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Um balanço de 2022

Esse ano foi bem intenso. Maluco mesmo! Aconteceu de tudo, do mais maravilhoso ao mais estranho. E acho até que a sensação generalizada, entre as pessoas com quem eu convivo, pelo menos, é que ninguém aguenta mais. Faltam 3 dias e ninguém vê a hora de 2022 acabar.

Na escrita, minha vida deu uma bela melhorada. Escrevi mais do que no ano passado e aprendi muito com cada análise, cada leitura crítica, cada reescrita. Também fui selecionada para várias antologias, participei de cursos e conheci muita gente que está no mesmo caminho que eu. É uma delícia ver as conquistas deles também. Cada vez que alguém consegue um contrato, os ânimos para continuar escrevendo são renovados. Para 2023, embora eu esteja cansada no momento em que escrevo esse texto, não quero parar de escrever nem de me aprimorar. Eu sei que se eu deixar a escrita sem um ritmo mais ou menos estruturado, sem um cronograma, vou acabar deixando pra depois e não vou terminar o ano com o primeiro rascunho de um livro meu.

Na família, as conquistas e as descobertas são diárias. Com um filho pequeno, todo dia é dia de aprender uma coisa nova, sempre é momento de risadas, abraços e muito amor. Até a rotina maluca se força a parar, pois ninguém tira de nós as nossas manhãs e nossas noites recheadas de brincadeiras, que renovam a energia para o período de trabalho entre elas.

E por falar em trabalho, esse foi um dos anos em que mais trabalhei. Como autônoma, o desafio de manter um fluxo mais ou menos uniforme de entradas financeiras e controlar os gastos foi o principal gigante desse ano. Aprendi muito sobre mim mesma, sobre descanso, rotina e sobre o que aceitar e que limites colocar, seja para um cliente inoportuno, seja para o trabalho que invade as horas de descanso. Criei uma planilha para tentar visualizar esse equilíbrio financeiro de forma mais clara, mas também coloquei como meta não abrir mão das minhas horas de descanso e de dedicação à família e à igreja. Em 2022, fomos mais do que em 2021 aos cultos, mas ainda assim, não estamos da forma como eu gostaria. Ainda há muito espaço para melhorar.

Há um ano como autônoma, eu aprendi que dá para ser muito bem sucedida e viver do que eu mais sei fazer, apesar de tanta gente dizer o contrário. Deixei de lado um sonho de trabalhar em um lugar que eu achava que era estruturado e descobri a maravilha de poder fazer meu horário, de trabalhar de vários locais diferentes e vi um mundo de novas possibilidades que eu antes não tinha coragem de enfrentar se abrir diante dos meus olhos. Ser demitida em 2019 (e em 2021 depois que a estabilidade da licença maternidade acabou e o chefe que gostava de mim ter dado o fora da empresa) foi a melhor coisa que poderia ter acontecido para a minha carreira. E não, não fiz texto de agradecimento no LinkedIn, porque ainda tenho muitas indignações guardadas aqui, sobre a forma como tudo aconteceu.

Foi intenso, cheio de trabalho, sem tempo pra respirar, quase nada de dinheiro e muito menos férias. Mas no fim, vejo a mão de Deus guiando a minha família até aqui e só consigo ser muito grata por ele ter nos sustentado ao longo de todos esses meses. Mas, beleza, VALEU, FOI BOM (?), ADEUS!

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5 Coisas Divertidas Para Janeiro

Nessa onda de levar o próximo ano com mais leveza, trago aqui uma listinha de coisas que quero fazer para relaxar. Eu sei que a partir do dia 2 de janeiro a rotina volta ao normal (ou quase, porque marido e filho estão de férias). A ideia é ter pequenos momentos de descanso ao longo do ano, para não chegar estressada e acabada em dezembro, como foi esse ano. Nem sabemos se vamos conseguir viajar no final de 2023, então é melhor aproveitar para ir descansando ao longo do caminho.

E, como a minha meta maior é estabelecer planejamentos realistas e menos rígidos esse ano, para acomodar as mudanças que sempre acontecem na minha vida, vou listar apenas o que eu quero fazer em janeiro. O que eu não fizer, coloco na lista em fevereiro de novo, e tudo bem.

Atividades Relaxantes de Janeiro

Séries: The Crown (terminar) e Bridgerton

Leitura: quero ler livros leves e que não estejam em nenhuma das leituras coletivas das quais participo. O primeiro escolhido é A Maldita Sorte de Cruzar o Seu Caminho, da Stefania Cedro, que comprei há poucos dias.

Passeios: quero aproveitar pelo menos uma das tardes de férias do meu marido e do meu filho para irmos passear no shopping em um horário menos lotado e curtir as áreas com brinquedos para crianças.

Cozinha: desde o ano passado estou com uma receita de biscoitinhos que quero fazer, mas ainda não consegui parar para isso. Entrou na lista de janeiro e, se ficar gostoso eu conto aqui depois.

Escrever: já comecei em dezembro mesmo, é verdade, principalmente aqui no blog. Em janeiro quero continuar escrevendo aleatoriedades por aqui e também desenvolver alguma ideia de ficção. Ainda não decidi o quê.

Acredito que vou conseguir encaixar tudo ou quase tudo na minha rotina do próximo mês. Não é para ser uma cobrança a mais, mas sim um lembrete de possibilidades que eu tenho para descansar a mente do trabalho e que acabo me esquecendo, no meio do turbilhão do dia a dia.

Conta pra mim, o que você gosta de fazer para relaxar?

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O dia pode começar a hora que for

Assim como a sua rotina de escrita.

Ou qualquer outra coisa.

Em 10 de novembro, eu comecei um plano de leitura anual da Bíblia. Ganhei de aniversário uma Bíblia com espaço para anotações e ao invés de esperar ansiosa pelo dia 1 de janeiro para começar a leitura em Gênesis 1, comecei do texto correspondente ao dia 10/11 mesmo. Também esqueci o receio de escrever algo errado ou destacar um trecho que outros considerem bobo e passei a anotar pensamentos e aprendizados (ou até um resumo em partes que achei que deveria resumir).

Em dezembro eu comecei a organizar e a jogar fora tudo aquilo que não quero mais aqui em casa. O mês dedicado ao destralhe, segundo o cronograma da Clean Mama, que eu acabo seguindo por aqui, é janeiro, mas eu comecei antes, pois, por incrível que pareça, arrumar a casa ajuda a descansar do meu trabalho remunerado.

A primeira semana do meu planner datado começou hoje e eu não poderia estar mais feliz, pois pude dar início a uma rotina que quero retomar em 2023: escrever todos os dias, ainda que não seja algo voltado para a publicação ou algum texto de ficção. Escrever e ponto. Isso passa pelo blog, pela escrita terapêutica para trabalhar todos os sentimentos guardados aqui dentro antes que eles causem mais estragos.

Meus dias não tem uma hora fixa para começar, pois além de ter um filho de dois anos, tanto a minha rotina de trabalho quanto a do meu marido são relativamente flexíveis. Tem dia que eu consigo estar sentada diante do computador e produzindo antes das 08 da manhã. Tem dia que só depois das 11. E eu resolvi abraçar essa realidade e eliminar um estresse da minha vida. Meu dia começa quando ele começa e pronto.

Por isso, não fazia muito sentido continuar querendo estabelecer mil regras de que dia e hora eu começo cada coisa.

A leitura bíblica não precisa esperar o ano começar, pois todo dia é dia de aprender do Senhor. E se eu já li a Bíblia inteira outras vezes, começar por algum dos profetas não vai atrapalhar meu entendimento da história em geral.

O destralhe dos armários também não precisou esperar janeiro. Eu quero começar o ano mais leve e quero conduzir o ano de 2023 de forma mais leve também. Muitas mágoas e muitos choques de realidade nos últimos dias de 2022 têm me feito repensar muita coisa. Eu não preciso esperar 2023 começar, se já posso entrar no ano novo sem aquilo que só está ocupando espaço que pode ser mais bem aproveitado (vale para coisas e para pessoas… kkkkkrying).

A rotina de escrita também vai começar mais leve, com menos cobranças e de forma mais orgãnica. Vou documentar mais e me preocupar menos. Vou escrever mais sobre como foram os meus dias e deixar que a rotina se planeje conforme a banda toca. Não sei quais serão meus volumes de trabalho, os dias em que ficaremos doentes e nem o que mais pode acontecer em 365 dias.

Sobre a escrita: sim, eu sei que preciso editar, revisar, eliminar repetições, melhorar o texto e ter ideias novas, criativas e surpreendentes. Mas a busca pela perfeição não pode mais tirar minha graça de vir aqui despejar a alma (nessa nova seção do blog que vou chamar de diário) ou contar sobre um livro que li, uma reflexão que me ocorreu. Aqui o lance vai ser orgânico, leve, seguindo o fluxo doido dos meus pensamentos e da minha rotina. O que eu quero publicar em forma de livro, esse sim, vai passar por um processo bem detalhado de aperfeiçoamento, sem publicação imediata nem muitos detalhes por enquanto.

E você com isso?

Sua rotina também pode ser mais leve, começar quando você acorda, independente da hora. Se te deu na telha começar a escrever, não precisa esperar a próxima segunda, ou o dia 1 do calendário. Começa hoje e colhe os frutos de um dia a dia mais leve. Se quiser começar a ler a Bíblia hoje por Gênesis 1, manda bala. Se quiser aproveitar o plano de leitura que já imprimiu e não usou, bora para Apocalipse 17, então. Só não vale ficar esperando a vida passar e desistir antes de começar. Eu já comecei a arrumar meu coração pra 2023, quem vem comigo?

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Clean Mama – Método de Limpeza Doméstica

Pode parecer estranho um post sobre Clean Mama aqui no blog – e eu até relutei em começar a falar de limpeza doméstica aqui. Porém, como esse espaço tem a intenção de ser variado, um repositório com as minhas experiências pessoais, achei interessante começar a escrever sobre a minha experiência com a organização da casa e da vida.

clean mama método de limpeza

De certa forma, o assunto é sim relacionado ao mundo da escrita. A minha carreira de tradutora e escritora acaba afetada pela organização que consigo aplicar aqui. Para não prejudicar as funções não remuneradas que eu exerço (dona de casa, esposa, mãe, mulher, leitora), é essencial o planejamento.

Eu apliquei o método FlyLady aqui em casa durante anos, desde 2013. Ele ficou bem conhecido no Brasil em 2020. Comecei a aplicar uma coisa ou outra e vi bastante resultado. Pela minha rotina, seja trabalhando fora, seja em casa, nunca consegui aplicá-lo completamente. Por morar no Brasil e muitas das orientações do site não se aplicarem a um estilo de vida e uma casa como a minha, precisava fazer muitas adaptações. No fim, eu estava aplicando um método inspirado no original. E que também não funcionava direito.

O principal aspecto que fazia esse método não funcionar muito bem para mim era a forma como as atividades são divididas ao longo da semana. Com cachorro e criança em casa, não dava para ver resultados duradouros e a casa continuava uma bagunça.

O que eu fiz?

Pesquisando um pouco mais, eu encontrei o site da Clean Mama. As diferenças já começam no visual. O site é mais organizado, clean e estruturado, de forma que conseguimos encontrar de forma mais simples as informações que precisamos. O site da FlyLady é bem coloridão, meio bagunçado e poluído, com um aspecto de site dos anos 90 (época em que ela criou o método). A principal característica da Clean Mama é a sistematização das tarefas. Vamos a essas diferenças.

Como é o método FlyLady?

O FlyLady está concentrado em uma mudança integral, da mulher e da casa. Há muito conteúdo sobre autocuidado, saúde mental, espiritual, de tempo com a família. No Clean Mama, o foco é ensinar a fazer o serviço doméstico de uma forma que, com o tempo, passemos menos tempo nele e possamos aproveitar as horas do nosso dia com o que mais nos interessa: família, lazer ou até trabalho.

clean mama método de limpeza

Os dois métodos usam a abordagem de fazer um pouco por dia para alcançar o todo no final de um período. E é aqui a principal diferença. No FlyLady, somos orientadas a dividir os cômodos da casa em cinco zonas diferentes e trabalhar em cada uma ao longo de uma semana:

Divisão da casa por zonas:

  • Primeira semana do mês: Zona 1 – Entrada da casa e Sala de Jantar
  • Segunda semana do mês: Zona 2 – Cozinha
  • Terceira semana do mês: Banheiro e Lavanderia/Escritório/Quarto Extra
  • Quarta semana do mês: Quarto do casal e banheiro do casal
  • Quinta semana do mês: Sala de estar

Como vocês podem ver, nem sempre temos todos os cômodos ou temos cômodos diferentes. Tem quem tenha quintal, garagem, jardim e outras coisas que não são contempladas pela divisão original do método. Minha adaptação começou aqui e com a divisão, eu acabava tendo períodos de atividades muito cansativas e outros mais ociosa. Nada era muito equilibrado.

O FlyLady ainda tem cada dia da semana dedicado a uma atividade, umas vezes de limpeza, outras de autocuidado ou interação com a família. E também alguns hábitos a serem praticados ao longo dos meses, que também variam entre a casa e o cuidado pessoal.

Como funciona o método Clean Mama?

Na divisão de tarefas domésticas da Clean Mama, a abordagem é por tipo de tarefa. A ideia é estabelecer cinco atividades diárias fixas que envolvem organizar a casa e eliminar a bagunça aparente:

Todos os dias:

  • Arrumar as camas
  • Limpar as bancadas dos banheiros e da cozinha
  • Recolher todos os objetos espalhados
  • Uma rotina completa de lavanderia (de lavar a guardar no armário)
  • Varrer ou passar o aspirador de pó no chão

Na prática, só de começar a fazer isso, na primeira semana eu já vi um belo resultado. As atividades semanais, porém, é que me conquistaram. Neste método, trabalhamos pesado nas primeiras semanas, para colher os frutos da diligência depois de algumas semanas. A Clean Mama defende que, logo, aquela atividade será bem mais simples e nos tomará menos tempo se seguirmos seus conselhos. E eu concordo. A divisão semanal dela acontece da seguinte forma:

Toda semana:

  • Segunda – Banheiros
  • Terça – Tirar pó
  • Quarta – Aspirar o pó do chão, carpetes e estofados
  • Quinta – Passar pano ou mop no chão
  • Sexta – Colocar em dia o que ficou pendente na semana
  • Sábado – Roupas de cama e banho
  • Domingo – Apenas as tarefas diárias

Viu como é mais simples até de memorizar? Na segunda, é atacar todos os banheiros da casa (e se livrar deles logo no começo da semana dá um senso de missão cumprida maravilhoso). Nesse caso, as terças, você não precisa descobrir em que cômodo trabalhar. É a casa inteira e pronto.

clean mama método de limpeza

É óbvio que vamos fazer no nosso tempo e com os nossos recursos. Ela até orienta a ter um lugar para anotar o que ficou faltando a cada dia, para tentar fazer na sexta-feira, se você quiser. Se não, semana que vem logo chega e você tem uma nova chance de começar. Eu achei mais intuitivo e para mim, ver a casa toda trabalhada ao longo dos dias deu mais resultado. Na primeira semana a gente trabalha muito. Prometo que logo a sensação é de que a casa está em modo autolimpante. Vai fazer bastante coisas, em pouco tempo e se sentir bem menos cansada do que antes.

Agora me conta:

Esse é o método que eu tenho utilizado aqui em casa. Comprei o livro dela há alguns anos e sigo sempre que preciso relembrar alguma coisa. Uso as planilhas que ela oferece no site ou monto as minhas. Estou gostando muito desse método e nessa fase atual, com bebê e muito trabalho vindo todos os dias (graças a Deus!), sinto que consigo dar conta de mais coisas ao longo do dia e não vou dormir frustrada.

Você já conhece esse método? Testou alguma dessas abordagens? Conta pra mim a sua experiência e, se tiver alguma pergunta sobre o método Clean Mama, é só deixar aqui nos comentários!

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E eu que já era slow blogger e nem sabia?

Slow blogging é uma ~tendência~ no mundo dos blogs, e tem a ver com escrever e produzir conteúdo com calma, respeitando os nossos processos. E já tem alguns anos que esse espaço segue assim, sendo alimentado quando eu consigo escrever algo decente e com o mínimo de cuidado. Descobri, navegando à toa pelas páginas por aí que eu já era slow blogger e nem sabia!

Não vou virar aqui uma advogada da tendência, até porque eu detesto essa história de enfiar todo mundo dentro do mesmo padrãozinho e produzir uma infinidade de posts iguais, como se a cultura blogger fosse uma coisa enlatada e que devesse obedecer a templates pré-definidos. Acho sim que cada pessoa tem que encontrar seu caminho e ir criando conteúdo com a sua cara. Nada impede de buscar inspiração em outros textos ou posts, mas daí a isso virar uma regra e um peso sobre as nossas costas tem uma bela distância.

Quando eu comecei o blog isso tudo aqui era mato eu fui toda inocente querer conversar sobre livros na internet. Alguns posts depois e eu já tinha descoberto a bolha dos blogueiros literários e fui pressionada pela onda da padronização que existe nesse nicho. Em pouquíssimo tempo eu percebi que os blogs postavam resenha uma vez por semana, entrevistas uma vez por mês, tags periodicamente e também vários posts com os principais lançamentos de mil editoras. Tinha “conteúdo” pra postar todos os dias. Só que… bem, eu não queria ser um catálogo de pesquisa sobre livros. Eu sempre tive a intenção de que o blog fosse um espaço de troca entre os meus pensamentos e as opiniões de quem me lesse. Descobri rápido demais que a maioria das pessoas lia as resenhas e não comentava nada e que os blogs que tinham sessenta e tantos comentários eram os que faziam um tipo de gincana chamado “top comentarista”. Ai, gente… preguiça.

Eu queria despertar conversas, despertar o prazer da leitura e falar o que eu achava das leituras que ia fazendo, boas ou ruins. Resultado: não consegui ser parte da bolha, tive parceria com poucas editoras e por pouco tempo e hoje, quase 9 anos depois, continuo com a mesma audiência e a mesma quantidade de comentários e interações por post.

Ruim? Não acho. Descobri um novo perfil para o meu blog e que, hoje, depois de tanto tempo no ar, começa a me mostrar que eu estou no caminho certo.

O meu diferencial é ser slow blogger

Os padrões de post dentro de cada nicho e os milhares de blogs iguais deixaram de ser a melhor opção. Agora sobrevivem os que souberam se diferenciar quando perceberam que saíam milhares de posts iguais todos os dias e que isso não ia dar em boa coisa.

E daí que tantos blogs façam book haul, recebidos, primeiras cem páginas, resenha etc.? E daí que a maioria dos blogs literários viraram um repositório de links que redireciona para um canal do YouTube? Todos fazem isso, ou pelo menos a maioria que seguiu o bonde e conseguiu uma grande audiência, mas o que eles fazem de diferente que chama a atenção de autores e editoras. Pode ter certeza que é isso que mantém os melhores blogs no ar.

No meu caso, o diferencial é justamente escrever sobre tudo o que é assunto, em artigos um pouco mais longos e que tem como foco as pessoas que preferem consumir conteúdo em texto. Não tenho uma audiência enorme, mas quem procura resenhas bem feitas e reflexões fundamentadas, sabe que aqui é o lugar certo.

O conteúdo produzido no slow blogging sobrevive por mais tempo

Durante algum tempo e com algumas parcerias que eu fiz com autores e com editoras, tinha que fazer posts sobre eventos ou promoções relacionadas a livros, que ficavam no ar por apenas alguns dias. Passada a promoção, o post ficava lá e perdia o sentido… A sensação, quando eu mesma via aquele conteúdo no meu site era de ler a Revista Caras do ano passado na sala de espera do dentista.

Com o fim das parcerias e a abertura do nicho do meu blog de literário para pessoal, eu comecei a pensar em escrever conteúdos que não me dessem essa sensação de revista velha e que me agregassem alguma coisa, mesmo que fossem lidos depois de muito tempo. E não é que eu acabei descobrindo que isso acontece?

Como eu falei ali em cima, o blog já vai fazer 9 anos. Nos últimos tempos eu quase não tenho tido tempo de sentar pra escrever um post legal e, com isso, quem chega até aqui pela busca do Google é graças ao pouco que eu sei de uso de SEO, claro, mas também pelos temas que eu trato aqui. E mesmo sem posts novos por muito tempo, as visitas não pararam (em alguns meses tem até um pico, dependendo dos temas buscados).

E quer saber o que é melhor ainda? As pessoas tem comentado até mesmo em posts antigos, justamente porque o conteúdo é atemporal e continua atraente hoje. O bom de ser slow blogger é que a gente escreve menos, mas faz um texto mais elaborado, com cuidado, recheado de informações e isso pode demorar (slow, né?), mas traz seus resultados.

Então, sim, vou seguir a tendência slow blogger enquanto ela é tendência, mas só porque eu já era antes de ser modinha e só porque vou continuar sendo depois que ela passar! Tem mais algum slow blogger por aí? Sobre o que você escreve?

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7 dicas para acabar com a ressaca literária

Sabe quando a gente não consegue deixar de lado o universo criado por um autor em um livro muito bom? Quando a gente fica pensando em como estão os personagens, ou o que poderia ter sido se tal coisa tivesse sido diferente no enredo? É a boa e velha ressaca literária dando as caras e acabando com a sua experiência de próximas leituras. Fica difícil se apegar a um novo livro, um novo protagonista, uma trama diferente. Difícil, mas a gente vive achando um jeito, afinal, o que não vamos é ficar sem ler, não é mesmo?

Aqui vão algumas das coisas que me ajudam a passar por esse processo. É uma ressaca, mas é quase um luto em alguns casos. Um processo longo e intenso de “despedida” pelo qual precisamos passar.

Escrever uma resenha sobre esse livro:

Minha forma favorita de registrar minhas impressões sobre livros que li, bons ou ruins. Ao longo dos últimos anos, foram raras aqui no blog por pura falta de tempo e de loucuras na vida profissional. Mas é uma das formas de continuar falando sobre o livro, incentivar mais pessoas a lê-lo (e assim ter mais oportunidades de falar sobre ele) e fazer essa sensação de ressaca passar. Muitas pessoas ainda escrevem em blogs, assim como o meu, mas também é possível usar o seu perfil do Instagram pra recomendar leituras e registrar impressões.

Ler as resenhas de outros leitores sobre esse livro:

Nós nos sentimos melhor quando vemos que tem mais gente se sentindo do mesmo jeito. Forma-se uma comunidade invisível, um senso de pertencimento e de identificação. Mas também descobrimos que pra muitas pessoas a história teve outros sabores e ler essas impressões ruins, diferentes das nossas, é bem interessante. Eu aprendo muito quando leio outras resenhas.

Assistir às adaptações desse livro:

O livro tem um filme ou uma série? Reviver a história em outra mídia pode ser uma boa forma de lidar com o fim da história, pois os seus destaques favoritos podem ser diferentes dos que o roteirista escolheu para mostrar na tela e isso também ajuda a ver a mesma trama por um ângulo um pouco diferente.

Releia um livro que você ama:

Ok, eu fico devendo nessa parte. Tenho tantos livros não lidos na estante, que insisto neles ao invés de voltar a um queridinho já lido. Mas sei que essa é uma forma excelente de conseguir curar a ressaca literária, porque é um queridinho, uma leitura confortável que nos leva a um mundo que já aprendemos a amar e onde nos sentimos em casa.

Leia outros livros do mesmo autor:

Essa técnica eu uso e muito. Sempre que encontro um autor que me arrebata com a sua escrita eu já corro pra Amazon pra comprar mais livros. É um tiro certeiro, eu saio de uma história pra entrar em outra com muito mais chances de conseguir a mesma sensação maravilhosa de novo e a sensação de ressaca é menor.

Faça um clube do livro:

Você pode se inspirar a começar um, ou até mesmo sugerir essa leitura ao clube do qual você já participa. Assim, é uma desculpa a mais pra continuar pensando e conversando sobre a história e os seus personagens amados.

Peça recomendações:

Quando está difícil mesmo encontrar algo pra ler depois de um livro excelente, uma saída é tentar as recomendações da Amazon. Normalmente, na página de informações sobre o livro que você leu tem uma parte onde a Amazon traz os livros comprados por quem também comprou aquele. Ou então, o super What Should I Read Next, que lista algumas recomendações de próximas leituras quando colocamos o nome de um livro no campo de busca. Esse me acompanha há anos!

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[Resenha] Adultos – Marian Keyes

adultos marian keyes

Título: Adultos

Autor: Marian Keyes

Editora: Bertrand Brasil

Ano: 2021

Páginas: 658

Sinopse:

Adultos, novo romance de Marian Keys, conta a história dos Casey: Uma família perfeita (só que não). Eles sabem bem como manter as aparências, mas quando um acidente acontece e todos os segredos da família são revelados, finalmente chega a hora de encarar a verdade.

Johnny Casey, seus dois irmãos, Ed e Liam, suas lindas e talentosas esposas e seus filhos passam bastante tempo juntos ― festas de aniversário, celebrações de bodas, viagens nos feriados. E são uma família feliz. Pelo menos Jessie, esposa de Johnny ― e também a mais rica de todos ―, pode jurar que eles são, sim. Mas basta chegar um pouco mais perto para sentir o cheiro da farsa. Enquanto uns não se suportam, outros se gostam um pouco demais da conta… Apesar disso, a ordem familiar segue inabalada, até que Cara, esposa de Ed, sofre uma concussão e se torna incapaz de guardar para si o que pensa. Basta um comentário descuidado na festa de aniversário de Johnny, com todo mundo presente, para Cara começar a vomitar todos os segredos cabeludos da família perfeita.
Depois de lavar a roupa suja, os Casey sentem que é chegada a hora de finalmente encarar a realidade, e apenas uma pergunta passa a ocupar os pensamentos dos adultos da família: será que não está na hora de crescer?

Adultos é o mais novo, mais divertido e mais engraçado romance de Marian Keyes, autora do best-seller internacional Melancia.

Adultos é o romance mais recente de Marian Keyes. Recebi o livro na caixinha do Clube de Romance da Carina Rissi e, embora tenha demorado pra ler, considerando a loucura que estava a minha vida nos últimos meses, a experiência foi sensacional. Marian Keyes dispensa maiores apresentações. Autora de obras consagradas como Melancia, Férias, e o meu queridinho, Chá de Sumiço, ela tem uma escrita que é leve e bem-humorada, mesmo quando trata de temas pesados – e ela faz isso em praticamente todos os livros que escreve. Em Adultos, não seria diferente.

A obra conta a história de uma família. Não consegui eleger um protagonista, nem um antagonista, porque da forma como Marian teceu os elementos do seu enredo, todos os adultos da história estão no centro dos conflitos, ora de forma positiva, ora de forma negativa. Em um retrato fiel da vida adulta e dos relacionamentos familiares, Marian Keyes descreve os dilemas e os dramas que irmãos, cunhados, padrastos e enteados, sobrinhos, netos, ex-maridos e namorados vivem quando se atrevem a estar em um relacionamento. Em cada página, os conflitos resultantes dos meros laços familiares surgem e se embaraçam, a ponto de não sabermos mais quem vamos defender.

O livro é longo, mas a história é tão bem escrita, que não percebemos isso e, confesso, fica difícil largar o livro e ir dormir, porque sempre tem alguma coisa importante demais acontecendo e que não podemos simplesmente deixar pra lá. Os capítulos são relativamente curtos e as partes do livro são marcadas por uma contagem regressiva no tempo. O livro começa com uma das personagens, Cara, soltando algumas verdades na cara de toda a família durante a festa de aniversário de seu cunhado, Johnny. A cena nos parece confusa, mas quando a narração volta para meses antes, e começamos a explorar a fundo, quem eram cada um daqueles sentados à mesa no dia da festa, fica mais fácil entender como tudo culminou na catástrofe que dispara a narrativa do livro.

Marian criou personagens cativantes, que não nos abandonam facilmente e que nos emocionam, cada um com uma parte de sua história. Hoje, dois dias depois que concluí a leitura, ainda sinto um aperto no peito ao lembrar deles. Queria um final diferente para alguns, livros extras para contar a história de outros, mas a verdade é que, por mais que tenham sido inventados, Cara, Ed, Johnny, Jessie, Nell, Liam, Ferdia e os demais são reais para mim. São pessoas que eu não me espantaria de encontrar em um bar hoje à noite, por exemplo.

Recomendo muito a leitura, tanto para quem já conhece a escrita brilhante da Marian Keyes quanto para quem ainda precisa ler algum de seus livros. Para quem já a conhece, fica apenas o cuidado de não esperar um humor tão explícito como nos seus outros livros. Esse é mais dramático, trata de assuntos sensíveis e tem uma carga de realidade jogada na nossa cara muito mais forte. Mas, ainda assim, e talvez especialmente por isso, sejam tão recomendados por mim.

E você, já leu? Conta pra mim o que achou?

Adicione à sua estante do Skoob.

Compre na Amazon.

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[Resenha] Nos Bastidores da Pixar – Bill Capodagli e Lynn Jackson

Autor: Bill Capodagli e Lynn Jackson

Editora: Saraiva

Ano: 2010

Páginas: 184

Sinopse: Os leitores aprenderão a criar o seu próprio parque de inovação por meio dos segredos do sucesso da Pixar, que incluem a simples filosofia de que a qualidade é o melhor plano de negócios. Relata também como esta divertida organização oferece um ambiente de trabalho que incentiva a imaginação, a invenção e a colaboração prazerosa entre as pessoas e os meios de trabalho.

A escolha desse livro pode parecer fora de lugar no blog, em comparação com as minhas leituras habituais e com meus gêneros preferidos. Estou lendo algumas obras de desenvolvimento pessoal, a partir de um guia com vários recursos relacionados à cultura da empresa onde trabalho. A escolha foi aleatória entre as opções disponíveis no guia e, embora eu saiba que existe muita coisa boa publicada no gênero de desenvolvimento pessoal, esse não me pegou. Talvez eu esteja indo na contramão das milhares de resenhas positivas que li sobre a obra, mas sempre sou sincera no que escrevo aqui.

Embora eu tenha achado a leitura do texto do livro arrastada e bem maçante, os temas abordados são muito relevantes, com lições excelentes para aplicarmos no nosso dia a dia. Elas estão espalhadas entre as histórias do desenvolvimento da cultura inovadora da Pixar.

Embora o livro fale de criatividade, inovação e diversão, não me diverti com a leitura! Fiz o que nunca faço em livros e acabei apenas passando o olho por algumas páginas. Realmente não me senti envolvida.

Ainda assim, quero trazer o que achei de mais relevante ao longo das quase duzentas páginas.

Uma das coisas que o livro mais destaca é a respeito da qualidade do nosso trabalho. Segundo o que os autores trazem, nossas tarefas precisam ser feitas da melhor forma possível para alcançar os fins extraordinários que queremos. A excelência em todas as etapas do processo leva a resultados que perduram no tempo. Para alcançar isso, contudo, é preciso colocar nossa dedicação na realização do trabalho, mas não em querer gerar resultados o mais rápido possível. Devemos levar o tempo necessário para que o produto seja algo memorável.

O livro também fala que a diversão no trabalho é essencial para o desempenho das nossas atividades. Segundo os autores, o ambiente divertido leva a pensar para além do comum e a encontrar soluções inovadoras para os problemas que possam surgir. Eles sugerem incentivar a personalização do local de trabalho e fomentar uma cultura de celebração, das conquistas de time e também das pessoais.

Além disso, os autores comentam também sobre a importância de incentivar a automotivação, através da autonomia para desempenhar a atividade profissional de forma criativa. Dizem também que é importante incentivar que os erros sejam encarados como aprendizado que leva à melhora do desempenho futuro.

Você já leu esse livro? O que achou?

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Reflexões - Cartas de Um Diabo Ao Seu Aprendiz #2

O texto de hoje é uma reflexão na segunda carta do livro Cartas de Um Diabo Ao Seu Aprendiz, de C. S. Lewis. No post anterior eu explico um pouco sobre como estamos fazendo essa leitura, a sinopse do livro e trago as reflexões sobre a primeira carta.

Nesta carta, o tema central é a relação do paciente de Vermelindo com a igreja que ele começou a frequentar. Maldanado, o demônio sênior que orienta seu sobrinho nas atividades de um tentador, explica as principais estratégias usadas pelo inferno para desestimular os cristãos em relação à sua igreja local.

Seu foco está em manter os olhos do paciente, assim como vimos no post anterior, em temas superficiais. Quanto mais os olhos do ser humano estiver sobre as coisas terrenas, melhor para Maldanado e para Vermelindo. E, ao mesmo tempo, ele quer que Vermelindo distraia seu paciente a ponto de ele nem mesmo cogitar que a igreja invisível segue triunfante, expandindo-se no tempo e no espaço.

Maldanado quer que Vermelindo explore o fato de que o novo convertido tem um ideal de cristão em sua mente, por não estar em uma igreja tempo suficiente. Ele sugere que seu sobrinho trabalhe na decepção desse paciente sobre essa percepção nas primeiras semanas de conversão. A decepção é um choque de realidade, pois nos despoja do conceito ideal sobre as pessoas e nos colocar diante de pessoas reais. Por outro lado, a estratégia diabólica é nos fazer olhar a hipocrisia alheia enquanto evitamos olhar a sua própria.

Esta carta traz uma reflexão importante sobre o convívio das pessoas na igreja local e toca profundamente em questões pelas quais todos nós passamos, se ficamos tempo suficiente ali.

Há casos de abuso emocional e espiritual causado por relacionamentos nas igrejas, ainda mais envolvendo estruturas hierárquicas na instituição. Muitas vezes caímos nesse tipo de relação abusiva, pois acreditamos que por estarem numa igreja as pessoas estão curadas e são maduras. Mas nós, muitas vezes, não estamos. Como podemos esperar isso dos outros? É claro que o abuso é um comportamento errado e deve ser punido. Nosso papel é ter cautela ao fazer amizades para não nos machucarmos demais.

Há infinitas situações em que pessoas são excluídas de grupos, pelos motivos mais diversos. Costumamos ver a igreja como a “família sem qualquer falsidade e vivendo a verdade unida em amor”, mas quando convivemos as coisas são bem diferentes. As pessoas às vezes não agem como deveriam nem se importam conosco. Nós também somos assim, se pensarmos bem sobre nossas ações.

Também existe a famosa fofoca, que faz suas vítimas no mundo inteiro e não tem o menor preconceito quanto ao local onde está se espalhando. As decepções que podemos ter com seres humanos dentro da igreja formam uma lista imensa que eu poderia passar horas escrevendo aqui. A ideia do texto não é essa.

A carta tem uma função que é nos mostrar que devemos estar atentos para o que criticamos nas outras pessoas. Devemos prestar muita atenção se não estamos exigindo delas uma perfeição que é impossível que tenha, ou as medindo com padrões que nem nós mesmos ainda alcançamos. É claro que isso não significa que estamos com o passe livre para julgar todos aqueles que cometem um pecado do qual conseguimos nos livrar ou que não é nosso tipo de tentação, certo?

É fato que normalmente ignoramos nossa própria hipocrisia quanto aos outros na igreja e esperamos que eles sejam e façam aquilo que nos agrada, mas sem nenhuma ação nossa em retorno. O problema que enxergamos nos outros está em nós também. Por que não começar a lidar com o nosso pecado antes de questionar o alheio?

Publicado em Livros, Reflexões, Resenha

Reflexões - Cartas de Um Diabo Ao Seu Aprendiz #1

O grupo de leitura do qual participo está começando a leitura de mais um livro. O escolhido da vez é Cartas de Um Diabo Ao Seu Aprendiz, de C. S. Lewis e publicado pela editora Thomas Nelson Brasil.

Irônica, astuta, irreverente. Assim pode ser descrita esta obra-prima de C.S. Lewis, dedicada a seu amigo J.R.R. Tolkien. Um clássico da literatura cristã, este retrato satírico da vida humana, feito pelo ponto de vista do diabo, tem divertido milhões de leitores desde sua primeira publicação, na década de 1940; agora com novo projeto gráfico, tradução atual e capa dura.

Cartas de um Diabo a seu Aprendiz é a correspondência ao mesmo tempo cômica, séria e original entre um diabo e seu sobrinho aprendiz. Revelando uma personalidade mais espirituosa, Lewis apresenta nesta obra a mais envolvente narrativa já escrita sobre tentações — e a superação delas.

Nosso grupo está se propondo a ler essa obra de maneira mais lenta e bastante criteriosa, para estudar os temas tratados por Lewis em cada uma delas. O material é simples e tem um certo humor. Apesar disso, é de grande relevância para refletirmos sobre nosso comportamento em relação a Deus, sua Palavra e as nossas relações interpessoais na família, no trabalho e na igreja.

Nossa primeira sessão abrangeu a primeira carta. Já pudemos ter um gostinho de como serão as próximas reuniões, pois ficamos por mais de uma hora conversando, sem esgotar os assuntos que poderíamos tratar.

Nesse primeiro texto Lewis nos apresenta aos personagens envolvidos nas correspondências que leremos ao longo das trinta e uma cartas do livro. Maldanado é um demônio sênior que escreve as cartas para orientar o trabalho de seu sobrinho Vermelindo, um demônio júnior, em afastar os seus pacientes do Inimigo.

Ao longo do livro vamos acompanhar o trabalho de Vermelindo quanto a um paciente específico. Cada carta trata de vários assuntos. Meu propósito para escrever uma série e não só a resenha do livro após a leitura foi registrar a reflexão sobre os temas que mais me chamaram a atenção em cada sessão dos nossos estudos.

O tema que saltou aos olhos no primeiro texto foi a estratégia usada por Maldanado e que ele sugere ao seu sobrinho. Essa ação consiste em desviar a atenção do paciente dos assuntos que realmente importam e fazê-lo se concentrar naquilo que é imediato, físico e banal.

Segundo Maldanado, fazer os seres humanos pensarem é um risco enorme para o trabalho demoníaco. Ele declara que esse raciocínio promove o pensamento sobre temas sérios, que estão alojados em um âmbito do nosso ser ao qual os demônios não acessam, mas Deus sim.

O que nos ensinam ao longo da vida cristã, pelo menos para quem cresceu em contexto pentecostal e neopentecostal nos anos 90/2000, é o contrário disso. Alguns dizem que se somos cristãos, não precisamos nos envolver com a cultura ou com os temas da atualidade, mas apenas com os assuntos que importam à igreja. Por outro lado, há aqueles que dizem que estudar teologia demais pode nos afastar de Deus.

Para as mulheres a orientação é ainda mais perniciosa. Dizem alguns que se o nosso papel é servir no lar, não há necessidade de estudarmos para desenvolver atividades profissionais ou ter conhecimentos gerais. Outros dizem que se não podemos pregar na igreja, então o estudo teológico é dispensável para nós. Por isso é que vemos, de forma mais ostensiva, no caso de mulheres, um desestímulo quanto ao estudo, de forma bem disfarçada. Nossas programações eclesiásticas se resumem a planejar eventos, refeições e presentes para datas comemorativas. Nossas sociedades internas promovem encontros com comida e comunhão, trazem uma breve reflexão sobre temas do universo feminino e assim seguimos apartadas dos temas de interesse teológico comum.

Ao contrário do que somos normalmente ensinadas, o estudo e o raciocínio sobre o que cremos é o meio mais sólido para nos aproximarmos de Deus. Isso nos levará a uma fé robusta e que não vacila diante das dificuldades. Graças a Deus, estamos buscando mudar isso ao levantar esses temas para discussão entre mulheres, abordando a teologia de forma geral e não os temas especificamente “femininos”.

Maldanado traz alguns exemplos do que usa para distrair os seus pacientes destes assuntos sérios. Ele diz que para afastar as pessoas daquilo que realmente importa é só fazê-los se concentrar em suas necessidades físicas mais básicas e imediatas. É verdade que acabamos cedendo a elas em alguns momentos, como o sono, a preguiça e o que ele chama de “pressões do cotidiano”. Agora que estamos estudando o assunto a fundo, temos a oportunidade de trabalhar de maneira ativa para vencer essas investidas, priorizando as coisas certas. Nas próximas semanas, continuaremos acompanhando as cartas e os principais assuntos abordados. Você pode colaborar com esses textos, deixando as suas impressões nos comentários.