Basta virar o ano no calendário e somos inundados com textos e vídeos sobre organização, planejamento e metas para os próximos doze meses. Nas primeiras horas do dia 1° de janeiro de 2025 já havia meia dúzia de posts no Instagram sobre esse tema. Planejar é válido, afinal, a partir do objetivo que queremos alcançar, devemos ter um plano para alcançá-lo. Mas será que estamos fazendo do jeito certo?
Duas frases que li durante esses primeiros dias do ano me deixaram pensativa quanto a isso. Planejar nosso ano, estabelecer metas, definir “palavras” devem estar alinhados com a nossa circunstância, senão, em poucas semanas estaremos frustradas e abandonaremos esses objetivos iniciais, voltando a caminhar sem rumo pelas nossas demandas.
Onde deve estar o nosso foco?
A primeira frase que li foi que o planejamento do ano dessa pessoa seria “focado exclusivamente nela mesma“. Talvez por saber que na vida cristã nosso foco é servir ao outro, achei esse objetivo bem estranho. Já faz um tempo que tenho aprendido que até os nossos atos aparentemente pessoais, quando realizados com a perspectiva correta, resultam em serviço às pessoas ao nosso redor.
Ser cristão não significa que vamos nos anular completamente e deixar de cuidar de nós. Por exemplo, vestir-nos bem, fazer exercícios e cuidar da nossa alimentação é muito benéfico para nós, mas uma simples mudança de foco pode nos ajudar a ver que esses atos também podem ser atos de serviço. Servimos nossa família quando nos mostramos diante dela arrumadas. Se nos alimentamos bem e fortalecemos nosso corpo com atividades físicas temos mais saúde e disposição para cuidar da família e da casa, mais paciência para os desafios do dia a dia.
Qual a nossa realidade hoje?
A segunda frase que li, em um post bem detalhado sobre as metas para o ano, com várias áreas de foco, foi que “a realidade dessa outra pessoa permitia um planejamento assim“. Em anos anteriores, talvez eu lesse a lista dela e me sentisse desafiada a elaborar um planejamento quase corporativo para os meus objetivos pessoais. Essa semana, ao ler essa frase, eu me senti encorajada a planejar meu ano dentro das minhas circunstâncias.
Em 2019, eu li uns sessenta livros no ano. Em 2024, li vinte, aos trancos e barrancos. Se não fossem todas as mudanças de lá para cá, com certeza essa queda teria me frustrado. Porém, em cinco anos tanta coisa aconteceu! Uma pandemia, uma demissão e dois filhos nascidos depois, exigiram uma reordenação nas prioridades. O tempo de leitura diminuiu e precisei reduzir minhas expectativas quanto à limpeza e organização da casa para ter mais tempo com as crianças, os ministérios em que sirvo e para o trabalho como tradutora.
Quando abraçamos nossa realidade, ao invés de questioná-la ou compará-la com quem achamos que está fazendo mais do que nós, entendemos como podemos desempenhar melhor nossos papéis no pouco tempo que temos, sem deixar de cumprir nosso chamado de servir ao próximo e demonstrar o amor cristão na prática.
Ju, em 2024 aprendi na prática que é muito melhor ter presença e fazer uma coisa bem feita do que querer abraçar o mundo e viver amargurada por não conseguir. E seu texto me lembrou disso!! Obrigada por compartilhar! Obrigada pela reflexão e continue ( quando der, claro!)