Título: Quem é você, Alasca?Autor: John GreenEditora: Martins FontesAno: 2010Páginas: 240Miles Halter é um adolescente fissurado por célebres últimas palavras que, cansado de sua vidinha pacata e sem graça em casa, vai estudar num colégio interno à procura daquilo que o poeta François Rabelais, quando estava à beira da morte, chamou de o “Grande Talvez”. Muita coisa o aguarda em Culver Creek, inclusive Alasca Young, uma garota inteligente, espirituosa, problemática e extremamente sensual, que o levará para o seu labirinto e o catapultará em direção ao “Grande Talvez”.
O que eu achei de Quem É Você, Alasca?
Este é um tipo de livro que se você olhar só a capa e o título não vai pensar em ler. É aquela leitura que, não fosse por seu autor, ficaria escondida no fim da lista de livros a serem lidos, candidata a nunca se tornar um livro lido na sua meta de leitura do Skoob.
Porém, como eu já havia lido o Teorema Katherine e A Culpa é das Estrelas, e me tornei a típica leitora do John Green, que leria até a lista de supermercado dele, como muitos dizem por aí, ler Quem é você, Alasca? não seguiu esse processo. Quando vi que o livro era dele, já coloquei imediatamente na minha lista de leitura e, claro, ele passou na frente de muitos outros que eu tinha – e tenho – que ler.
O livro conta a história de Miles Halter, o Gordo, que vai estudar em um colégio interno, em busca de uma vida diferente do marasmo que vivia em sua cidade. Até então, Miles era solitário. Sem namorada, sem amigos, era fascinado pelas últimas palavras das pessoas antes de morrer. Ao se deparar com as últimas palavras de François Rabelais, “Saio em busca de um grande talvez”, ele toma a decisão de dar um rumo completamente diferente para a sua vida. Sua intenção é descobrir o grande talvez ainda em vida, o que o leva ao colégio onde parte de sua família havia estudado, ainda que seus pais tenham deixado bem claro para ele que isso não seria necessário.
Chegando ao colégio, ele se aproxima de Chip Martin, o Coronel, com quem dividirá o quarto. O Coronel, que estuda ali mantido por uma bolsa de estudos, tem uma memória incrível e aversão aos Guerreiros de Dia de Semana, os garotos ricos que voltam para as casas dos pais nos finais de semana.É o Coronel que apresenta Miles aos seus amigos, o japonês Takuma e Alasca, a garota misteriosa, de olhos verdes, geniosa e impulsiva. Alasca é linda e por estar envolvida em uma certa atmosfera de mistério, todos acabam se apaixonando por ela. Mas ela tem um namorado, que estuda em outra cidade e toca em uma banda. Alasca e Miles tem em comum o amor pela literatura.
Através dessa característica deles, somos levados juntamente com os personagens de Quem é você, Alasca?, a questionar o mesmo que Simón Bolívar em suas últimas palavras “Como sairei deste labirinto?” A partir desta citação Miles e seus amigos fazem diversas reflexões.O leitor é levado a refletir muito sobre o que nos faz ser quem somos, chegando à conclusão de que são nossas experiências de vida, nossas cabeçadas e acertos e até mesmo os relacionamentos que travamos com as pessoas com quem convivemos. Tudo isso vai montando o grande quebra-cabeça que é nossa existência, tão complexa para ser compreendida por nós mesmos. Esse grande emaranhado de características é que forma e justifica quem nós somos. Cada um tem motivos fortes o suficiente para ser como é, inclusive Alasca em todo seu enigma.
Quem é você, Alasca? me encantou por ser uma obra que traz, dentro de um relacionamento cotidiano de um garoto e seus amigos, as reflexões que todos acabamos fazendo, um dia ou outro. Quem somos nós? Quem é o outro? Achei interessante a forma como cada mistério no livro é questionado, ainda que não seja explicitamente solucionado, pois muito mais importante do que a resposta ou a conclusão a que chegamos, é o caminho que tomamos para buscar cada uma das nossas respostas.
O labirinto de Alasca e o grande talvez de Miles, para mim, são apenas a cenourinha na frente do cavalo. Algo que deve nos motivar a estar sempre caminhando para a frente, mas não necessariamente sendo considerado um fim em si mesmo. Amei Quem é você, Alasca?, como todo livro do John Green e recomendo para todos aqueles que, muito mais do que uma história cheia de elementos altamente emotivos ou surpreendentes, esteja a fim de refletir sobre a vida.