Literalmente. E não.
Esse mês, depois de um ano inteiro tumultuado, como já venho comentando nos últimos textos, resolvi fazer um belo destralhe aqui em casa. Destralhe é uma palavra que vem da tradução literal de “declutter” e significa remover toda a tralha, tudo aquilo que não nos serve mais, de alguma forma. Percebi que precisava fazer isso em todos os cômodos da casa e em cada armário, gaveta e prateleira e coloquei a mão na massa em dezembro mesmo.
Se você já leu textos mais antigos, sabe que eu aplico uma mistureba de sistemas de organização aqui em casa (que no fim das contas vira o meu jeitinho particular de tentar dar conta disso tudo, ou pelo menos de saber por onde começar). O método que eu uso como base é o Clean Mama (da Becky Rapinchuck), mas tem aspectos e princípios do Flylady que eu também aplico, ou porque são parecidos com o método da Becky ou porque não tem ali e eu acho importante implementar. Também gosto da forma bastante personalizada da Flávia Ferrari e seus cronogramas de limpeza da casa, porque com eles eu consegui me desapegar um pouco dos dias fixados em que os dois principais métodos que eu sigo determinam para cada atividade.
Pois bem, em uma das minhas tentativas de criar uma forma mais personalizada de limpeza para a minha rotina (que muda mais do que eu gostaria), eu também comprei um curso de organização (com foco na organização de armários e áreas da casa, em geral) e também um curso de como dobrar tudo quanto é peça de roupa. Todos da Flávia Ferrari. Com isso, eu me animei e, depois de tirar mais da metade das minhas roupas e das roupas do meu marido, estou nesse processo de aprender a dobrar corretamente cada peça e guardar de forma que fique fácil de achar, prático e principalmente, mais tempo organizado.
A minha parte acabou recentemente. Eu praticamente dobrei os espaços disponíveis do meu armário e tirei sacolas enormes de roupas que não estava usando há anos, esperando emagrecer. Sem contar aquelas peças que achamos que vamos usar algum dia, mas que na verdade nem gostamos muito e guardamos por algum apego emocional. Foi tudo embora.
A cada sacola que eu tirava do meu quarto, um peso ia junto. Nada de energia esotérica não. Não acredito nessas coisas, vocês sabem. Mas a leveza da decisão tomada, do apego desfeito, de não precisar carregar o que não faz mais sentido. Organizei sem querer até um pouco da minha mente e do que eu valorizo nesses minutos diários de desapego e organização.
Dezembro está terminando e eu não estou nem perto de terminar o primeiro cômodo que comecei a organizar. Mas só com o que já fiz, entro em 2023 bem mais leve e carregando comigo só o que vale a pena manter. Também levo o aprendizado de que, assim como limpar é cíclico e constante, cuidados de higiene também são e o destralhe também tem que ser.
E foi assim que, depois de anos, eu consegui entender de verdade, porque esse item está na planilha de todos os métodos de limpeza e organização que eu encontro e tento aplicar. Porque aquilo que não serve, por mais que esteja escondido no armário, está ocupando um espaço desnecessário, pesando mais do que precisamos carregar e acumulando mais pó do que a nossa rinite aguenta. Então sim, todos os dias temos que tirar de casa aquilo que não serve, que é lixo, que não amamos e está só ocupando o lugar do que é realmente importante.
De repente, nem estou falando só de coisas. Mas isso você também já deve ter notado.
Eu também acho que organização é isso, não tem o método perfeito, tem aquele que funciona pra você né. Adorei que vc realmente não está falando somente das coisas.