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Feliz Aniversário de Dez Anos!

Esse mês eu completo dez anos de blog. Não fiquei famosa, não virei youtuber, nem influenciadora com dezenas de parcerias com editoras, marcas e autores. Não migrei meu conteúdo para o Instagram e, apesar de meio mundo dizer que ninguém mais lê blogs, continuo insistindo no formato escrito, mais por amar fazer isso do que por achar que vai virar “trabalho”. Ainda não escrevi meu romance, só um conto que publiquei na Amazon (e alguns vários em antologias diversas) nem sou constante aqui como gostaria, mas esses dez anos de idas e vindas geraram muitas reflexões interessantes.

Comecei com a intenção de registrar as minhas leituras, de um jeito bem pessoal, mas tentando escrever textos com fundamento, que expressassem algo que tinha me chamado a atenção com aquela leitura. Não me adaptei ao formato dos blogs que faziam sucesso, pois não queria que meu espaço de reflexão pessoal virasse um catálogo de propagandas gratuitas para editoras, na esperança de ganhar uns livrinhos no final. Sem contar que, no meio do caminho do meu blog literário, foi nascendo a vontade de escrever sobre temas aleatórios, aí mudei para um nome que não me restringisse (o meu nome mesmo 😊).

Hoje eu prefiro demorar um pouco mais a escrever, mas fazer algo legal, que sirva para alguma coisa, ao invés de publicar algo que daqui a alguma semanas não fará mais sentido algum. No fim, mesmo escrevendo uma ou outra reflexão, a categoria de resenhas do blog é uma das mais acessadas e esses são os posts mais encontrados nas buscas do Google e que continuam sendo úteis mesmo depois de anos. Quero que de agora em diante, outros textos, além das resenhas, possam ter essa característica. Ainda estou elaborando o que vem por aí.

Já melhorei tanto meu estilo de escrita desde que comecei! Não só os textos de ficção que tenho estudado e praticado nos últimos anos, mas também a escrita específica para cá. Ler os textos antigos e os novos me mostra na prática a diferença que a escrita rotineira faz (mesmo que bem espaçada por aqui).

Para os próximos dez anos eu desejo muita escrita, muitas resenhas, muita reflexão e se Deus permitir, uma presença mais constante por aqui. Desejo que os conteúdos em texto continuem sendo produzidos não só aqui, mas que eu possa ser uma a mais a inspirar pessoas a escreverem e apostarem nessa plataforma que eu tanto gosto. Feliz aniversário de blog!

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O tipo de influência que eu gosto

Desde quando a moda das blogueiras sem blog começou, eu primeiro fiquei incomodada, depois com preguiça de continuar escrevendo aqui. Agora, cheguei em uma fase na qual eu deixei de me importar com o que as redes sociais estão forçando seus usuários a fazer e estou me dedicando a construir as bases daquilo que eu considero importante.

Ter um blog em um domínio meu, registrado, em uma plataforma em que eu tenho muita liberdade para fazer as coisas do meu jeito sempre foi mais parecido comigo do que uma rede social que muda a forma de entregar o conteúdo todos os dias. Sem contar que aqui, na minha casa, como diz minha amiga Marga, eu não fico refém de estilos e práticas que não tem nada a ver comigo. Nesses poucos dias em que voltei a escrever aqui, encontrei meu público, as pessoas que me leem, mesmo em um tempo de conteúdos tão rapidamente descartados. Meus textos são um retrato de quem sou hoje, em janeiro de 2023, mas também são tijolinhos que vêm construindo, há quase dez anos, um monte de conteúdo legal. As estatísticas do blog me mostram que resenhas e reflexões escritas há um tempão continuam sendo encontradas pela busca do Google e atraindo a atenção de quem gosta das mesmas coisas que eu. É para essas pessoas que eu escrevo.

Fico extremamente feliz quando alguém cria um blog e começa a escrever seus pensamentos e até textos de ficção, inspirados em minha trajetória como blogueira (com blog) e escritora. Acho o máximo quando as minhas amigas me contam que estão lendo mais, porque se inspiraram no meu ritmo de leitura e nas coisas que eu publico sobre isso. Adoro conversar sobre livros e textos. As palavras fazem parte da minha vida e quando consigo tocar a vida de alguém com elas ou com as palavras que eu amei e foram escritas por alguém, sinto que a minha missão foi cumprida.

Não sou do tipo que faz do blog um catálogo, nem que vai fazer uma resenha só falando bem se o livro tem problemas. Houve um tempo no passado que me pediram para tirar do ar uma resenha sobre um livro que eu não gostei (e que eu critiquei com todo o respeito, é claro). Na parceria havia a cláusula de que eu não mentiria na resenha, mas ainda assim, acharam melhor não manter a publicação. Talvez por não ficar divulgando lançamentos nem propagandas sem qualquer contrato aqui no blog, as parcerias estejam meio paradas por enquanto. Quem sabe um dia elas voltam?

Mas o que eu gosto mesmo é de ir conversando com as pessoas sobre o que leio. Amo clubes de leitura por isso. Além de deixar as amigas com vontade de ler coisas novas, também saio de cada reunião com uma lista de livros que quero ler. Eu amo manter esse ciclo de recomendações e de influências e acho que é uma das formas de construir relacionamentos e conhecimento duradouros. Assim como o conteúdo que eu publico aqui.

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Sem querer criar expectativas…

Mas já criando.

E falhando miseravelmente.

O meu ano útil começou na primeira segunda-feira útil do mês e eu já estou atrasada. Claro que por mais que eu diga que não vou criar expectativas esse ano, eu tinha uma ideia (e um combinado) de trabalhar com mais intensidade durante a semana para poder dedicar os finais de semana à família e à igreja. Nem comecei e já deu errado. Com a loucura da rotina das festas, ontem fomos dormir tarde e hoje acordamos tarde. Até aí, tudo bem. Mas assim que eu fui acordada, fui interrompida antes do meu dia começar. Tem que esperar marido entregar pendência que era pra ter entregado antes das férias. Esperei. Fui levantando pra ir trabalhar e tem que esperar o marido ir ao banheiro. Já deu a hora do almoço, nem vai pro escritório, espera fazer a comida (é o marido que cozinha aqui em casa). Almoço (não sem interrupção, pois por mais que “agora ele está por conta da criança”, sou eu quem está vendo menino correndo com copo de vidro na mão, sou eu quem tem que parar para acudir menino chorando que quer a motoca que está no corredor, sou eu que tenho que ficar com um olho no meu prato e o outro no copo de suco de laranja que a criança vai chutar porque não olha por onde anda (igual ao pai).

Fiquei quinze minutos jogando uma porcaria de joguinho no celular, esperando pelo menos fazer a digestão antes de tentar começar meu dia de trabalho e fui gentilmente julgada por estar “mexendo no celular diante da criança sendo que eu mesma tinha sugerido pararmos de fazer isso”. Levantei e fui ao banheiro para tentar de novo. “Neném vai junto!” Terminei o serviço, fui fazer um café e fui para o escritório. Tudo aparentemente em paz. Criança jogando brinquedo, gritando e brincando com o pai. Os dois de férias, deixa eu tentar trabalhar.

Meu dia começa com a leitura da Bíblia. Eu decidi que não vou deixar isso pra depois, nem mesmo nos dias em que praticamente começo o expediente no fim do expediente, porque preciso manter algum relacionamento com Deus, já que ir à igreja fica prejudicado pelo atropelamento semanal que eu sofro das atividades de trabalho e de casa versus o quanto eu preciso produzir pra dar conta dos boletos que chegam religiosamente em suas datas definidas.

É o primeiro dia útil do ano e eu já vou ter que trabalhar de madrugada. É a primeira semana útil do ano e eu vou ter que trabalhar sem descansar, porque vou ter que dar conta de algum momento com meu filho na última semana dele de férias e depois que todo mundo que está de férias for descansar das atividades de lazer do dia, aí sim eu vou sentar para trabalhar. É só uma semana, eu sei. Logo vai todo mundo estar envolvido em suas atividades e me deixar em paz para exercer as minhas, mas me deixa bem frustrada começar o ano com essa sensação de atropelo que me arrastou até o final do ano passado. Me deixa frustrada ver que a leveza que eu tanto quero acabou ficando só nos desejos de ano novo, de novo! Bora trabalhar e torcer pra não ter um burnout.

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Boas notícias para terminar o ano

Último dia do ano e enquanto meu filho faz a soneca eu aproveito para despejar palavras no papel. Como a minha postura em relação a planejamento e expectativas está diferente para 2023, não vou fazer uma lista de resoluções nem de livros para ler em 2022 (embora eu já tenha uma meta mais ou menos definida para o mês de janeiro, para acompanhar meus grupos de leitura coletiva). Ao invés de me colocar metas fixas e expectativas elevadas, eu vou focar em me manter no presente esse ano. Celebrar as conquistas e documentar a jornada, mais do que desejar algo que talvez nem esteja nos planos de Deus para mim.

Meu dia começou com boas notícias. Uma antologia para a qual enviei um conto me selecionou. Em breve conto mais detalhes sobre isso, mas pela data, eu estava achando que não tinha sido aprovada e receber esse e-mail foi um presente de fim de ano. Como disse uma amiga, a energia que faltava para demonstrar que não devemos parar.

Depois, em um momento raro de sossego no meio da manhã, vim montar minha semana no planner e fiquei muito feliz com o resultado. A cada dia, melhoro minhas habilidades de decoração, uso de adesivos e dos recursos que selecionei para me acompanharem nessa terapia em 2023. E estou feliz por ter esses minutinhos dedicados a uma atividade que eu gosto muito e que me ajuda a relaxar. Junto com o devocional diário e a minha sessão de escrita para o blog, planejar e enfeitar meu planner é um momento que reservo para mim e que tem me feito bem.

Espero que em 2023 eu consiga manter essa leveza que estou começando a exercitar nos últimos dias do “ano velho”. Também desejo que você consiga levar até o fim aquilo que se propuser a fazer e, claro, que tenha coragem de desistir e de deixar para lá aquilo que perder o sentido no meio do caminho. Que venham mais boas notícias por aí, seja nesse último dia, seja ao longo do próximo ano! Até 2023! <3

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Organização da casa para o novo ano.

Literalmente. E não.

Esse mês, depois de um ano inteiro tumultuado, como já venho comentando nos últimos textos, resolvi fazer um belo destralhe aqui em casa. Destralhe é uma palavra que vem da tradução literal de “declutter” e significa remover toda a tralha, tudo aquilo que não nos serve mais, de alguma forma. Percebi que precisava fazer isso em todos os cômodos da casa e em cada armário, gaveta e prateleira e coloquei a mão na massa em dezembro mesmo.

Se você já leu textos mais antigos, sabe que eu aplico uma mistureba de sistemas de organização aqui em casa (que no fim das contas vira o meu jeitinho particular de tentar dar conta disso tudo, ou pelo menos de saber por onde começar). O método que eu uso como base é o Clean Mama (da Becky Rapinchuck), mas tem aspectos e princípios do Flylady que eu também aplico, ou porque são parecidos com o método da Becky ou porque não tem ali e eu acho importante implementar. Também gosto da forma bastante personalizada da Flávia Ferrari e seus cronogramas de limpeza da casa, porque com eles eu consegui me desapegar um pouco dos dias fixados em que os dois principais métodos que eu sigo determinam para cada atividade.

Pois bem, em uma das minhas tentativas de criar uma forma mais personalizada de limpeza para a minha rotina (que muda mais do que eu gostaria), eu também comprei um curso de organização (com foco na organização de armários e áreas da casa, em geral) e também um curso de como dobrar tudo quanto é peça de roupa. Todos da Flávia Ferrari. Com isso, eu me animei e, depois de tirar mais da metade das minhas roupas e das roupas do meu marido, estou nesse processo de aprender a dobrar corretamente cada peça e guardar de forma que fique fácil de achar, prático e principalmente, mais tempo organizado.

A minha parte acabou recentemente. Eu praticamente dobrei os espaços disponíveis do meu armário e tirei sacolas enormes de roupas que não estava usando há anos, esperando emagrecer. Sem contar aquelas peças que achamos que vamos usar algum dia, mas que na verdade nem gostamos muito e guardamos por algum apego emocional. Foi tudo embora.

A cada sacola que eu tirava do meu quarto, um peso ia junto. Nada de energia esotérica não. Não acredito nessas coisas, vocês sabem. Mas a leveza da decisão tomada, do apego desfeito, de não precisar carregar o que não faz mais sentido. Organizei sem querer até um pouco da minha mente e do que eu valorizo nesses minutos diários de desapego e organização.

Dezembro está terminando e eu não estou nem perto de terminar o primeiro cômodo que comecei a organizar. Mas só com o que já fiz, entro em 2023 bem mais leve e carregando comigo só o que vale a pena manter. Também levo o aprendizado de que, assim como limpar é cíclico e constante, cuidados de higiene também são e o destralhe também tem que ser.

E foi assim que, depois de anos, eu consegui entender de verdade, porque esse item está na planilha de todos os métodos de limpeza e organização que eu encontro e tento aplicar. Porque aquilo que não serve, por mais que esteja escondido no armário, está ocupando um espaço desnecessário, pesando mais do que precisamos carregar e acumulando mais pó do que a nossa rinite aguenta. Então sim, todos os dias temos que tirar de casa aquilo que não serve, que é lixo, que não amamos e está só ocupando o lugar do que é realmente importante.

De repente, nem estou falando só de coisas. Mas isso você também já deve ter notado.

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Um balanço de 2022

Esse ano foi bem intenso. Maluco mesmo! Aconteceu de tudo, do mais maravilhoso ao mais estranho. E acho até que a sensação generalizada, entre as pessoas com quem eu convivo, pelo menos, é que ninguém aguenta mais. Faltam 3 dias e ninguém vê a hora de 2022 acabar.

Na escrita, minha vida deu uma bela melhorada. Escrevi mais do que no ano passado e aprendi muito com cada análise, cada leitura crítica, cada reescrita. Também fui selecionada para várias antologias, participei de cursos e conheci muita gente que está no mesmo caminho que eu. É uma delícia ver as conquistas deles também. Cada vez que alguém consegue um contrato, os ânimos para continuar escrevendo são renovados. Para 2023, embora eu esteja cansada no momento em que escrevo esse texto, não quero parar de escrever nem de me aprimorar. Eu sei que se eu deixar a escrita sem um ritmo mais ou menos estruturado, sem um cronograma, vou acabar deixando pra depois e não vou terminar o ano com o primeiro rascunho de um livro meu.

Na família, as conquistas e as descobertas são diárias. Com um filho pequeno, todo dia é dia de aprender uma coisa nova, sempre é momento de risadas, abraços e muito amor. Até a rotina maluca se força a parar, pois ninguém tira de nós as nossas manhãs e nossas noites recheadas de brincadeiras, que renovam a energia para o período de trabalho entre elas.

E por falar em trabalho, esse foi um dos anos em que mais trabalhei. Como autônoma, o desafio de manter um fluxo mais ou menos uniforme de entradas financeiras e controlar os gastos foi o principal gigante desse ano. Aprendi muito sobre mim mesma, sobre descanso, rotina e sobre o que aceitar e que limites colocar, seja para um cliente inoportuno, seja para o trabalho que invade as horas de descanso. Criei uma planilha para tentar visualizar esse equilíbrio financeiro de forma mais clara, mas também coloquei como meta não abrir mão das minhas horas de descanso e de dedicação à família e à igreja. Em 2022, fomos mais do que em 2021 aos cultos, mas ainda assim, não estamos da forma como eu gostaria. Ainda há muito espaço para melhorar.

Há um ano como autônoma, eu aprendi que dá para ser muito bem sucedida e viver do que eu mais sei fazer, apesar de tanta gente dizer o contrário. Deixei de lado um sonho de trabalhar em um lugar que eu achava que era estruturado e descobri a maravilha de poder fazer meu horário, de trabalhar de vários locais diferentes e vi um mundo de novas possibilidades que eu antes não tinha coragem de enfrentar se abrir diante dos meus olhos. Ser demitida em 2019 (e em 2021 depois que a estabilidade da licença maternidade acabou e o chefe que gostava de mim ter dado o fora da empresa) foi a melhor coisa que poderia ter acontecido para a minha carreira. E não, não fiz texto de agradecimento no LinkedIn, porque ainda tenho muitas indignações guardadas aqui, sobre a forma como tudo aconteceu.

Foi intenso, cheio de trabalho, sem tempo pra respirar, quase nada de dinheiro e muito menos férias. Mas no fim, vejo a mão de Deus guiando a minha família até aqui e só consigo ser muito grata por ele ter nos sustentado ao longo de todos esses meses. Mas, beleza, VALEU, FOI BOM (?), ADEUS!

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O dia pode começar a hora que for

Assim como a sua rotina de escrita.

Ou qualquer outra coisa.

Em 10 de novembro, eu comecei um plano de leitura anual da Bíblia. Ganhei de aniversário uma Bíblia com espaço para anotações e ao invés de esperar ansiosa pelo dia 1 de janeiro para começar a leitura em Gênesis 1, comecei do texto correspondente ao dia 10/11 mesmo. Também esqueci o receio de escrever algo errado ou destacar um trecho que outros considerem bobo e passei a anotar pensamentos e aprendizados (ou até um resumo em partes que achei que deveria resumir).

Em dezembro eu comecei a organizar e a jogar fora tudo aquilo que não quero mais aqui em casa. O mês dedicado ao destralhe, segundo o cronograma da Clean Mama, que eu acabo seguindo por aqui, é janeiro, mas eu comecei antes, pois, por incrível que pareça, arrumar a casa ajuda a descansar do meu trabalho remunerado.

A primeira semana do meu planner datado começou hoje e eu não poderia estar mais feliz, pois pude dar início a uma rotina que quero retomar em 2023: escrever todos os dias, ainda que não seja algo voltado para a publicação ou algum texto de ficção. Escrever e ponto. Isso passa pelo blog, pela escrita terapêutica para trabalhar todos os sentimentos guardados aqui dentro antes que eles causem mais estragos.

Meus dias não tem uma hora fixa para começar, pois além de ter um filho de dois anos, tanto a minha rotina de trabalho quanto a do meu marido são relativamente flexíveis. Tem dia que eu consigo estar sentada diante do computador e produzindo antes das 08 da manhã. Tem dia que só depois das 11. E eu resolvi abraçar essa realidade e eliminar um estresse da minha vida. Meu dia começa quando ele começa e pronto.

Por isso, não fazia muito sentido continuar querendo estabelecer mil regras de que dia e hora eu começo cada coisa.

A leitura bíblica não precisa esperar o ano começar, pois todo dia é dia de aprender do Senhor. E se eu já li a Bíblia inteira outras vezes, começar por algum dos profetas não vai atrapalhar meu entendimento da história em geral.

O destralhe dos armários também não precisou esperar janeiro. Eu quero começar o ano mais leve e quero conduzir o ano de 2023 de forma mais leve também. Muitas mágoas e muitos choques de realidade nos últimos dias de 2022 têm me feito repensar muita coisa. Eu não preciso esperar 2023 começar, se já posso entrar no ano novo sem aquilo que só está ocupando espaço que pode ser mais bem aproveitado (vale para coisas e para pessoas… kkkkkrying).

A rotina de escrita também vai começar mais leve, com menos cobranças e de forma mais orgãnica. Vou documentar mais e me preocupar menos. Vou escrever mais sobre como foram os meus dias e deixar que a rotina se planeje conforme a banda toca. Não sei quais serão meus volumes de trabalho, os dias em que ficaremos doentes e nem o que mais pode acontecer em 365 dias.

Sobre a escrita: sim, eu sei que preciso editar, revisar, eliminar repetições, melhorar o texto e ter ideias novas, criativas e surpreendentes. Mas a busca pela perfeição não pode mais tirar minha graça de vir aqui despejar a alma (nessa nova seção do blog que vou chamar de diário) ou contar sobre um livro que li, uma reflexão que me ocorreu. Aqui o lance vai ser orgânico, leve, seguindo o fluxo doido dos meus pensamentos e da minha rotina. O que eu quero publicar em forma de livro, esse sim, vai passar por um processo bem detalhado de aperfeiçoamento, sem publicação imediata nem muitos detalhes por enquanto.

E você com isso?

Sua rotina também pode ser mais leve, começar quando você acorda, independente da hora. Se te deu na telha começar a escrever, não precisa esperar a próxima segunda, ou o dia 1 do calendário. Começa hoje e colhe os frutos de um dia a dia mais leve. Se quiser começar a ler a Bíblia hoje por Gênesis 1, manda bala. Se quiser aproveitar o plano de leitura que já imprimiu e não usou, bora para Apocalipse 17, então. Só não vale ficar esperando a vida passar e desistir antes de começar. Eu já comecei a arrumar meu coração pra 2023, quem vem comigo?

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E eu que já era slow blogger e nem sabia?

Slow blogging é uma ~tendência~ no mundo dos blogs, e tem a ver com escrever e produzir conteúdo com calma, respeitando os nossos processos. E já tem alguns anos que esse espaço segue assim, sendo alimentado quando eu consigo escrever algo decente e com o mínimo de cuidado. Descobri, navegando à toa pelas páginas por aí que eu já era slow blogger e nem sabia!

Não vou virar aqui uma advogada da tendência, até porque eu detesto essa história de enfiar todo mundo dentro do mesmo padrãozinho e produzir uma infinidade de posts iguais, como se a cultura blogger fosse uma coisa enlatada e que devesse obedecer a templates pré-definidos. Acho sim que cada pessoa tem que encontrar seu caminho e ir criando conteúdo com a sua cara. Nada impede de buscar inspiração em outros textos ou posts, mas daí a isso virar uma regra e um peso sobre as nossas costas tem uma bela distância.

Quando eu comecei o blog isso tudo aqui era mato eu fui toda inocente querer conversar sobre livros na internet. Alguns posts depois e eu já tinha descoberto a bolha dos blogueiros literários e fui pressionada pela onda da padronização que existe nesse nicho. Em pouquíssimo tempo eu percebi que os blogs postavam resenha uma vez por semana, entrevistas uma vez por mês, tags periodicamente e também vários posts com os principais lançamentos de mil editoras. Tinha “conteúdo” pra postar todos os dias. Só que… bem, eu não queria ser um catálogo de pesquisa sobre livros. Eu sempre tive a intenção de que o blog fosse um espaço de troca entre os meus pensamentos e as opiniões de quem me lesse. Descobri rápido demais que a maioria das pessoas lia as resenhas e não comentava nada e que os blogs que tinham sessenta e tantos comentários eram os que faziam um tipo de gincana chamado “top comentarista”. Ai, gente… preguiça.

Eu queria despertar conversas, despertar o prazer da leitura e falar o que eu achava das leituras que ia fazendo, boas ou ruins. Resultado: não consegui ser parte da bolha, tive parceria com poucas editoras e por pouco tempo e hoje, quase 9 anos depois, continuo com a mesma audiência e a mesma quantidade de comentários e interações por post.

Ruim? Não acho. Descobri um novo perfil para o meu blog e que, hoje, depois de tanto tempo no ar, começa a me mostrar que eu estou no caminho certo.

O meu diferencial é ser slow blogger

Os padrões de post dentro de cada nicho e os milhares de blogs iguais deixaram de ser a melhor opção. Agora sobrevivem os que souberam se diferenciar quando perceberam que saíam milhares de posts iguais todos os dias e que isso não ia dar em boa coisa.

E daí que tantos blogs façam book haul, recebidos, primeiras cem páginas, resenha etc.? E daí que a maioria dos blogs literários viraram um repositório de links que redireciona para um canal do YouTube? Todos fazem isso, ou pelo menos a maioria que seguiu o bonde e conseguiu uma grande audiência, mas o que eles fazem de diferente que chama a atenção de autores e editoras. Pode ter certeza que é isso que mantém os melhores blogs no ar.

No meu caso, o diferencial é justamente escrever sobre tudo o que é assunto, em artigos um pouco mais longos e que tem como foco as pessoas que preferem consumir conteúdo em texto. Não tenho uma audiência enorme, mas quem procura resenhas bem feitas e reflexões fundamentadas, sabe que aqui é o lugar certo.

O conteúdo produzido no slow blogging sobrevive por mais tempo

Durante algum tempo e com algumas parcerias que eu fiz com autores e com editoras, tinha que fazer posts sobre eventos ou promoções relacionadas a livros, que ficavam no ar por apenas alguns dias. Passada a promoção, o post ficava lá e perdia o sentido… A sensação, quando eu mesma via aquele conteúdo no meu site era de ler a Revista Caras do ano passado na sala de espera do dentista.

Com o fim das parcerias e a abertura do nicho do meu blog de literário para pessoal, eu comecei a pensar em escrever conteúdos que não me dessem essa sensação de revista velha e que me agregassem alguma coisa, mesmo que fossem lidos depois de muito tempo. E não é que eu acabei descobrindo que isso acontece?

Como eu falei ali em cima, o blog já vai fazer 9 anos. Nos últimos tempos eu quase não tenho tido tempo de sentar pra escrever um post legal e, com isso, quem chega até aqui pela busca do Google é graças ao pouco que eu sei de uso de SEO, claro, mas também pelos temas que eu trato aqui. E mesmo sem posts novos por muito tempo, as visitas não pararam (em alguns meses tem até um pico, dependendo dos temas buscados).

E quer saber o que é melhor ainda? As pessoas tem comentado até mesmo em posts antigos, justamente porque o conteúdo é atemporal e continua atraente hoje. O bom de ser slow blogger é que a gente escreve menos, mas faz um texto mais elaborado, com cuidado, recheado de informações e isso pode demorar (slow, né?), mas traz seus resultados.

Então, sim, vou seguir a tendência slow blogger enquanto ela é tendência, mas só porque eu já era antes de ser modinha e só porque vou continuar sendo depois que ela passar! Tem mais algum slow blogger por aí? Sobre o que você escreve?

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Reflexões - Cartas de Um Diabo Ao Seu Aprendiz #2

O texto de hoje é uma reflexão na segunda carta do livro Cartas de Um Diabo Ao Seu Aprendiz, de C. S. Lewis. No post anterior eu explico um pouco sobre como estamos fazendo essa leitura, a sinopse do livro e trago as reflexões sobre a primeira carta.

Nesta carta, o tema central é a relação do paciente de Vermelindo com a igreja que ele começou a frequentar. Maldanado, o demônio sênior que orienta seu sobrinho nas atividades de um tentador, explica as principais estratégias usadas pelo inferno para desestimular os cristãos em relação à sua igreja local.

Seu foco está em manter os olhos do paciente, assim como vimos no post anterior, em temas superficiais. Quanto mais os olhos do ser humano estiver sobre as coisas terrenas, melhor para Maldanado e para Vermelindo. E, ao mesmo tempo, ele quer que Vermelindo distraia seu paciente a ponto de ele nem mesmo cogitar que a igreja invisível segue triunfante, expandindo-se no tempo e no espaço.

Maldanado quer que Vermelindo explore o fato de que o novo convertido tem um ideal de cristão em sua mente, por não estar em uma igreja tempo suficiente. Ele sugere que seu sobrinho trabalhe na decepção desse paciente sobre essa percepção nas primeiras semanas de conversão. A decepção é um choque de realidade, pois nos despoja do conceito ideal sobre as pessoas e nos colocar diante de pessoas reais. Por outro lado, a estratégia diabólica é nos fazer olhar a hipocrisia alheia enquanto evitamos olhar a sua própria.

Esta carta traz uma reflexão importante sobre o convívio das pessoas na igreja local e toca profundamente em questões pelas quais todos nós passamos, se ficamos tempo suficiente ali.

Há casos de abuso emocional e espiritual causado por relacionamentos nas igrejas, ainda mais envolvendo estruturas hierárquicas na instituição. Muitas vezes caímos nesse tipo de relação abusiva, pois acreditamos que por estarem numa igreja as pessoas estão curadas e são maduras. Mas nós, muitas vezes, não estamos. Como podemos esperar isso dos outros? É claro que o abuso é um comportamento errado e deve ser punido. Nosso papel é ter cautela ao fazer amizades para não nos machucarmos demais.

Há infinitas situações em que pessoas são excluídas de grupos, pelos motivos mais diversos. Costumamos ver a igreja como a “família sem qualquer falsidade e vivendo a verdade unida em amor”, mas quando convivemos as coisas são bem diferentes. As pessoas às vezes não agem como deveriam nem se importam conosco. Nós também somos assim, se pensarmos bem sobre nossas ações.

Também existe a famosa fofoca, que faz suas vítimas no mundo inteiro e não tem o menor preconceito quanto ao local onde está se espalhando. As decepções que podemos ter com seres humanos dentro da igreja formam uma lista imensa que eu poderia passar horas escrevendo aqui. A ideia do texto não é essa.

A carta tem uma função que é nos mostrar que devemos estar atentos para o que criticamos nas outras pessoas. Devemos prestar muita atenção se não estamos exigindo delas uma perfeição que é impossível que tenha, ou as medindo com padrões que nem nós mesmos ainda alcançamos. É claro que isso não significa que estamos com o passe livre para julgar todos aqueles que cometem um pecado do qual conseguimos nos livrar ou que não é nosso tipo de tentação, certo?

É fato que normalmente ignoramos nossa própria hipocrisia quanto aos outros na igreja e esperamos que eles sejam e façam aquilo que nos agrada, mas sem nenhuma ação nossa em retorno. O problema que enxergamos nos outros está em nós também. Por que não começar a lidar com o nosso pecado antes de questionar o alheio?

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Reflexões - Cartas de Um Diabo Ao Seu Aprendiz #1

O grupo de leitura do qual participo está começando a leitura de mais um livro. O escolhido da vez é Cartas de Um Diabo Ao Seu Aprendiz, de C. S. Lewis e publicado pela editora Thomas Nelson Brasil.

Irônica, astuta, irreverente. Assim pode ser descrita esta obra-prima de C.S. Lewis, dedicada a seu amigo J.R.R. Tolkien. Um clássico da literatura cristã, este retrato satírico da vida humana, feito pelo ponto de vista do diabo, tem divertido milhões de leitores desde sua primeira publicação, na década de 1940; agora com novo projeto gráfico, tradução atual e capa dura.

Cartas de um Diabo a seu Aprendiz é a correspondência ao mesmo tempo cômica, séria e original entre um diabo e seu sobrinho aprendiz. Revelando uma personalidade mais espirituosa, Lewis apresenta nesta obra a mais envolvente narrativa já escrita sobre tentações — e a superação delas.

Nosso grupo está se propondo a ler essa obra de maneira mais lenta e bastante criteriosa, para estudar os temas tratados por Lewis em cada uma delas. O material é simples e tem um certo humor. Apesar disso, é de grande relevância para refletirmos sobre nosso comportamento em relação a Deus, sua Palavra e as nossas relações interpessoais na família, no trabalho e na igreja.

Nossa primeira sessão abrangeu a primeira carta. Já pudemos ter um gostinho de como serão as próximas reuniões, pois ficamos por mais de uma hora conversando, sem esgotar os assuntos que poderíamos tratar.

Nesse primeiro texto Lewis nos apresenta aos personagens envolvidos nas correspondências que leremos ao longo das trinta e uma cartas do livro. Maldanado é um demônio sênior que escreve as cartas para orientar o trabalho de seu sobrinho Vermelindo, um demônio júnior, em afastar os seus pacientes do Inimigo.

Ao longo do livro vamos acompanhar o trabalho de Vermelindo quanto a um paciente específico. Cada carta trata de vários assuntos. Meu propósito para escrever uma série e não só a resenha do livro após a leitura foi registrar a reflexão sobre os temas que mais me chamaram a atenção em cada sessão dos nossos estudos.

O tema que saltou aos olhos no primeiro texto foi a estratégia usada por Maldanado e que ele sugere ao seu sobrinho. Essa ação consiste em desviar a atenção do paciente dos assuntos que realmente importam e fazê-lo se concentrar naquilo que é imediato, físico e banal.

Segundo Maldanado, fazer os seres humanos pensarem é um risco enorme para o trabalho demoníaco. Ele declara que esse raciocínio promove o pensamento sobre temas sérios, que estão alojados em um âmbito do nosso ser ao qual os demônios não acessam, mas Deus sim.

O que nos ensinam ao longo da vida cristã, pelo menos para quem cresceu em contexto pentecostal e neopentecostal nos anos 90/2000, é o contrário disso. Alguns dizem que se somos cristãos, não precisamos nos envolver com a cultura ou com os temas da atualidade, mas apenas com os assuntos que importam à igreja. Por outro lado, há aqueles que dizem que estudar teologia demais pode nos afastar de Deus.

Para as mulheres a orientação é ainda mais perniciosa. Dizem alguns que se o nosso papel é servir no lar, não há necessidade de estudarmos para desenvolver atividades profissionais ou ter conhecimentos gerais. Outros dizem que se não podemos pregar na igreja, então o estudo teológico é dispensável para nós. Por isso é que vemos, de forma mais ostensiva, no caso de mulheres, um desestímulo quanto ao estudo, de forma bem disfarçada. Nossas programações eclesiásticas se resumem a planejar eventos, refeições e presentes para datas comemorativas. Nossas sociedades internas promovem encontros com comida e comunhão, trazem uma breve reflexão sobre temas do universo feminino e assim seguimos apartadas dos temas de interesse teológico comum.

Ao contrário do que somos normalmente ensinadas, o estudo e o raciocínio sobre o que cremos é o meio mais sólido para nos aproximarmos de Deus. Isso nos levará a uma fé robusta e que não vacila diante das dificuldades. Graças a Deus, estamos buscando mudar isso ao levantar esses temas para discussão entre mulheres, abordando a teologia de forma geral e não os temas especificamente “femininos”.

Maldanado traz alguns exemplos do que usa para distrair os seus pacientes destes assuntos sérios. Ele diz que para afastar as pessoas daquilo que realmente importa é só fazê-los se concentrar em suas necessidades físicas mais básicas e imediatas. É verdade que acabamos cedendo a elas em alguns momentos, como o sono, a preguiça e o que ele chama de “pressões do cotidiano”. Agora que estamos estudando o assunto a fundo, temos a oportunidade de trabalhar de maneira ativa para vencer essas investidas, priorizando as coisas certas. Nas próximas semanas, continuaremos acompanhando as cartas e os principais assuntos abordados. Você pode colaborar com esses textos, deixando as suas impressões nos comentários.