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[Resenha] A Canção da Órfã – Lauren Kate

a canção da órfã

Título: A Canção da Órfã
Autor: Lauren Kate
Editora: Record
Ano: 2019
Páginas: 322

Veneza, século XVIII. Época em que as pessoas usavam máscaras durante a maior parte do ano; quando os amantes, em suas gôndolas, erguiam seus disfarces sob pontes para trocar um beijo; quando a música era a maior de todas as artes. Em uma era de excessos, dois órfãos – uma soprano e um violinista – sonham em ter uma família e um lugar que possam chamar de lar. Duas almas atormentadas que se entregam à música e aos mistérios das calli da cidade, em cidade, em busca de amor e redenção.

A Canção da Órfã é o livro de estreia no gênero de romance histórico de Lauren Kate. A autora ficou conhecida pela série Fallen, um romance jovem adulto sobre anjos. Não li essa série, pois o tema não costuma me chamar a atenção, mas reconheci o nome da autora quando A Canção da Órfã chegou no final do ano passado pela caixinha do Clube de Romance da Carina Rissi.

A história é sobre Letta e Milo, dois órfãos que viviam no orfanato Incuráveis. Eles foram abandonados quando ainda crianças, por suas mães e não tinham outra escolha a não ser seguir o que o destino os havia reservado. Mino, como homem, provavelmente arrumaria um emprego e deixaria o local. Já Letta, como outras mulheres, seguiria a carreira de cantora da igreja, caso conseguisse uma vaga no coro.

Ela e suas companheiras de orfanato não podiam sair sozinhas, muito menos fazer parte do carnaval, que parecia ser algo constante na Veneza do século XVIII, em que a história se passa. Os dois se conhecem por acaso, quando Letta, em uma de suas idas ao telhado para pensar sobre a sua vida e imaginar como seria ter uma vida como a das mulheres que via ali de cima.

Ao compartilharem seus sonhos e o amor pela música, além de uma música em comum, nasce ali uma grande amizade, que logo se transforma em amor. Entretanto, algumas reviravoltas da vida, além de diferenças nos sonhos de cada um acabam separando o caminho dos dois e cada um vai seguir seu caminho.

Mino vai seguir sua vida como aprendiz no estaleiro, enquanto Letta é promovida para o coro, e também ainda consegue cantar, algumas noites, em um cassino chamado La Sirena. Seus caminhos teriam tudo para não se cruzarem mais, se não fosse o destino, que deu seu jeitinho para que os dois se reaproximassem.

A leitura me agradou bastante. A autora traz elementos históricos bastante consistentes e podemos nos imaginar pelas ruas e canais de Veneza, desfrutando do Carnevale daquele tempo distante. A escrita é bastante poética e nos leva justamente para dentro dos sentimentos de Letta e de Mino. Cada evento que acontece nos alegra e nos emociona como se estivéssemos na pele dos personagens.

Talvez por isso, por ser tão real e tratar de sentimentos tão humanos, apesar de usar fatos que eram costumeiros em uma época tão distante, a narrativa em um certo ponto toma o ritmo da vida: lenta, morosa e sem muitas novidades por algum tempo. Mais ao final o ritmo se torna mais ágil, levando a um final belíssimo.

Eu recomendo muito a leitura. Não li tantos romances históricos na vida, mas já é um gênero que tem estado no meu radar e no qual eu quero investir em futuras leituras. Caso a Lauren Kate decida explorar mais este gênero, possivelmente lerei suas obras!

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[Resenha] Eleanor & Grey – Brittainy C. Cherry

Eleanor & Grey

Título: Eleanor & Grey

Autora: Brittainy C. Cherry

Editora: Record

Ano: 2020

Páginas:406

Quando me apaixonei por ele na juventude, eu não sabia muito da vida. Sabia dos sorrisos dele, das risadas dele, do frio na barriga que sentia quando ele estava por perto.
A vida era perfeita… Até que deixou de ser, e fomos forçados a seguir caminhos diferentes. Abandonei minha primeira paixão, me agarrei a nossas memórias e sonhei com o dia que o encontrava de novo.
Mas, quando meu sonho se tornou realidade, não foi como eu havia imaginado.

O que eu achei de Eleanor & Grey

Recebi este livro na caixinha do Clube da Carina. Foi o primeiro que gostei, entre os inéditos deste ano e considerando algumas exceções do fim do ano passado. Talvez por ser uma história ambientada em um mundo mais próximo da minha idade e realidade atuais, mas muito mais pela abordagem da autora aos temas tratados, que foi mais séria que os anteriores. Mas esse post é sobre Eleanor & Grey, não sobre as escolhas da Carina Rissi para seu clube. Por isso, vamos à história!

A história de Eleanor & Grey começa quando os dois personagens principais são adolescentes. Cada um vem de uma família completamente diferente e são pessoas completamente diferentes também. Eleanor vem de uma família amorosa e unida, mas é introspectiva e antissocial, fã incondicional de Harry Potter e a típica adolescente esquisita da escola. Grey, por outro lado, é lindo, um dos mais populares da turma, vive em festinhas. Seu ambiente familiar é completamente desestruturado, os pais são ausentes e vivem brigando quando estão em casa, mas ele passa a maior parte do tempo sozinho. Grey mora do lado rico da cidade, e Eleanor do lado mais simples, ainda que não seja uma pessoa pobre.

Mesmo sendo tão diferentes e vivendo em mundos que não se tocavam, os dois acabam começando a conversar e se conhecem melhor quando Ellie é forçada a ir em uma festa com sua prima, Shay. A partir de então, os dois desenvolvem uma amizade que acaba se tornando algo mais, mesmo que sem um nome definido e sem beijos apaixonados o tempo todo.

Quando a mãe de Ellie adoece gravemente e os pais dela decidem mudar para outro estado, para satisfazer ao último desejo dela de estar perto do mar, eles tentam manter a amizade, por uma troca de e-mails constante. Mesmo com todos os obstáculos, eles conseguem se conectar e se manter como um suporte mútuo. Entretanto, a vida acontece e, com a decisão do pai de Ellie de não voltar para onde eles moravam, a conexão entre Ellie e Grey se torna cada vez mais difícil. Os horários deles não batem, cada um tem seus compromissos e sua agenda maluca, e os e-mails se tornam raros e cada vez mais concisos. Até que eles se afastam completamente.

Nesse ponto a história dá um salto de 16 anos e encontramos Ellie, de volta à cidade onde morava antes da mãe adoecer, ainda trabalhando como babá, o que fazia desde o começo da história. Ela acaba de ser demitida de um emprego e está frustrada, mas recebe a recomendação de sua ex-patroa e tem uma nova entrevista, na casa de uma família muito rica. Ela consegue o emprego e fica muito surpresa quando descobre que seu novo patrão é Grey, que é pai de duas meninas, acabou de ficar viúvo e está muito diferente do que ela conheceu quando adolescente.

A vida dos dois teve muitos acontecimentos ao longo de todos os anos em que estiveram separados. Agora, em uma relação de trabalho, eles precisam aprender a lidar com o que conheceram inicialmente e a pessoa que tem diante de si agora. O amadurecimento dos dois fica claro quando, mesmo com todas as lembranças do passado, a vida presente se impõe entre eles e os leva a tomar suas decisões a cada capítulo.

O livro é narrado com pontos de vista intercalados entre Ellie e Grey, por isso conseguimos entender o que aconteceu com cada um deles no passado e também as suas reações no presente.

A história lida com temas maduros, com a vida que precisa de decisões pensadas e calculadas e por isso pode deixar a desejar no sentido da química da paixão adolescente que é predominante em livros do gênero new adult. Por isso, eu o classificaria mais como um romance contemporâneo. Os sentimentos que existem entre os protagonistas são sutis e colocados de forma delicada e sem passar por cima da realidade em que estão inseridos. Ainda assim, acredito que as duas cenas mais quentes inseridas no livro não precisariam existir, já que todo o restante da história foi escrito sem apelar para esse recurso.

Senti falta do desenvolvimento da história de alguns personagens, especialmente os pais do Greyson, ainda que no contexto geral fosse bem possível imaginar alguma coisa. De qualquer forma, é uma falha nessa segunda parte do livro.

A trama é basicamente sobre segundas chances para o amor, ainda que nesse caso nada do que aconteceu para impedir que eles ficassem juntos tivesse sido por algum erro deles. A realidade da história está até nisso. Às vezes a vida, simplesmente, acontece e impede que os nossos planos sejam realizados da forma como os colocamos no papel. Pode ser que a gente tenha uma segunda chance, lá no futuro, mas isso também vai depender de como a vida vai acontecer…

Claro que, como cristã, eu não entendo essas reviravoltas como meros acasos. Eu sei que em tudo o que acontece tem o dedo de Deus, mesmo quando não conseguimos aceitar ou entender, no começo, o rumo que tudo tomou. E eu também sei que se alguém volta do passado, pra ficar ou apenas pra passar mais um tempo, significa que tem algum propósito de Deus ali.

Acredito que a leitura vale a pena. É um livro que prende a atenção e que cativa justamente pelo toque de realidade e proximidade com questões que lidamos nas nossas vidas. A tradução está bem feita, a edição também é caprichosa e a capa linda. Fiquei com vontade de ler os outros livros da autora, que eu vivo colocando no carrinho de compras da Amazon, mas ainda não trouxe nenhum pra casa.

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[Resenha] A Lua de Mel – Sophie Kinsella

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Título: A Lua de Mel

Autora: Sophie Kinsella

Editora: Record

Ano: 2013

Páginas: 496

Ao se dar conta de que o namorado nunca vai pedir sua mão em casamento, Lottie toma uma decisão. Termina o compromisso com ele e diz o tão sonhado sim a Ben, uma antiga paixão, com quem ela havia prometido se casar se ambos ainda estivessem solteiros aos 30 anos. Os dois então resolvem pular o namoro e ir direto para uma cerimônia simples e seguir para a lua de mel em Ikonos, a ilha grega onde eles se conheceram. Mas Fliss, a irmã mais velha da noiva, acha que Lottie enlouqueceu. Já Lorcan, que trabalha na empresa de Ben, teme que o casamento destrua a carreira do amigo. Fliss e Lorcan então elaboram um plano para sabotar a noite de núpcias do casal e impedir que os noivos cometam o maior erro de suas vidas.

O que eu achei de A Lua de Mel?

A Lua de Mel conta a história de Lottie, uma mulher que está doida para casar. Apaixonada por Richard, seu namorado, ela não vê a hora de ser pedida em casamento. Tanto que, um belo dia ela acredita que isso irá acontecer – finalmente! – e se produz toda, compra um anel de noivado para ele e deixa na bolsa, apenas aguardando o momento certo. Porém, o momento não chega, ele não a pede em casamento e Lottie, ao perceber que ele não tem nem mesmo a intenção de fazer isso, termina o namoro e cai em um círculo vicioso já bastante conhecido por sua irmã.

Fliss, a irmã de Lottie, tem um filho de sete anos e está em um complicado processo de divórcio contra Daniel. Ela passa seus dias anotando todas as ações e reações dele em um dossiê que mantém em um pendrive, pronta a entregar tudo para o seu advogado, a fim de desmoralizar Daniel e ganhar a disputa judicial. Seu filho, para piorar ainda mais as coisas, tem a mania de inventar para as pessoas histórias cabeludas sobre ele e sua família, tudo com a finalidade de chamar a atenção para si.

Porém, Fliss descobre que Lottie reencontrou seu ex-namorado da adolescência e que, de uma hora para outra, eles vão se casar. Fliss será a madrinha e Lorcan, o melhor amigo de Ben, será o padrinho.

Como a irmã super protetora que é, Fliss acha melhor tentar convencer a irmã de que esse não é o melhor jeito de dar um rumo diferente para sua vida. Para isso ela procurará todos os meios que entender necessários, inclusive aliar-se ao tal Lorcan, um advogado sério e obstinado, mas muito sexy, que acredita que Ben está colocando a carreira em risco ao insistir nesse casamento tão inesperado.

Ben, o ex-namorado que voltou do nada, diz sempre ter sido apaixonado por ela e que, depois de tantos anos, descobriu que era com Lottie que ele deveria ter ficado, desde o começo. Ele está determinado a se casar com Lottie, a despeito da opinião do seu amigo e, então, acaba a convencendo a se casar imediatamente, sem os padrinhos, sem festa, sem nada.

Fliss, então, é surpreendida quando Lottie chega com a novidade de que já se casou e que está indo passar a lua de mel em Ikonos, uma ilha grega, cenário do caso de amor que ela e Ben tiveram, quinze anos atrás. Já que não conseguiu evitar o casamento, Fliss agora parte em busca de todas as maneiras possíveis para evitar que a irmã consume o seu casamento com Ben, pois quer fazer a irmã entender que esse casamento é a maior furada da sua vida e, então, pedir a anulação do casamento.

Nessa empreitada ela se utiliza dos meios mais bizarros para manter o casal afastado, o que confere um tom bastante divertido ao livro, ainda que por alguns momentos, fiquemos com pena de Lottie e Ben. Lottie está feliz da vida por ter finalmente conseguido realizar o sonho de se casar, mesmo que esse casamento não tenha sido exatamente do jeito que ela sempre sonhou. Como o combinado foi que eles não fariam sexo até a lua de mel, ela não vê a hora de finalmente consumar o casamento e não consegue entender que azar é esse o deles, já que nada parece estar dando certo na lua de mel.

Ben parece que ficou estacionado no tempo, sempre lembrando e tentando reconstituir os momentos que eles viveram no passado na ilha. Mesmo tantos anos depois ele ainda quer viver uma vida sem planejamentos e sem programação definida e, muitas vezes, aquilo que ele sonha para ele não tem nada a ver com o que Lottie planeja. Ele também a deixa confusa com alguns comentários e lembranças de coisas sobre as quais ela não parece recordar. Mas ela está apaixonada, feliz por estar casada e louca para finalmente consumar o casamento com aquele homem tão sexy, que acredita que suas lembranças devem ter se perdido no meio de tantas coisas que aconteceram nesses quinze anos.

O livro A Lua de Mel tem, na verdade, as duas irmãs como protagonistas, de histórias aparentemente distantes e que, a partir de um determinado ponto, se entrelaçam para formar uma só.Para mim, a que mais chama a atenção é Fliss, seja pelas suas atitudes impensadas, apenas com a finalidade de salvar a irmã e mostrar que estava enganada com relação ao seu casamento, seja pela forma com que, sendo avessa a casamento, depois de tudo que passou com Daniel, ela é pega de surpresa pelo sex appeal mal-humorado de Lorcan.

O casal Lottie e Ben perde muito espaço em A Lua de Mel, quando comparados ao núcleo encabeçado por Fliss, já que eles se tornam alvo de todo o plano mirabolante dela. O leitor fica ansioso por saber o que é que Fliss vai fazer em seguida e se vai conseguir concretizar o seu plano. Além do que, mesmo com todo o cuidado para salvar a irmã, ela põe a si própria em tantas enrascadas que são de morrer de rir.

A Lua de Mel representou para mim uma melhora na impressão que eu tinha sobre a Sophie Kinsella. Li um outro livro dela de que não gostei, então eu havia resistido bastante, mas posso dizer que valeu a pena.

Mesmo com seu estilo descompromissado, a trama de A Lua de Mel pode nos levar a refletir sobre nossas escolhas, o que nos motiva a cada uma delas e os rumos que a vida pode tomar, dependendo do que decidirmos fazer.

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[Resenha] O Projeto Rosie – Graeme Simsion

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Título: O Projeto Rosie
Autor: Graeme Simsion
Editora: Record
Ano: 2013
Páginas: 320
Para se ter a vida de Don Tillman, não é preciso muito esforço. Às terças-feiras come-se lagosta com salada de wasabi (seguindo um roteiro com refeições padronizadas que evitam o desperdício de ingredientes e de tempo no preparo); todos os compromissos são executados de acordo com o cronograma – alguns minutos reservados para a prática do aikido e do caratê antes de dormir; uma hora para limpar o banheiro; três dias da semana reservados para suas idas à feira – e se, apesar dessa programação, algum desagradável contratempo surgir em sua rotina, não há nada que não possa ser solucionado com meia hora de pesquisa científica. Exceto as mulheres. Até o momento, a única coisa não esclarecida pelos estudos no campo de atuação de Don, a genética, é o motivo para sua incapacidade de arrumar uma esposa. Uma namorada ao menos? Ou até mesmo uma amiga para somar ao seleto grupo de amigos de Don, formado por Gene, também professor na universidade, e a mulher dele, Claudia, psicóloga e esposa muito compreensiva.

Para solucionar esse problema do modo mais eficaz, Don desenvolve o Projeto Esposa, um questionário meticuloso que irá ajudá-lo a filtrar candidatas inadequadas a seu estilo de vida: fumantes JAMAIS, e mulheres que se atrasam por mais de cinco minutos ou que usam muita maquiagem estão fora dos critérios pouco flexíveis que o levarão à mulher ideal.

O único problema é que um questionário desse tipo exige tempo e dedicação, duas coisas que começaram a diminuir exponencialmente no cotidiano de Don desde que ele conheceu Rosie: fumante, vegetariana e incapaz de chegar na hora marcada. Ou esse era o único problema até Rosie entrar na vida de Don e – despretensiosamente, uma vez que ela nunca se candidatou ao Projeto Esposa – mostrá-lo que a mulher ideal não existe, mas o amor, sim.

O que eu achei de O Projeto Rosie?

Don Tillman, o protagonista de O Projeto Rosie é um geneticista, nerd, que é totalmente avesso a imprevistos. Sua vida é absolutamente controlada pela programação que faz dos seus dias, contando até mesmo os minutos com as atividades mais irrelevantes. Tudo é cronometrado e controlado para que ele saiba exatamente quanto tempo tem e para qual atividade. Até mesmo sua rotina de exercícios físicos e de alimentação é toda planejada com a finalidade de economizar energia. Pela automatização de todas as tarefas de seu dia-a-dia, ele acredita que economizará energia e tempo. Estabeleceu um sistema de refeições programadas, pelo qual ele come exatamente a mesma coisa em cada dia da semana, já sabe o que vai comprar, onde vai comprar, quanto vai pagar e o tempo gasto no preparo de cada refeição. Don planeja até mesmo o tempo de cada atividade social, ainda que não sejam muitas e ele não seja nem um pouco preparado para esta atuação.

Ele só não conseguiu desvendar o mistério que envolve os relacionamentos e, como tudo em sua vida, resolve elaborar um planejamento para encontrar uma esposa. Já que ele não gosta de desperdiçar seu tempo, investe algumas horas na elaboração de um questionário detalhado, através do qual será possível selecionar a esposa perfeita. Ele estabelece os critérios e passa a participar de diversos encontros e atividades para solteiros, onde começa a colocar o seu questionário em ação. Depois de receber mais de 300 respostas de várias mulheres, inclusive via internet, Don está certo de que seus critérios, já bastante flexibilizados, após alguns encontros desastrosos, são adequados e que são as mulheres que não são feitas para ele.

Prestes a abandonar o projeto, ele conhece Rosie, uma mulher muito bonita, mas que não atende praticamente nenhum dos requisitos presentes no questionário de Don. Ela muda radicalmente vários aspectos da vida de Don, com seu jeito espontâneo e nada organizado, e é aí que a história começa a ficar boa.

O Projeto Rosie foi um livro que me chamou a atenção desde a capa. Ainda assim, por ser um autor que eu ainda não conhecia, achei melhor ler algumas outras coisas que estavam na minha meta de leitura antes de começar. Preciso parar de brecar meus instintos literários, porque esse livro foi muito bom!!

Quem é que não tem ou teve um amigo que ultrapassa os limites da nerdice? Don é esse cara, praticamente um Sheldon Cooper da literatura, e a caricaturização de alguns amigos meus.

Achei interessante a forma como o autor conduziu a história. Os personagens são muito bem caracterizados. O excesso de planejamento de Don, o jeito mulherengo de Gene e a forma espontânea de Rosie, que, ainda que não seja espalhafatosa, causa uma verdadeira bagunça na rotina estabelecida de Don. Não temos uma caracterização física perfeita de cada personagem, o autor se prende bem mais nos aspectos emocionais – ou racionais – de cada um deles. Mesmo assim, somos capazes de imaginar o que vai acontecendo em cada cena.

A reflexão trazida por O Projeto Rosie é a de que muitas impressões podem ser passadas de forma errada, caso nossa análise dos fatos seja feita de modo superficial. Nem sempre aquilo que parece o mais provável é a verdade, e o contrário também, às vezes aquilo que não damos nenhum crédito é a verdade. Aprendemos, ainda, que a racionalização de tudo pode nos privar de uma série de coisas boas e que, por mais que a otimização de tempo, espaço, dinheiro e energia mental seja uma forma excelente de planejar o dia-a-dia no trabalho, na vida pessoal esse mecanismo não é válido.