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[Resenha] Tempo é Dinheiro – Lionel Shriver

tempo é dinheiro
Título: Tempo é Dineiro
Autora: Lionel Shriver
Editora: Intrínseca
Ano: 2012
Páginas: 464
Shep Knacker sempre economizou para a “Outra Vida”: um retiro idílico no Terceiro Mundo, onde um modesto pé-de-meia poderia durar para sempre. Os engarrafamentos de Nova York seriam substituídos por tempo para “falar, pensar, ver e ser” – e por horas de sono suficientes. Quando ele vende sua empresa de consertos domésticos por um milhão de dólares, parece que seu sonho finalmente será realizado. Ainda que Glynis, com quem é casado há 26 anos, sempre arrume desculpas e diga que nunca é o momento certo para partirem. Cansado de trabalhar como um peão para o idiota que comprou sua companhia, Shep anuncia que está de mudança para uma ilha na Tanzânia, com ou sem a esposa.
Recém-chegada de uma consulta médica, Glynis também tem um anúncio a fazer: Shep não pode ir a lugar algum. Ela está doente e precisa desesperadamente de seu plano de saúde. Mas o convênio cobre apenas parte das despesas incrivelmente altas do tratamento, e o pé-de-meia de Shep para a Outra Vida parece se desfazer a cada dia.
Um romance brutalmente honesto, Tempo é Dinheiro acompanha as transformações de um casamento que é posto à prova ao mesmo tempo que se fortalece com as exigências de uma doença grave, e se revela uma inesperada oportunidade para a ternura, a renovação da intimidade e o humor ácido. Em uma pesada crítica aos sistemas de saúde, Lionel Shriver se atreve a fazer a temida pergunta: quanto custa a vida de uma pessoa?

O que eu achei de Tempo é Dinheiro?

Tempo é Dinheiro conta a história de Shepherd Knacker, um empresário que trabalhou muito a vida inteira, para juntar uma quantidade de dinheiro que fosse suficiente para bancar a sua vida e de sua família em um país do Terceiro Mundo, onde ele pudesse finalmente curtir o ócio e a calmaria, vivendo o momento e sem maiores preocupações. Quando ele sente que já adiou demais, cansado de trabalhar para o ex-funcionário que comprou sua empresa, e decide que finalmente chegou a hora de partir, compra as passagens dele, da esposa e do filho caçula – a mais velha, Amelia, não mora mais com os pais, tem um trabalho que mal paga as suas contas, mas não sairia dos Estados Unidos para ir morar para sempre em uma ilha do outro lado do mundo. Ele dá um ultimato à sua esposa, Glynis, mas ao invés da resposta que ele queria, é ela que chega com um fato novo e determinante: eles não podem viajar. Ela está doente e agora, mais do que nunca, precisará do plano de saúde que a empresa oferece.

Assim, ele tem que continuar trabalhando para o babaca do seu patrão, e passa a aplicar todo o dinheiro investido para a Outra Vida, no melhor tratamento possível para a sua mulher.

Glynis tem um tipo raro e extremamente mortífero de câncer, o mesotelioma, que a consome gradativamente, ao mesmo tempo em que os recursos de Shepherd também acabam, enquanto ele sustenta a irmã, folgada, que não produz nenhuma renda e ainda por cima acha que o irmão, por ser rico, deve pagar todas as suas contas, o pai, um pastor aposentado, cuja casa ainda tem algumas contas bancadas pelo filho, além do aluguel da filha, que não ganha um salário compatível com a vida que leva.

Ao mesmo tempo que lida com a fragilidade da vida da esposa, Shepherd precisa pensar no dinheiro envolvido em todo o esforço para combater o câncer que muito provavelmente a levará embora. Ele luta para ser o melhor marido para Glynis, cuidando dela em todo o tempo possível e arriscando até o emprego do qual eles dependem. Mas ao mesmo tempo, não consegue evitar pensar em uma vida “depois”, em cuja realidade ele não poderá contar com sua esposa, embora a vida em Pemba, aparentemente, tenha ficado apenas nos seus sonhos.

Este é um livro complexo e profundo que trata não apenas da dificuldade de quem atravessa um tratamento contra o câncer, ou das pessoas mais próximas, mas também é uma enorme crítica ao sistema de saúde americano. Lionel Shriver mescla muito bem todas as críticas com o principal questionamento: quanto vale a vida de uma pessoa?

Tempo é Dinheiro faz pensar no tempo que gastamos para ganhar um dinheiro e construir um império que de repente pode ser que não desfrutaremos ou que, ainda, nos aprisionará ainda mais. Nos leva a questionar inclusive até que ponto um paciente terminal deve lutar para prolongar uma vida sem qualidade, ou viver um período breve, mas que realmente faça sentido. O que realmente vale a pena em nossa vida?

E o título, contrariando a maioria, tem tudo a ver com a trama e com a mensagem que o livro passa. Recomendadíssimo para quem gosta de leituras que fazem refletir!

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[Resenha] Extraordinário – R. J. Palacio

extraordinário

August (Auggie) Pullman nasceu com uma síndrome genética cuja sequela é uma severa deformidade facial, que lhe impôs diversas cirurgias e complicações médicas. Por isso ele nunca frequentou uma escola de verdade…até agora.

Todo mundo sabe que é difícil ser um aluno novo, mais ainda quando se tem um rosto tão diferente. Prestes a começar o quinto ano em um colégio particular de Nova York, Auggie tem uma missão nada fácil pela frente: convencer os colegas de que, apesar da aparência incomum, ele é um menino igual a todos os outros.

O que eu achei de Extraordinário?

Extraordinário conta a história de Auggie Pullman, um garoto que nasceu com uma síndrome de origem genética e que, por conta disso, teve que passar por diversas cirurgias, o que acabou gerando uma série de complicações médicas, e a principal sequela é uma severa deformidade facial. Por conta disso, Auggie nunca havia frequentado a escola. Ele era ensinado em casa, por seus pais.

Porém, eles entendem que para o melhor desenvolvimento do filho seria importante que ele passasse a frequentar uma escola normal, com colegas normais, e o matriculam no colégio. Agora, Auggie terá que enfrentar os olhares dos colegas e dos professores e aprender a lidar com o fato de ser uma criança diferente em um ambiente completamente novo.

O principal esforço de Auggie é fazer com que as pessoas o tratem como o garoto comum que ele sente ser, apesar de sua condição especial. Por sua deformidade física, é quase que natural as pessoas olharem para ele de um jeito diferente e a maioria delas tem receio de se aproximar e tocá-lo, simplesmente porque ele não tem um rosto que se encaixa no padrão.

Auggie tem bastante receio de tudo o que vai enfrentar na escola, pois mesmo que só tenha 10 anos de idade, já sofreu o suficiente em razão de sua deformidade. A maioria dos alunos o deixa sozinho, mas Summer parece não se importar com a aparência diferente de Auggie e decide ser amiga dele.

Na contramão do tratamento que recebe das pessoas de fora, a família de Auggie e todas as pessoas que estão diretamente envolvidas com ele sentem um amor muito grande pelo garoto, e o fazem se sentir especial. Auggie sabe que é diferente, inclusive para a sua família, ainda que em um sentido positivo. Ainda assim, ele gostaria de ser apenas comum.

A forma de narrativa de Extraordinário nos permite compreender – e amar – ainda mais o Auggie. Cada capítulo é narrado pelo ponto de vista de um personagem. Ora é o Auggie, ora um de seus pais, ora a irmã ou algum de seus amigos. Com isso, vamos construindo quem é o Auggie em cada um dos círculos sociais que frequenta, e como cada pessoa que faz parte de sua vida o enxerga, e como a vida dele impacta a vida de cada uma delas.

É impossível não se identificar em algum momento da narrativa de Extraordinário com o personagem. Todos nós temos dentro ou fora de nós algo que nos torna especiais, diferenciados, extraordinários. Todos nós somos comuns e peculiares em uma certa medida.

Extraordinário tem momentos mais descontraídos e outros bastante comoventes. No meu caso, os momentos comoventes foram bastante intensos. Eu me emocionei bastante com a história e com a lição que ela passa.

Em linhas gerais, a trama de Extraordinário é clichê, mas a lição que há por trás de tudo é que é o grande mérito da autora. Mesmo sendo um roteiro já conhecido, conseguimos nos envolver com a história, nos apaixonar pelo personagem e tirar uma série de ensinamentos. E é isso que torna Extraordinário recomendado a qualquer um que aceite se emocionar com a história desse garoto, para todas as idades e para os amantes de qualquer gênero literário.

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[Resenha] A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista – Jennifer E. Smith

A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista

Título: A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista

Autora: Jennifer E. Smith

Editora: Galera Record

Ano: 2013

Páginas: 224

Com uma certa atmosfera de Um dia, mas voltado para o público jovem adulto, A probabilidade estatística do amor à primeira vista é uma história romântica, capaz de conquistar fãs de todas as idades. Quem imaginaria que quatro minutos poderiam mudar a vida de alguém? Mas é exatamente o que acontece com Hadley. Presa no aeroporto em Nova York, esperando outro voo depois de perder o seu, ela conhece Oliver. Um britânico fofo, que se senta a seu lado na viagem para Londres. Enquanto conversam sobre tudo, eles provam que o tempo é, sim, muito, muito relativo. Passada em apenas 24 horas, a história de Oliver e Hadley mostra que o amor, diferentemente das bagagens, jamais se extravia.

O que eu achei deA Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista?

A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista é uma história leve, certinha, própria para ser lida em algumas horas. A autora tem uma escrita dinâmica, objetiva e ao mesmo tempo, delicada, que prende a atenção do início ao fim.

O livro conta a história de Hadley, uma garota de 17 anos que está indo para a Inglaterra, para o casamento do pai. Ela não está nem um pouco à vontade com esse casamento, porque o pai deixou a família há algum tempo, para dar aulas na Inglaterra, conheceu outra mulher, Charlotte, com quem agora vai se casar.

Pelo panorama que temos, conforme as lembranças de Hadley vem e vão, ela está absolutamente chateada com o pai e não simpatiza nem um pouco com a idéia de ter uma jovem madrasta.

É com tudo isso em mente que ela chega no aeroporto, mesmo relutante, para embarcar para a Inglaterra. Por um simples imprevisto, ela se atrasa apenas quatro minutos e acaba perdendo o vôo. É uma sorte conseguir um lugar no próximo vôo, e ainda chegar a tempo no casamento do pai.

Enquanto aguarda o avião, Hadley conhece Oliver, um garoto britânico, muito gentil, que a ajuda com a bagagem e faz companhia durante algum tempo. Quando já está no avião, ela descobre que o assento de Oliver é justamente ao lado dela. Eles conversam muito, Hadley se encanta com o jeito fofo do garoto e com as frases inteligentes que solta de vez em quando.

As horas não parecem passar quando Hadley está com Oliver, mas infelizmente, a viagem acaba e ela é obrigada a enfrentar a dura realidade de um casamento ao qual ela não gostaria de comparecer. Mas como uma boa menina, ela faz de tudo para estar lá e prestigiar o momento do pai.

A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista nos ensina que o tempo é sim, muito relativo, principalmente quando se trata de amor. Além disso, aprendemos, mais uma vez, que as coisas simplesmente acontecem, e não são, necessariamente, culpa de alguém ou de alguma coisa. E na maioria das vezes, os imprevistos é que causam as melhores surpresas e os resultados mais felizes.

Gostei muito da leitura! Como disse, li esse livro em apenas algumas horas, em um sábado frio, acompanhada da minha caneca de mocaccino e meu cobertor. A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista é uma ótima pedida para quem quer se emocionar com uma história bonita.

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[Resenha] Um Lugar Para Ficar – Deb Caletti

um lugar para ficar

Título: Um Lugar Para Ficar

Autora: Deb Caletti

Editora: Novo Conceito

Ano: 2012

Páginas: 272

O relacionamento de Clara com Christian é intenso desde o começo e diferente de tudo o que ela já havia experimentado. No entanto, o que começa como um grande afeto rapidamente se transforma em obsessão, e já é muito tarde quando Clara percebe que as coisas foram longe demais e que Christian está disposto a fazer de tudo para ficar ao seu lado. Então, Clara parte da cidade e Christian fica para trás. Ninguém sabe onde ela está, mas, mesmo assim, Clara ainda luta para se livrar do medo. Ela sabe que Christian não vai permitir que ela suma tão facilmente. Não importa para onde ela vá, nunca será longe o bastante…

O que eu achei de Um Lugar Para Ficar?

Um lugar para ficar trata da história de Clara, uma adolescente que se muda de sua cidade com seu pai, para ficar longe de Christian, seu ex-namorado. Ninguém pode saber onde ela está, seus contatos telefônicos, email. Para sua própria segurança, o lugar para onde foram não deve ser conhecido de nenhuma pessoa, nem mesmo os amigos de Clara. É uma situação difícil, mas necessária – uma medida drástica tomada por um pai preocupado com sua filha.

O motivo real do refúgio dos dois nessa nova cidade não é claramente explicitado até que se chegue às partes finais da leitura. Um Lugar Para Ficar é escrito alternando os acontecimentos passados com os do presente, e aos poucos vamos montando o quebra-cabeça

Aparentemente Christian era o melhor namorado que Clara poderia ter, mas aos poucos ela vai conhecendo o temperamento instável dele e, como está apaixonada, acaba moldando toda sua vida de modo que ele não tenha nenhum ataque de ciúme e tentando reduzir ao máximo as reações inesperadas dele. Ela transforma seu modo de vestir, de falar, deixa as amizades cada vez mais em segundo plano e, por mais que as pessoas à sua volta a tentem alertar, ela não consegue ver o quanto esse relacionamento é doentio.

Clara tenta levar o relacionamento até onde dá, mas o controle de Christian sobre ela chega a um ponto que ela passa a ver o quanto está sendo prejudicada e passa a ter medo dele. Aos poucos, ela tenta se desvencilhar desse relacionamento, até que, por fim, consegue criar coragem e terminar com Christian. Ele, obviamente, não consegue aceitar o fim do relacionamento e começa a perseguir Clara, até que se chega ao ponto em que a história se inicia, com Clara e o pai se mudando para um lugar desconhecido, sem avisar nenhuma pessoa de seu convívio.

Clara e o pai, embora encarem a mudança como algo temporário, buscam formas de se adaptar ao novo ambiente e atividades para passar o tempo. Clara arruma um emprego em uma lojinha no farol da cidade e o pai tenta escrever mais um de seus romances. Clara acaba conhecendo Finn, um marujo, que trabalha em um barco, fazendo passeios com os turistas que chegam à cidade no verão. Ao mesmo tempo, o pai de Clara faz amizade com a dona da loja onde Clara trabalha e reencontra uma velha amiga que também mora em uma casa na praia.

A leitura demora para engrenar. A estratégia de contar a história em partes, ora no presente, ora no passado acaba deixando a leitura mais devagar do que eu gostaria. No fim das contas Um Lugar Para Ficar é um livro bom, mas apenas a partir da metade é que eu consegui me apegar ao enredo e me envolver até o fim.

A tradução e a revisão deixaram muito a desejar. Não é o primeiro livro que me desagrada no que diz respeito à tradução. Este tinha alguns erros que não passaram despercebidos e que me incomodaram no momento da leitura, como por exemplo o “kkkkkkkkk” em um momento em que se descrevia uma risada, entre outras traduções que eu não achei boas de jeito nenhum.

Outra coisa que incomodou em Um Lugar Para Ficar foi a quantidade de notas de rodapé. Por ser narrado em primeira pessoa, acredito que as notas poderiam ter sido incorporadas ao texto ou, em último caso, deixadas totalmente de lado. Não é de se esperar que um romance convencional tenha notas de rodapé, não é verdade?

No balanço final, é uma história boa, com um enredo bem construído, mas em vários momentos faltou emoção. Eu conseguia entender o terror psicológico sofrido pela personagem, mas não consegui senti-lo, como em outros livros que li. Para mim, ler um livro que me afeta, que incomoda e que me transporta para o mundo criado pelo autor é crucial e, em Um Lugar Para Ficar Deb Caletti não teve sucesso nesse aspecto.

Pode ser que eu ainda leia outros livros dela, mas ainda tenho autores passando na frente, na minha meta de leitura.

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[Resenha] Perdida – Carina Rissi

perdida

Título: Perdida

Autora: Carina Rissi

Editora: Verus

Ano: 2011

Páginas: 322

Sofia vive em uma metrópole, está habituada com a modernidade e as facilidades que isto lhe proporciona. Ela é independente e tem pavor a menção da palavra casamento. Os únicos romances em sua vida são os que os livros lhe proporcionam. Mas tudo isso muda depois que ela se vê em uma complicada condição. Após comprar um novo aparelho celular, algo misterioso acontece e Sofia descobre que está perdida no século XIX, sem ter ideia de como ou se voltará. Ela é acolhida pela família Clarke, enquanto tenta desesperadamente encontrar um meio de voltar para casa. Com a ajuda de prestativo Ian, Sofia embarca numa procura as cegas e acaba encontrando algumas pistas que talvez possam leva-la de volta para casa. O que ela não sabia era que seu coração tinha outros planos…

O que eu achei de Perdida?

A independente Sofia, protagonista de Perdida, adepta de todas as facilidades que o mundo moderno proporciona, leva uma vida corrida, trabalhando muito, como a da maioria das mulheres de hoje. Tudo ia muito bem, ou muito normal, até que ela perde o celular e tem que comprar outro em seguida. Este celular acaba levando Sofia direto para o século XIX.

Ela não tem a menor ideia de como voltar para casa. A única coisa que ela sabe é que tem que encontrar as pistas que a levarão de volta para o mundo a que ela está acostumada.

Ela acaba indo parar na casa da família Clarke, depois de ser encontrada por Ian. Lá ela tem que aprender a viver sem as facilidades a que está acostumada, e descobrir um novo jeito de fazer as coisas mais simples sem o apoio da tecnologia, além de ter que entender que pistas são essas que ela tem que encontrar.

Perdida é aquele tipo de romance em que é fácil identificar com a personagem. Por mais que a história tenha elementos fantásticos, Sofia é muito real. Em diversos momentos são destacadas situações tão corriqueiras que nos fazem pensar que Sofia realmente existe, e que fomos nós que vivemos toda a história.

Ian também não fica atrás. Criado em um sistema de regras de comportamento extremamente engessado, Ian é um homem charmoso, que povoa os sonhos de toda romântica.

Há outros personagens importantes na trama de Perdida como Elisa, a irmã de Ian, que é delicada e rapidamente se apega a Sofia como a uma irmã mais velha, e Teodora, uma amiga da família, que em alguns momentos parece apresentar uma grande resistência à presença de Sofia em meio aos Clarke. É importante destacar também que os empregados da casa são uma parte relevante da história, como Gomes, cuja discrição e apego ao seu patrão colaboram muito para o desenrolar de toda a história.

Perdida é um daqueles livros que eu considero permanentes. É um romance lindo, leve, que emociona ao mesmo tempo em que diverte. Carina Rissi, de um modo muito especial, soube combinar a doçura de um romance que nos faz suspirar com a personalidade marcante da protagonista, Sofia, que com sua espontaneidade, nos faz rir o tempo todo. Este com certeza é um livro que voltarei a ler mais de uma vez, e que recomendo muitíssimo para quem quer uma leitura leve e divertida.

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[Resenha] Charlotte Street – Danny Wallace

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Tudo começa com uma garota… (porque sim, sempre há uma garota…) Jason Priestley acabou de vê-la. Eles partilharam de um momento incrível e rápido de profunda possibilidade, em algum lugar da Charlotte Street. E então, em um piscar de olhos, ela partiu deixando-o, acidentalmente, segurando sua câmera descartável, com o filme de fotos completo… E agora Jason — ex-professor, ex-namorado, escritor e herói relutante — se depara com um dilema. Deveria tentar seguir A Garota? E se ela for A garota? Mas aquilo significaria utilizar suas únicas pistas, que estão ainda intocáveis em seu poder… É engraçado como as coisas algumas situações se desenrolam…

O que eu achei de Charlotte Street?

Charlotte Street é um livro que parece um filme.

A narrativa, em primeira pessoa, é rápida e leve – temos a impressão de que o narrador conversa com o leitor, lembrando os fatos aos poucos e não necessariamente em uma ordem lógica de raciocínio. Dizendo assim posso dar a impressão de que é um livro confuso, mas as peças se encaixam normalmente ao longo da leitura, sem nenhuma dificuldade de entendimento. Logo nas primeiras páginas já entramos no ritmo da narração e a leitura flui facilmente. Danny Wallace usa alguns recursos de humor ao longo de todo o livro, o que também colabora para a leveza da narrativa.

A história de Charlotte Street começa com Jason na Charlotte Street, em Londres, onde ele ajuda uma garota, segurando suas sacolas para que ela entre em um táxi. Eles se olham por instantes, apenas, mas Jason fica marcado por aquele olhar e, quando se dá conta, a garota já foi embora e, em suas mãos está a câmera fotográfica descartável dela.

Jason é um homem que teve seu relacionamento destruído por uma besteira que ele cometeu (mais uma), desistiu da carreira de professor e acabou como um jornalista freelancer de um jornal inexpressivo, morando com seu colega de faculdade e melhor amigo, Dev. Frustrado em sua vida profissional e em seu relacionamento, Jason não tem grandes expectativas em relação a nada, até que um simples acontecimento se transforma em seu objetivo principal: encontrar a garota. Só que ele é bem desajeitado e acaba se precipitando em alguns momentos, principalmente, porque não consegue se desvencilhar de seu passado e do relacionamento destruído com a ex-namorada.

A partir desta nova “missão” a que Jason se propõe, a história fica muito divertida, pelo envolvimento de Dev e os outros amigos de Jason na busca pela Garota e principalmente depois que Dev revela as fotos da câmera dela, em uma tentativa de encontrar “pistas” em suas fotos. O grupo segue por diversos locais e situações inusitadas em que, muito mais do que a Garota, Jason busca reconstruir-se após todas as frustrações que teve.

Dos amigos de Jason, Dev com certeza é o mais marcante. Ele acaba roubando a cena e é imprescindível para o desenrolar da trama e do destino do seu amigo. Ele é franco e direto, tem tiradas engraçadas e um modo muito peculiar de enxergar a vida. Na minha opinião, esse foi um personagem tão bem criado, que poderia facilmente ser protagonista.

Ao ler a sinopse de Charlotte Street imaginamos que seja mais um daqueles romances convencionais, em que tudo converge para que os dois fiquem juntos. Porém, no caso de Charlotte Street, não é bem assim. A história é muito mais voltada para Jason, suas frustrações e sua busca por fazer algo relevante, como ter um objetivo pelo qual lutar e persistir até o fim. O autor deu um toque de realidade à trama ao permitir que algumas coisas dessem certo e que outras dessem errado. Gloriosamente errado, no caso de Jason, que parece ser um mestre em meter os pés pelas mãos. Assim como na nossa vida, onde há coisas que dão certo e outras que dão errado, sem possibilidade alguma de previsão, sujeitas à nossa imaturidade ou precipitação ao lidar com determinados assuntos.

É um ótimo livro para passar o tempo, daqueles que a gente pega pra ler nas férias, tomando sol no clube ou na praia, deitada em uma rede ou no sofá no meio da tarde. É uma leitura que descansa e relaxa e, por isso, altamente recomendada.

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Resenha: O Teorema Katherine – John Green

O Teorema Katherine

Título: O Teorema Katherine

Autor: John Green

Editora: Intrínseca

Ano: 2013

Páginas: 304

Após seu mais recente e traumático pé na bunda – o décimo nono de sua ainda jovem vida, todos perpetrados por namoradas de nome Katherine – Colin Singleton resolve cair na estrada. Dirigindo o Rabecão de Satã, com seu caderninho de anotações no bolso e o melhor amigo no carona, o ex-criança prodígio, viciado em anagramas e PhD em levar o fora, descobre sua verdadeira missão: elaborar e comprovar o Teorema Fundamental da Previsibilidade das Katherines, que tornará possível antever, através da linguagem universal da matemática, o desfecho de qualquer relacionamento antes mesmo que as duas pessoas se conheçam.
Uma descoberta que vai entrar para a história, vai vingar séculos de injusta vantagem entre Terminantes e Terminados e, enfim, elevará Colin Singleton diretamente ao distinto posto de gênio da humanidade. Também, é claro, vai ajudá-lo a reconquistar sua garota. Ou, pelo menos, é isso o que ele espera.

 O que eu achei de O Teorema Katherine?

Colin Singleton, protagonista de O Teorema Katherine é um garoto de 17 anos, muito inteligente. Mais do que isso, é um prodígio. Ele tem uma inteligência acima da média dos garotos de sua idade e, além de ser o típico nerd, tem manias muito peculiares, como a de fazer anagramas com palavras e frases, além de ler muito e decorar facilmente.

Colin passou a vida tentando encontrar algo que o fizesse ser reconhecido como um gênio que fez algo relevante para a sociedade – seu “momento eureca”. Porém, quanto mais o tempo passa, ele pensa que as chances de isso acontecer estejam ficando cada vez menores. Coincidência ou não, Colin sempre namora Katherines. E elas sempre terminam com ele. Colin já passou por isso diversas vezes. Quando ele leva seu décimo nono pé na bunda, muito desconsolado com a vida, seu amigo Hassan o convence a fazer uma viagem de carro.

Nessa viagem, os dois amigos acabam indo parar em uma cidadezinha chamada Gutshot, no Tennessee, onde a trama se desenvolve e somos apresentados a Lindsey, Hollis (mãe de Lindsey) e aos amigos e o namorado de Lindsey. Esses personagens garantem momentos divertidos para a história, principalmente Hassan.

Hassan é o melhor amigo de Colin e o personagem mais divertido do livro. É um garoto muçulmano, que não pensa em fazer nada da vida, mas que gosta muito de Colin e sempre dá um jeito de animar o amigo. Ele tem tiradas engraçadíssimas e isso, em contraponto com a melancolia depressiva do Colin, torna os diálogos entre os dois algo genial.

Hassan e Colin ficam hospedados na casa de Lindsey e acabam conseguindo um emprego com a mãe dela, que é a dona da fábrica que mantém a maioria das pessoas da cidade, para realizarem uma série de entrevistas com essas pessoas. Lindsey e a mãe são completamente diferentes entre si e do padrão a que os garotos estão acostumados e por isso, o tempo que passam na casa delas também garante situações inusitadas.

É em Gutshot que Colin tem o seu tão esperado “momento eureca”. A partir da desilusão de seu último namoro, Colin resolve usar sua inteligência e habilidade com a matemática para elaborar um teorema que fosse capaz de identificar o mecanismo do amor, prevendo a duração do relacionamento e quem terminaria com quem (ele chama de “terminantes” e “terminados”). Ele vai testando sua fórmula em desenvolvimento com os dados de cada uma das dezenove Katherines e, a partir disso, podemos conhecer um pouco sobre cada uma delas. Também podemos entender um pouco mais sobre Colin, ao mesmo tempo em que somos confrontados com diversos questionamentos como a previsibilidade e a imprevisibilidade dos relacionamentos e sobre o que significa fazer algo que mude a humanidade.

Não se trata de um livro comum sobre um romance comum, por isso é que muitas pessoas não gostaram dele. Por se tratar de um romance nerd, O Teorema Katherine é narrado pela perspectiva de Colin e acredito que John Green foi absolutamente feliz nisso. Afinal, contar essa história em forma de um romance tradicional não seria justo com a singularidade de Colin, verdade seja dita.

Embora em muitos momentos não seja possível acompanhar totalmente o raciocínio do garoto em toda sua inteligência, somos capazes de captar a mensagem principal da história de O Teorema Katherine, apesar de todas as referências a fórmulas, gráficos e conceitos matemáticos. E para quem insiste em querer entender a matemática por trás do romance (e o romance por trás da matemática, se é que isso é possível), há notas de rodapé e um apêndice em que a lógica do Teorema criado por Colin é detalhadamente explicada.

Como dito pelo próprio autor, não é necessário entender matemática ou o cálculo que deu origem ao Teorema, porque, na verdade, o que John Green pretendeu e, em minha opinião, conseguiu de forma brilhante em O Teorema Katherine, é demonstrar por meio do Colin, algo muito mais sutil por trás de toda essa vontade de buscar um padrão para os seus namoros.

No fundo, Colin é só mais uma pessoa revoltada com o destino de sua vida amorosa e que tenta encontrar um meio de lidar com isso, e seu mecanismo foi a matemática. O meu e o seu pode ser o chocolate, uma garrafa de vinho ou uma ida ao cabeleireiro para mudar de visual, quem sabe?

Sendo assim, recomendo muitíssimo O Teorema Katherine, não só para os nerds de plantão, mas principalmente para quem gosta de histórias em que se deve ler nas entrelinhas e que conseguem enxergar o inusitado por trás de uma primeira impressão rasa.