas redes sociais, sem avisar sobre spoilers. Eu sempre via todo o conteúdo antes de receber a minha caixa e a expectativa morria ali. Claro que isso não era culpa da Box 95. Mas… – e sempre tem um mas! – a Box 95 também era mestre em estragar a própria experiência que vendia.

A cada dia eles publicam uma dica sobre o livro do mês. Pedaços da capa, trechos do título, de páginas internas ou do nome do autor. Nos comentários, várias pessoas que descobriam colocavam o nome e, com isso, tudo perdia a graça.

No caso do Clube da Carina, o fato de recebermos as caixinhas em datas muito próximas, faz com que a experiência seja intensa. Ninguém sabe nada, recebe a caixa junto, abre junto e quando vai postar o conteúdo, avisa que é spoiler. Assim, ninguém estraga a brincadeira de ninguém. A própria Carina e a editora fazem a campanha em cima de dicas muito genéricas e usam como imagem de campanha apenas a imagem exterior da caixa (que é linda por si só).

Comunidade

A Box 95 tem um grupo no Facebook que não tem discussões sobre os livros. É meramente um espaço pra solicitar informações sobre os pedidos e, pasmem, pra postar foto do conteúdo aberto da caixa. Não há expansão de conteúdo quanto ao que foi enviado na caixa, nem dos temas dos livros, nem mesmo o incentivo a formar um clube de leitura (que seria a ideia inicial) entre os assinantes.

No Clube da Carina, os envios são bimestrais, mas a caixa contém dois livros. Não há um grupo no Facebook, mas dentro da caixa há um lembrete com as datas das lives em que serão discutidos os livros enviados (um por mês). Isso ajuda a nos organizar com outras leituras, nos força a ler para participar da discussão e cria comunidade enquanto dividimos experiências em comum com outros leitores e com a própria autora.

Brindes

Brindes são os itens que não são o livro em si, que são enviados dentro da caixa. A Box 95 falha bastante nesse quesito. Os brindes não são muitos. Recebemos apenas um marcador, da própria Box, que segue sempre o mesmo padrão, mole e em formato bem menor em relação ao que estamos acostumados.

Além disso, recebemos um paper toy de algum reformador que é feito de um papel não muito firme, às vezes vem dobrado em lugares errados, que deixam marcas no personagem depois de montado e, que sinceramente, não servem pra absolutamente nada a não ser ficaram expostos na mesa durante um tempo e acabarem soterrados pela papelada comum de se multiplicar em um escritório de leitor.

Também vem uma revista com artigos por diversos autores cristãos e às vezes relacionados com o tema dos livros (bem legal). O pôster vem dobrado e aí não dá pra fazer nada com ele, porque as marcas no papel deixam o aspecto bem ruim. Os meus acabaram todos no fundo da gaveta.

Muitas vezes o brinde surpresa é um segundo livro, mas quando não, é um item bem pouco útil. Pelo menos durante os treze meses que assinei, não recebi nada que pudesse usar no dia a dia. Uma pena

Na minha opinião, gastam muito com coisas à toa. Se usassem os valores gastos com o paper toy, o pôster vincado e o marcador mole, poderiam investir em itens que os leitores poderiam usar no dia a dia e que ajudariam inclusive a fazer propaganda e despertar interesse de novos assinantes. Pra mim, gera uma quantidade de lixo desnecessária, pois por mais que não joguemos fora junto com a caixa original, esses itens não sobrevivem ao Faxinão anual ou semestral.

Já a caixinha do Clube da Carina acaba fornecendo uma experiência inigualável quanto aos brindes que recebemos. Primeiro, que recebemos uma cartinha dela contando porque escolheu estes livros para aquela coleção. Além disso, recebemos marcadores dos livros que estão na caixa, marcadores do próprio clube e também, em alguns casos, de outros livros dos autores da caixa.

Os marcadores vem em qualidade alta, papel firme, tamanho grande e acabamento brilhante. Item de colecionador mesmo. Os cards que recebemos são relacionados aos livros, em papel firme também e com frases marcantes dessas histórias. Dá vontade de postar no Instagram, parece que foi feito pra isso mesmo!

Também recebemos um cupom de desconto (que eu acabo nem usando, porque o valor do frete faz o livro ficar mais caro que a Amazon).

Os brindes surpresa são o que dá o tom da experiência dessa caixinha. Além de todas as características que já comentei, recebemos dois ou três brindes surpresa, embalados em papel laminado que não nos deixa saber seu conteúdo. O principal destes itens é que estão relacionados ao livro inédito e contêm inclusive a indicação de página em que poderemos abri-lo. Assim, o brinde se torna parte da história e algo que sempre nos lembrará dela, mesmo depois de terminar a leitura.

Além disso, todos os brindes são úteis e são coisas que estou usando no meu dia a dia: chá, pingente, chaveiro, calendário, pote da gratidão e até mesmo um copo de café estilo Starbucks são exemplos de coisas que ganhei e que fazem parte do meu dia a dia.

Livros

Nas duas caixinhas a proposta é receber livros inéditos. A qualidade dos produtos também é muito boa, com livros em edições especiais e capa dura no caso da Box 95 e, no caso do Clube da Carina, de livros que chegam aos assinantes com três meses de antecedência do lançamento nacional. Em ambos os casos é uma excelente forma de conhecer autores e gêneros novos, ler temas que não estavam inicialmente na nossa lista e aprender com eles.

Conclusão

Eu cancelei a assinatura da Box 95. Por tudo o que disse aqui, apenas a qualidade dos livros não estava valendo a pena e a quebra da experiência acabou me decepcionando bastante. Eu cheguei a assinar os dois clubes de assinatura de livros ao mesmo tempo, e foi aí que a comparação ficou gritante, mesmo sendo propostas e públicos totalmente distintos. O que me fez manter uma e cancelar a outra foram estes aspectos que comentei aqui.

Embora o post tenha ficado um pouco longo, acho que foi necessário pra esclarecer bem o tema. Agora eu gostaria de saber de você, leitor, o que acha disso tudo? Participa de clubes de assinatura de livros? Acha que esqueci de algum ponto ou discorda de algo que falei? Deixe um comentário, vou adorar saber sua opinião.

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A way with words

A minha lembrança mais antiga é de um brinquedo bem simples: um saco de letrinhas de plástico, que eu ganhei na infância, e com as quais eu amava brincar. Lembro de passar horas montando palavrinhas, separando por cores, colocando em ordem e tudo o mais que se pode fazer com um brinquedo desse tipo.

Na verdade eu não lembrava desse brinquedo, até parar pra pensar sobre a pergunta do início do post. Veio aquela sensação boa, de nostalgia, quando lembrei das minhas letrinhas. Nem sei onde foram parar, pra quem minha mãe as deu quando eu cresci e comecei a brincar com as letrinhas no papel.

Foi aí que percebi que, não só a minha primeira lembrança é relacionada às letras, mas de certa forma, toda a minha trajetória na vida. Aprendi a ler e a escrever muito cedo e sempre gostei disso. Vivia perto de livros, em frente a estantes, perdida na seção de cadernos dos mercados e papelarias. Até hoje é assim.

As palavras são meu lazer, seja escrevendo um post pra cá ou lendo algum livro. Também são meu trabalho, na tradução. Estou sempre lendo alguma coisa, falando sobre o que eu li e escrevendo sobre isso. Nas férias, além de algumas outras coisinhas, voltei pra casa com cadernos e livros.

Não sei se é assim com todo mundo, mas no meu caso, percebi que não tinha mesmo como fugir desta minha trajetória. Se sempre gostei de ler e de escrever, nada mais normal do que trabalhar com texto o dia todo, e nada mais gostoso do que descansar colocando a mente em ordem em um diário, um post, ou me identificando com a mocinha de algum romance.

Não importa as voltas que o mundo deu, antes deste momento. O que começou com as letrinhas, voltou a elas, anos depois. Acho que tudo que acontece tem uma razão, que nem sempre a gente entende, mas o que é nosso, mesmo que afastado por um tempo, acaba dando um jeito de voltar. Com você também é assim?

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Leituras que Abandonei

Sempre digo que um livro merece ser lido até o fim, pois pode ser que a coisa mude. E sou obstinada demais pra simplesmente desistir e pular de livro em livro. Pois bem. Como eu sempre falo, cuspir pra cima é um convite inevitável.

Esse mês eu desisti de duas leituras. Não posso dizer que são livros ruins. Tem muita gente que amou, tem resenhas positivas e negativas, até aí tudo normal. Mas, depois de uma crise de laringite, uma crise de ansiedade, transição de carreira, planejamento de viagem… cheguei em um ponto onde eu não tive muita escolha.

Explico.

Com todo esse cansaço, eu não estava conseguindo me concentrar em praticamente nada. Quando finalmente consegui ler alguma coisa, foi um livro maravilhoso. Li, ri, chorei, conversei com outros leitores sobre ele, e tudo o que eu tinha direito.

Mas desde então, não consegui ler nada. Das duas tentativas, foram duas desistências. E nem posso dizer que eram livros ruins, porque não eram. Mas sabe quando você simplesmente não consegue se apegar, ou ter alguma vontade de voltar ao livro no dia seguinte? Eu estava assim.

Tinha vontade de fazer tudo: assistir Netflix, jogar Choices, fazer hidratação no cabelo, arrumar a casa… menos ler.

Fiquei uns dois dias sofrendo, mas depois de pensar muito, eu resolvi me concentrar no que eu estava fazendo e tomei algumas decisões.

Primeiro, decidi respeitar as minhas vontades e se não era o momento de ler, ok, eu ia fazer outra coisa. Assisti séries, filmes, redescobri as comédias românticas na Netflix e estou muito bem, obrigada.

Depois de um tempo eu estava com vontade de ler, mas não aqueles livros. Então eu não ia ler. Tinha feito uma escolha errada ao pegá-los na estante e me sentia obrigada a arcar com elas até a última página. Mas estava naquele dilema, como se o livro que eu não queria ler estivesse me culpando por pensar em fechá-lo e ir atrás de algo mais adequado.

Aí me lembrei de que:

  • não tenho parcerias com editoras no momento: então não preciso ler com prazo determinado e nem ter a obrigação de seguir um cronograma de leituras, resenhas, posts etc.
  • não estou lendo pra faculdade, então não preciso fazer uma prova sobre a leitura, ou lembrar de escrever a opinião do professor no lugar na minha.
  • Eu não vou jogar os livros fora, só devolver pra estante e pegar de novo quando der vontade.

Mas especialmente:

  • Eu estou de férias, comemorando uma super conquista profissional e quero/preciso/vou me agraciar com as leituras que me fazem bem e me encher de amor e me preencher de sonhos enquanto eu puder.
  • Ninguém paga as minhas contas e se eu quiser ler todos os romances de uma vez, antes de todos os thrillers, todos os policiais, todos os suspenses, todos os livros de teologia, tatu do bem!!

Diante disso, guardei os tais livros e agora estou aqui, prestes a voltar para a estante. E já sei exatamente qual deles eu vou pegar.

Pode ser que role uma resenha. Mas também pode ser que eu só fale um pouco sobre ele no podcast ou no instagram. Ou pode ser que eu só recomende pras minhas amigas. O que quer que eu tenha vontade de fazer. E vamos lá ser livres, certo?

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[Top Ten Tuesday] 10 Livros Que Eu Não Consegui Ler em 2018

O tema dessa semana é pra mim! A maioria da minha lista estava entre livros que eu coloquei na lista mas acabei nem chegando perto. Pra esse ano eu estou tentando pelo menos manter um livro por semana. Ainda estou conseguindo manter a média, então acho que vou me sentir menos triste e culpada por ter lido tão pouco ano passado (tenho falado muito isso aqui, eu sei…).

Aqui estão as principais leituras que foram adiadas em 2018. Os títulos não estão em nenhuma ordem específica, apenas fui colocando aqui conforme me lembrava deles, ok?

  1. Além das 95 teses – Stephen Nichols
  2. A Treliça e a Videira – Colin Marshall e Tony Payne
  3. Crônicas de Olam 2 – L. L. Wurlitzer
  4. Desvendando o Código Missional – Ed Stetzer
  5. As Boas Novas em Rute – Emilio Garofalo
  6. Quando a noite cai – Carina Rissi
  7. Casada Até Quarta – Catherine Bybee
  8. P.S. Ainda Amo Você – Jenny Han
  9. A transformação de Raven – Sylvain Reynard
  10. O que eu quero para mim – Lycia Barros

A maioria dos livros eu acabei adiando a leitura porque são parte de alguma série que eu ainda não tenho as continuações. Vou trabalhar nisso e tentar conseguir os volumes faltantes para poder fazer essas leituras. Não gosto de esperar demais dentro de uma série. Prefiro já pegar e ler tudo em seguida, pois de outra forma acabo me desconectando demais dos personagens e pra mim isso estraga um pouco a experiência de leitura.

Mas também há alguns livros dessa lista que eu preciso ler com mais calma e com mais tempo. No ano passado, eu administrei muito mal o meu tempo, por isso, não consegui me dedicar a estes livros. Espero que logo eu possa voltar a eles.

Ainda assim, pode ser que boa parte dessa lista continue na minha estante esse ano. Se essa categoria voltar no ano que vem eu posso fazer uma atualização de status pra vocês… quem sabe?

Mas agora eu quero saber de vocês. Quais os livros que vocês queriam ter lido em 2018 e acabaram ou deixando pra lá ou abandonando por algum motivo? Não vejo a hora de ler as suas respostas!!

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[Resenha] 9 Marcas de Uma Igreja Saudável – Mark Dever

9 marcas de uma igreja saudável

Título: 9 Marcas de Uma Igreja Saudável

Autor: Mark Dever

Editora: Fiel

Ano: 2007

Páginas: 312

O que constitui uma igreja saudável?

Uma grande congregação?

Estacionamento suficiente? Música vibrante?

Talvez você já leu obras sobre este assunto – mas não como esta. Nove Marcas de uma Igreja Saudável não é um manual de instrução para o crescimento de igrejas. É a recomendação de um pastor a respeito de como avaliar a saúde de sua igreja, usando nove qualidades negligenciadas por muitas das igrejas contemporâneas. Quer você seja líder, quer seja um membro envolvido no ministério de sua igreja, você pode cultivar essas qualidades em sua igreja, trazendo-lhe vida e nova saúde, para a glória de Deus.

O livro, que conheci na Conferência Fiel 2016, é uma leitura relativamente rápida. O título, em forma de lista, provavelmente remete o leitor a uma ideia de que o livro seja mais um daqueles manuais de como conseguir determinado resultado rapidamente. Entretanto, longe de ser um manual de estratégias e dicas de como colocar em prática um determinado modelo de igreja, a obra tem um enfoque totalmente diferente.

Mark Dever juntou, neste livro, reflexões e sermões pregados ao longo dos anos a respeito deste tema e, por isso, a leitura flui e se desenvolve como se estivéssemos ouvindo-o falar. Quem já assistiu alguma de suas palestras, ao vivo ou pelo YouTube, sabe que a clareza em expor suas ideias é uma marca de Mark Dever. Não é diferente com seu livro. Com frases curtas e objetivas, vocabulário simples e divisões dentro dos capítulos, chega-se diretamente ao ponto que se quer abordar e o leitor sente que seu tempo foi muito bem aproveitado.

Como bem destaca o autor em sua obra, o livro não busca esgotar o tema nas nove marcas, mas sim analisar estes nove aspectos que ele identificou como essenciais para que a saúde da igreja. Em cada um dos capítulos são exploradas estas características, demonstrando tanto a situação de uma igreja onde elas não estão presentes e fazendo o contraponto com exemplos em que podem ser reconhecidas. Além de exemplos práticos, o livro todo traz os fundamentos bíblicos para o que argumenta, descrevendo, várias vezes, o texto literal no corpo do livro, o que facilita bastante a leitura.

É um livro que serve muito bem tanto para quem está à frente de uma igreja quanto para quem quer, seja qual for a área de atuação, colaborar para sua melhora e crescimento, quanto para aqueles que pretendem identificar o nível de saúde do lugar onde estão. O livro traz alguns conselhos práticos sobre como atuar em algumas situações, mas o foco é em levar o leitor a refletir sobre cada um dos temas e buscar, dentro de seu contexto local, a melhor forma de colaborar com o corpo.

Foi o primeiro do Mark Dever que li e gostei muito. Em breve devo resenhar outro livro dele que estou lendo. Recomendo muito! Se você leu, vou gostar de saber o que você achou. Comente!

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[Resenha] Como se apaixonar – Cecelia Ahern

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Título: Como se apaixonar
Autor: Cecelia Ahern
Editora: Novo Conceito
Ano: 2015
Páginas: 352

Depois de não conseguir evitar que um homem acabasse com a própria vida, Christine passa a refletir sobre o quanto é importante ser feliz. Por isso, ela desiste de seu casamento sem amor e aplica as técnicas aprendidas em livros de autoajuda para viver melhor.
Adam não está em um momento muito bom, e a única saída que ele encontra para a solução de seus problemas é acabar com sua vida. Mas, para a sorte de Adam, Christine aparece para transformar sua existência, ou pelo menos tentar ajudá-lo.
Ela tem duas semanas para fazer com que Adam reveja seus conceitos de felicidade. Será que ele vai voltar a se apaixonar pela própria vida?

O que eu achei de Como se Apaixonar?

A protagonista de Como se Apaixonar, Christine, é uma leitora voraz de livros de autoajuda. Ela acredita que sempre haverá uma fórmula para solucionar e consertar as coisas e, por isso, quando se vê diante de um homem que pretende cometer suicídio, em uma situação inusitada, ela tenta dissuadi-lo usando tudo o que aprendeu em suas leituras, mas o homem se mata mesmo assim. Arrasada, ela começa a pensar em mudar sua vida e o primeiro passo que dá nessa direção é acabar com seu casamento morno e sem alegria. Mas, contrariando o ditado de que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, ela se vê novamente diante de um homem que pretende tirar a própria vida. Num ímpeto, influenciada por todos os recentes acontecimentos, ela resolve tentar ajuda-lo e acaba fazendo um trato com ele, para tentar fazê-lo mudar de ideia em apenas duas semanas.
Apesar do tema complexo, o livro Como se Apaixonar é uma leitura leve e, apesar de não chegar a levar às lágrimas, mostra de forma bastante significativa os caminhos que uma pessoa percorre tanto para se conhecer quanto para compreender o outro e entender seus limites.
A escrita de Cecelia Ahern é fluida. A linguagem moderna e jovem não diminui a qualidade do texto e sua estrutura é muito bem composta. A tradução foi muito bem feita, apesar de algumas expressões bastante literais que encontrei ao longo do texto, mas nada que impedisse a continuidade da leitura ou que tirasse muito a atenção.
Os personagens são muito bem construídos e ajudam a compor o quadro que a autora quer mostrar ao final do texto. As diferentes personalidades das irmãs de Christine e o comportamento do pai, retratados com uma certa dose de humor e bem discretamente ao longo da história, contribuem para a compreensão da mensagem de Como se Apaixonar.
Tanto Christine quanto Adam, com todos os problemas que enfrentam, são personagens bastante verossímeis, apesar de se tratar de um romance com uma situação bastante inusitada que é a quase tentativa de suicídio dele.
Como se Apaixonar, ao mesmo tempo segue e não segue a fórmula mocinha-que-tenta-salvar-o-mocinho-problemático. Está claro que ela é a mocinha e ele é definitivamente problemático, mas este clichê foi tratado com uma certa ironia e um tom de crítica, ainda que o desfecho tenha sido o que foi. Ao longo de todo o texto a autora nos aponta os riscos de viver com base em manuais de conduta, em fórmulas que outros descreveram como infalíveis e moldar sua vida a partir das orientações de outros e não suas próprias experiências. Além disso, nos faz refletir também sobre a importância que correr alguns riscos tem para o nosso crescimento e amadurecimento.
Por tudo isso, a leitura de Como se Apaixonar é muito recomendada, tanto para quem gosta de pensar em assuntos mais profundos quanto para quem gosta de textos leves e agradáveis.

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[Resenha] Fragmentados – Neal Shusterman

fragmentados

Título: Fragmentados
Autor: Neal Shusterman
Editora: Novo Conceito
Ano: 2015
Páginas: 320

Em uma sociedade em que os jovens rejeitados são destinados a terem seus corpos reduzidos a pedaços, três fugitivos lutam contra o sistema que os fragmentaria. Unidos pelo acaso e pelo desespero, esses improváveis companheiros fazem uma alucinante viagem pelo país, conscientes de que suas vidas estão em jogo. Se conseguirem sobreviver até completarem 18 anos, estarão salvos. No entanto, quando cada parte de seus corpos desde as mãos até o coração é caçada por um mundo ensandecido, 18 anos parece muito, muito longe. O vencedor do Boston Globe-Horn Book Award, Neal Shusterman, desafia as ideias dos leitores sobre a vida: não apenas sobre onde ela começa e termina, mas sobre o que realmente significa estar vivo.

O que eu achei de Fragmentados?

Fragmentados é uma distopia e é o primeiro de uma série. Nesta sociedade, as leis foram alteradas para permitir que os pais possam “abortar” posteriormente seus filhos. Assim, os pais poderiam escolher se seus filhos, entre os 13 e 18 anos, continuariam a viver normalmente ou passariam pelo processo chamado de fragmentação, no qual cada parte de seus corpos seria dividida e transplantada para outras pessoas que as necessitassem. Este processo autorizaria os pais, portanto, a se livrarem de seus filhos desajustados ou que dessem trabalho demais. Essa decisão é muito séria e, uma vez assinada a ordem e entregue às autoridades, não há direito a arrependimento ou recurso.
Connor, Risa e Lev são três adolescentes que tiveram as suas ordens de fragmentação assinadas. Eles se rebelam e, a partir disso, começa sua fuga das autoridades, em busca de um lugar onde possam viver até os 18 anos. Após esta idade, não podem mais ser capturados pelo Estado para fragmentação.
Com uma linguagem atual e utilizando o gênero distópico, Neal Shusterman parece mirar em jovens e adolescentes, mas acaba atingindo a um leque muito maior de leitores, uma vez que sua obra trás questionamentos sérios e importantes a respeito do conceito e dos limites da vida.
Não é de se espantar, é claro, já que o autor é americano e essa questão é muito polêmica por lá. As pessoas são muito divididas entre os que apoiam o aborto e os que são absolutamente contra. No livro, a questão se transfere para indivíduos já nascidos. Não havendo mais a polêmica sobre o início da vida, lança a discussão sobre o seu “fim”, ou sua “continuidade em forma diferenciada”, que é o que a sociedade da obra entende que acontece com os jovens fragmentados.
Além dessa questão, são levantados pontos relacionados à autonomia do indivíduo sobre seu próprio corpo (principal argumento de quem é favorável ao aborto) em contraposição ao direito dos pais sobre os corpos dos filhos (que é o argumento dos que se posicionam contra o aborto).
Fragmentados é escrito pelo ponto de vista dos principais personagens e também pelo ponto de vista de alguns personagens secundários com participação importante no enredo. Esta forma de escrita ajuda a compreender melhor as intenções dos personagens e a formar uma imagem melhor sobre o contexto do livro.
Não sou uma pessoa que costumava ler muitas distopias. Normalmente prefiro outros gêneros de leitura mas, como o tema, já pela sinopse, me chamou muito a atenção, resolvi arriscar mais uma vez e adorei.
A única ressalva que eu tenho é porque Fragmentados é parte de uma série e ainda não termos certeza se os demais volumes serão publicados no Brasil. Já li alguns livros da editora que são primeiros de alguma série e que até hoje não foram publicados. Torço para que este tenha um destino diferente!

Publicado em Resenha

[Resenha] A Playlist de Hayden – Michelle Falkoff

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Título: A Playlist de Hayden

Autora: Michelle Falkoff

Editora: Novo Conceito

Ano: 2015

Páginas: 288

A Playlist de Hayden – Depois da morte de seu amigo, Sam parece um fantasma vagando pelos corredores da escola, o que não é muito diferente de antes. Ele sabe que tem que aceitar o que Hayden fez, mas se culpa pelo que aconteceu e não consegue mudar o que sente
Enquanto ouve música por música da lista deixada por Hayden, Sam tenta descobrir o que exatamente aconteceu naquela noite. E, quanto mais ele ouve e reflete sobre o passado, mais segredos descobre sobre seu amigo e sobre a vida que ele levava.
A PLAYLIST DE HAYDEN é uma história inquietante sobre perda, raiva, superação e bullying. Acima de tudo, sobre encontrar esperança quando essa parte parece ser a mais difícil.

O que que achei de A Playlist de Hayden?

A Playlist de Hayden conta a história de Sam, um garoto que passa por uma das piores experiências de sua vida. Seu melhor amigo, Hayden, cometeu suicídio e deixou apenas um pendrive e um bilhete: “Para Sam. Ouça, você vai entender”. Neste pendrive, está uma playlist com várias músicas selecionadas por Hayden e agora Sam, ao tentar lidar com o que aconteceu, quer usá-la para entender o que levou o amigo a tomar uma medida tão drástica.
A Playlist de Hayden é contado pela perspectiva de Sam. Tanto ele quanto Hayden eram os garotos desajustados da escola, os que não se encaixavam em nenhum padrão, em nenhuma das tribos adolescentes que se formaram no colégio e que preferiam se isolar em seu mundo geek. Com a morte de Hayden, Sam percebe que não tinha mais ninguém além do amigo e isso parece tornar a situação ainda mais difícil de superar. Ele não tem com quem conversar nem sente confiança em se abrir com outras pessoas.
Tanto Sam quanto Hayden eram vítimas de bullying e, com seu perfil antissocial, isso os afastava ainda mais dos outros colegas, o que apenas servia para alimentar ainda mais este círculo vicioso. Até que aparentemente a situação se torna insustentável para Hayden.
Sam se sente culpado pelo que aconteceu, acredita que poderia ter feito alguma coisa para impedir o amigo de ter tomado essa atitude, se tivesse percebido antes a forma como tudo o que acontecia com eles o afetava. Porém, conforme lemos a história, percebemos que nada é tão simples como parece.
Para quem já sofreu bullying, ler A Playlist de Hayden pode ter dois lados. Você pode achar extremo demais o que aconteceu com Hayden. Ou você pode se entender e se aceitar melhor. É interessante que, quando vemos as histórias de outras pessoas, conseguimos entender mais do que quando aquilo acontece com a gente mesmo.
Talvez pela minha personalidade ou pela minha criação, não sei exatamente por que motivos, mas eu já fui MUITO alvo de bullying. Eu tinha o “kit bullying”: magrela demais, estrábica, óculos, aparelho, espinhas, nerd. Então, pra mim foi bem simples entender o que os garotos do livro A Playlist de Hayden sentiam e os receios deles de se integrarem em uma vida social normal. Tudo isso passou, eu lidei com tudo isso (talvez não da melhor forma, mas com certeza, não da pior). Mas vejo que poderia ter passado por alguns anos da vida sem tanto sofrimento ou com um pouco mais de gente em volta de mim, se tivesse aprendido a ligar o foda-se naquela época.
Lembrei de muita coisa que eu vivi ao ler essa história, e por mais que eu nunca tomasse uma atitude como a de Hayden, entendo seus motivos e fico muito preocupada com outros adolescentes e jovens, por aí, que estão dando sinais de que estão no limite, que estão deixando mensagens sutis por meio de seus comportamentos, músicas, falas, silêncios… mas que a maioria das pessoas ignora ou subestima. Infelizmente, isso pode ter, sim, consequências graves, e nós precisamos prestar atenção.
Gostei muito da história de A Playlist de Hayden. Apesar de ter lido algumas resenhas desfavoráveis, acredito que a obra trouxe bastante reflexão para um tema aparentemente inocente, mas que pode ter consequências sérias, se não levarmos em conta as peculiaridades de cada indivíduo.
A leitura é rápida e fluida. Como o assunto me interessou muito, li A Playlist de Hayden em pouquíssimas horas, acompanhada das músicas que dão nome a cada capítulo e que permitem entender a essência do texto, ainda que não de forma expressa. Adorei a experiência de ler com música e é provável que a repetirei em outras obras que tenham sua trilha sonora própria.