Título: Eleanor & Grey
Autora: Brittainy C. Cherry
Editora: Record
Ano: 2020
Páginas:406
Quando me apaixonei por ele na juventude, eu não sabia muito da vida. Sabia dos sorrisos dele, das risadas dele, do frio na barriga que sentia quando ele estava por perto.
A vida era perfeita… Até que deixou de ser, e fomos forçados a seguir caminhos diferentes. Abandonei minha primeira paixão, me agarrei a nossas memórias e sonhei com o dia que o encontrava de novo.
Mas, quando meu sonho se tornou realidade, não foi como eu havia imaginado.
O que eu achei de Eleanor & Grey
Recebi este livro na caixinha do Clube da Carina. Foi o primeiro que gostei, entre os inéditos deste ano e considerando algumas exceções do fim do ano passado. Talvez por ser uma história ambientada em um mundo mais próximo da minha idade e realidade atuais, mas muito mais pela abordagem da autora aos temas tratados, que foi mais séria que os anteriores. Mas esse post é sobre Eleanor & Grey, não sobre as escolhas da Carina Rissi para seu clube. Por isso, vamos à história!
A história de Eleanor & Grey começa quando os dois personagens principais são adolescentes. Cada um vem de uma família completamente diferente e são pessoas completamente diferentes também. Eleanor vem de uma família amorosa e unida, mas é introspectiva e antissocial, fã incondicional de Harry Potter e a típica adolescente esquisita da escola. Grey, por outro lado, é lindo, um dos mais populares da turma, vive em festinhas. Seu ambiente familiar é completamente desestruturado, os pais são ausentes e vivem brigando quando estão em casa, mas ele passa a maior parte do tempo sozinho. Grey mora do lado rico da cidade, e Eleanor do lado mais simples, ainda que não seja uma pessoa pobre.
Mesmo sendo tão diferentes e vivendo em mundos que não se tocavam, os dois acabam começando a conversar e se conhecem melhor quando Ellie é forçada a ir em uma festa com sua prima, Shay. A partir de então, os dois desenvolvem uma amizade que acaba se tornando algo mais, mesmo que sem um nome definido e sem beijos apaixonados o tempo todo.
Quando a mãe de Ellie adoece gravemente e os pais dela decidem mudar para outro estado, para satisfazer ao último desejo dela de estar perto do mar, eles tentam manter a amizade, por uma troca de e-mails constante. Mesmo com todos os obstáculos, eles conseguem se conectar e se manter como um suporte mútuo. Entretanto, a vida acontece e, com a decisão do pai de Ellie de não voltar para onde eles moravam, a conexão entre Ellie e Grey se torna cada vez mais difícil. Os horários deles não batem, cada um tem seus compromissos e sua agenda maluca, e os e-mails se tornam raros e cada vez mais concisos. Até que eles se afastam completamente.
Nesse ponto a história dá um salto de 16 anos e encontramos Ellie, de volta à cidade onde morava antes da mãe adoecer, ainda trabalhando como babá, o que fazia desde o começo da história. Ela acaba de ser demitida de um emprego e está frustrada, mas recebe a recomendação de sua ex-patroa e tem uma nova entrevista, na casa de uma família muito rica. Ela consegue o emprego e fica muito surpresa quando descobre que seu novo patrão é Grey, que é pai de duas meninas, acabou de ficar viúvo e está muito diferente do que ela conheceu quando adolescente.
A vida dos dois teve muitos acontecimentos ao longo de todos os anos em que estiveram separados. Agora, em uma relação de trabalho, eles precisam aprender a lidar com o que conheceram inicialmente e a pessoa que tem diante de si agora. O amadurecimento dos dois fica claro quando, mesmo com todas as lembranças do passado, a vida presente se impõe entre eles e os leva a tomar suas decisões a cada capítulo.
O livro é narrado com pontos de vista intercalados entre Ellie e Grey, por isso conseguimos entender o que aconteceu com cada um deles no passado e também as suas reações no presente.
A história lida com temas maduros, com a vida que precisa de decisões pensadas e calculadas e por isso pode deixar a desejar no sentido da química da paixão adolescente que é predominante em livros do gênero new adult. Por isso, eu o classificaria mais como um romance contemporâneo. Os sentimentos que existem entre os protagonistas são sutis e colocados de forma delicada e sem passar por cima da realidade em que estão inseridos. Ainda assim, acredito que as duas cenas mais quentes inseridas no livro não precisariam existir, já que todo o restante da história foi escrito sem apelar para esse recurso.
Senti falta do desenvolvimento da história de alguns personagens, especialmente os pais do Greyson, ainda que no contexto geral fosse bem possível imaginar alguma coisa. De qualquer forma, é uma falha nessa segunda parte do livro.
A trama é basicamente sobre segundas chances para o amor, ainda que nesse caso nada do que aconteceu para impedir que eles ficassem juntos tivesse sido por algum erro deles. A realidade da história está até nisso. Às vezes a vida, simplesmente, acontece e impede que os nossos planos sejam realizados da forma como os colocamos no papel. Pode ser que a gente tenha uma segunda chance, lá no futuro, mas isso também vai depender de como a vida vai acontecer…
Claro que, como cristã, eu não entendo essas reviravoltas como meros acasos. Eu sei que em tudo o que acontece tem o dedo de Deus, mesmo quando não conseguimos aceitar ou entender, no começo, o rumo que tudo tomou. E eu também sei que se alguém volta do passado, pra ficar ou apenas pra passar mais um tempo, significa que tem algum propósito de Deus ali.
Acredito que a leitura vale a pena. É um livro que prende a atenção e que cativa justamente pelo toque de realidade e proximidade com questões que lidamos nas nossas vidas. A tradução está bem feita, a edição também é caprichosa e a capa linda. Fiquei com vontade de ler os outros livros da autora, que eu vivo colocando no carrinho de compras da Amazon, mas ainda não trouxe nenhum pra casa.
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