Publicado em Diário, Reflexões

O dia pode começar a hora que for

Assim como a sua rotina de escrita.

Ou qualquer outra coisa.

Em 10 de novembro, eu comecei um plano de leitura anual da Bíblia. Ganhei de aniversário uma Bíblia com espaço para anotações e ao invés de esperar ansiosa pelo dia 1 de janeiro para começar a leitura em Gênesis 1, comecei do texto correspondente ao dia 10/11 mesmo. Também esqueci o receio de escrever algo errado ou destacar um trecho que outros considerem bobo e passei a anotar pensamentos e aprendizados (ou até um resumo em partes que achei que deveria resumir).

Em dezembro eu comecei a organizar e a jogar fora tudo aquilo que não quero mais aqui em casa. O mês dedicado ao destralhe, segundo o cronograma da Clean Mama, que eu acabo seguindo por aqui, é janeiro, mas eu comecei antes, pois, por incrível que pareça, arrumar a casa ajuda a descansar do meu trabalho remunerado.

A primeira semana do meu planner datado começou hoje e eu não poderia estar mais feliz, pois pude dar início a uma rotina que quero retomar em 2023: escrever todos os dias, ainda que não seja algo voltado para a publicação ou algum texto de ficção. Escrever e ponto. Isso passa pelo blog, pela escrita terapêutica para trabalhar todos os sentimentos guardados aqui dentro antes que eles causem mais estragos.

Meus dias não tem uma hora fixa para começar, pois além de ter um filho de dois anos, tanto a minha rotina de trabalho quanto a do meu marido são relativamente flexíveis. Tem dia que eu consigo estar sentada diante do computador e produzindo antes das 08 da manhã. Tem dia que só depois das 11. E eu resolvi abraçar essa realidade e eliminar um estresse da minha vida. Meu dia começa quando ele começa e pronto.

Por isso, não fazia muito sentido continuar querendo estabelecer mil regras de que dia e hora eu começo cada coisa.

A leitura bíblica não precisa esperar o ano começar, pois todo dia é dia de aprender do Senhor. E se eu já li a Bíblia inteira outras vezes, começar por algum dos profetas não vai atrapalhar meu entendimento da história em geral.

O destralhe dos armários também não precisou esperar janeiro. Eu quero começar o ano mais leve e quero conduzir o ano de 2023 de forma mais leve também. Muitas mágoas e muitos choques de realidade nos últimos dias de 2022 têm me feito repensar muita coisa. Eu não preciso esperar 2023 começar, se já posso entrar no ano novo sem aquilo que só está ocupando espaço que pode ser mais bem aproveitado (vale para coisas e para pessoas… kkkkkrying).

A rotina de escrita também vai começar mais leve, com menos cobranças e de forma mais orgãnica. Vou documentar mais e me preocupar menos. Vou escrever mais sobre como foram os meus dias e deixar que a rotina se planeje conforme a banda toca. Não sei quais serão meus volumes de trabalho, os dias em que ficaremos doentes e nem o que mais pode acontecer em 365 dias.

Sobre a escrita: sim, eu sei que preciso editar, revisar, eliminar repetições, melhorar o texto e ter ideias novas, criativas e surpreendentes. Mas a busca pela perfeição não pode mais tirar minha graça de vir aqui despejar a alma (nessa nova seção do blog que vou chamar de diário) ou contar sobre um livro que li, uma reflexão que me ocorreu. Aqui o lance vai ser orgânico, leve, seguindo o fluxo doido dos meus pensamentos e da minha rotina. O que eu quero publicar em forma de livro, esse sim, vai passar por um processo bem detalhado de aperfeiçoamento, sem publicação imediata nem muitos detalhes por enquanto.

E você com isso?

Sua rotina também pode ser mais leve, começar quando você acorda, independente da hora. Se te deu na telha começar a escrever, não precisa esperar a próxima segunda, ou o dia 1 do calendário. Começa hoje e colhe os frutos de um dia a dia mais leve. Se quiser começar a ler a Bíblia hoje por Gênesis 1, manda bala. Se quiser aproveitar o plano de leitura que já imprimiu e não usou, bora para Apocalipse 17, então. Só não vale ficar esperando a vida passar e desistir antes de começar. Eu já comecei a arrumar meu coração pra 2023, quem vem comigo?

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E eu que já era slow blogger e nem sabia?

Slow blogging é uma ~tendência~ no mundo dos blogs, e tem a ver com escrever e produzir conteúdo com calma, respeitando os nossos processos. E já tem alguns anos que esse espaço segue assim, sendo alimentado quando eu consigo escrever algo decente e com o mínimo de cuidado. Descobri, navegando à toa pelas páginas por aí que eu já era slow blogger e nem sabia!

Não vou virar aqui uma advogada da tendência, até porque eu detesto essa história de enfiar todo mundo dentro do mesmo padrãozinho e produzir uma infinidade de posts iguais, como se a cultura blogger fosse uma coisa enlatada e que devesse obedecer a templates pré-definidos. Acho sim que cada pessoa tem que encontrar seu caminho e ir criando conteúdo com a sua cara. Nada impede de buscar inspiração em outros textos ou posts, mas daí a isso virar uma regra e um peso sobre as nossas costas tem uma bela distância.

Quando eu comecei o blog isso tudo aqui era mato eu fui toda inocente querer conversar sobre livros na internet. Alguns posts depois e eu já tinha descoberto a bolha dos blogueiros literários e fui pressionada pela onda da padronização que existe nesse nicho. Em pouquíssimo tempo eu percebi que os blogs postavam resenha uma vez por semana, entrevistas uma vez por mês, tags periodicamente e também vários posts com os principais lançamentos de mil editoras. Tinha “conteúdo” pra postar todos os dias. Só que… bem, eu não queria ser um catálogo de pesquisa sobre livros. Eu sempre tive a intenção de que o blog fosse um espaço de troca entre os meus pensamentos e as opiniões de quem me lesse. Descobri rápido demais que a maioria das pessoas lia as resenhas e não comentava nada e que os blogs que tinham sessenta e tantos comentários eram os que faziam um tipo de gincana chamado “top comentarista”. Ai, gente… preguiça.

Eu queria despertar conversas, despertar o prazer da leitura e falar o que eu achava das leituras que ia fazendo, boas ou ruins. Resultado: não consegui ser parte da bolha, tive parceria com poucas editoras e por pouco tempo e hoje, quase 9 anos depois, continuo com a mesma audiência e a mesma quantidade de comentários e interações por post.

Ruim? Não acho. Descobri um novo perfil para o meu blog e que, hoje, depois de tanto tempo no ar, começa a me mostrar que eu estou no caminho certo.

O meu diferencial é ser slow blogger

Os padrões de post dentro de cada nicho e os milhares de blogs iguais deixaram de ser a melhor opção. Agora sobrevivem os que souberam se diferenciar quando perceberam que saíam milhares de posts iguais todos os dias e que isso não ia dar em boa coisa.

E daí que tantos blogs façam book haul, recebidos, primeiras cem páginas, resenha etc.? E daí que a maioria dos blogs literários viraram um repositório de links que redireciona para um canal do YouTube? Todos fazem isso, ou pelo menos a maioria que seguiu o bonde e conseguiu uma grande audiência, mas o que eles fazem de diferente que chama a atenção de autores e editoras. Pode ter certeza que é isso que mantém os melhores blogs no ar.

No meu caso, o diferencial é justamente escrever sobre tudo o que é assunto, em artigos um pouco mais longos e que tem como foco as pessoas que preferem consumir conteúdo em texto. Não tenho uma audiência enorme, mas quem procura resenhas bem feitas e reflexões fundamentadas, sabe que aqui é o lugar certo.

O conteúdo produzido no slow blogging sobrevive por mais tempo

Durante algum tempo e com algumas parcerias que eu fiz com autores e com editoras, tinha que fazer posts sobre eventos ou promoções relacionadas a livros, que ficavam no ar por apenas alguns dias. Passada a promoção, o post ficava lá e perdia o sentido… A sensação, quando eu mesma via aquele conteúdo no meu site era de ler a Revista Caras do ano passado na sala de espera do dentista.

Com o fim das parcerias e a abertura do nicho do meu blog de literário para pessoal, eu comecei a pensar em escrever conteúdos que não me dessem essa sensação de revista velha e que me agregassem alguma coisa, mesmo que fossem lidos depois de muito tempo. E não é que eu acabei descobrindo que isso acontece?

Como eu falei ali em cima, o blog já vai fazer 9 anos. Nos últimos tempos eu quase não tenho tido tempo de sentar pra escrever um post legal e, com isso, quem chega até aqui pela busca do Google é graças ao pouco que eu sei de uso de SEO, claro, mas também pelos temas que eu trato aqui. E mesmo sem posts novos por muito tempo, as visitas não pararam (em alguns meses tem até um pico, dependendo dos temas buscados).

E quer saber o que é melhor ainda? As pessoas tem comentado até mesmo em posts antigos, justamente porque o conteúdo é atemporal e continua atraente hoje. O bom de ser slow blogger é que a gente escreve menos, mas faz um texto mais elaborado, com cuidado, recheado de informações e isso pode demorar (slow, né?), mas traz seus resultados.

Então, sim, vou seguir a tendência slow blogger enquanto ela é tendência, mas só porque eu já era antes de ser modinha e só porque vou continuar sendo depois que ela passar! Tem mais algum slow blogger por aí? Sobre o que você escreve?