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[Música] The Hardway – DC Talk

DC Talk. Uma banda cristã que fez muito sucesso nos anos 90 e que eu conheci na minha época de adolescente. Foi um amigo que me apresentou um CD da banda e eu me apaixonei logo de cara.

Até então, para uma menina que havia acabado de sair da Igreja Batista – não porque queria, mas porque a vida aconteceu assim – e que só conhecia alguns hinos do HCC e os corinhos congregacionais (que diga-se de passagem, nunca mais houve iguais), era inimaginável conceber música em louvor a Deus com um toque moderno e variado em estilos.

DC Talk é a preferida desde sempre. Mesmo com novas bandas surgindo o tempo todo e me emocionando profundamente, ainda assim o lugar que a banda ocupou em minha evolução em relação aos meus gostos musicais ainda não conseguiu ser tomado por nenhuma outra banda. E pela memória afetiva que me traz, acho isso algo difícil de acontecer.

O primeiro álbum que eu ouvi foi Free at Last, o último da banda com um estilo mais voltado para o rap/hip-hop e o que, na minha opinião, abriu as portas para os grandes sucessos que vieram depois… Jesus Freak, Welcome to the Freak Show (o álbum ao vivo cujo repertório abrangias as músicas do Free At Last e as do Jesus Freak) e o Supernatural, o último álbum de inéditas antes do fim da banda nos anos 2000.

O fato é que na época eu fiquei um tempão sem devolver o CD para o meu amigo, escutei todas as músicas um milhão de vezes, decorei todas as letras (e sei cantar todas até hoje, incluindo os versos em rap e as falas e vinhetinhas entre as músicas – shame on me!) e fiz até uma camiseta com uma foto deles, para um trabalho da escola. Eu assinava newsletters sobre eles, estava cadastrada em todos os sites de fã-clubes e de informações sobre eles.

Tudo isso em uma época em que a internet apenas começava e em que a idéia de ir aos Estados Unidos para um show deles era simplesmente um sonho, algo inacessível. Eu nunca fui. A banda acabou, cada um foi pro seu lado, mas a minha ligação com as músicas, com as vozes de cada um deles, com as letras que me diziam tanto, nunca deixou de existir.

Todos eles com seus estilos absolutamente diferentes, fizeram um grande trabalho como DC Talk. Mesmo na época da banda, era fácil perceber o quanto cada um deles era diferente do outro e identificar em cada música e época, as concessões que um fazia ao estilo musical do outro. Era lindo de se ver. Entretanto, a separação era inevitável, justamente por essas diferenças.

Até hoje, quando ouço, consigo me transportar de volta a outras épocas e consigo relembrar vários momentos legais da minha adolescência, em que a música deles esteve presente, ainda que ninguém soubesse disso.

Eu procuro nem pensar nos infinitos boatos de DC Talk Reunion, porque desde 2000 são tantos, que já deixei de acreditar… Já houve dois cruzeiros que eu não pude participar porque o valor em reais fica impossível pagar. Mato minha vontade de ter assistido um show deles pelo YouTube.

Mas… por andam os três? Kevin foi vocalista do Audio Adrenaline e agora segue em carreira independente, com vários trabalhos lançados no Spotify, Michael é vocalista do Newsboys e o Toby tem sua própria banda e tem feito um excelente trabalho lançando novos artistas também.

Pra esse post, escolhi uma música do primeiro CD que eu ouvi deles e que me emociona SEMPRE.

Com vocês, The Hardway:

Gostou? Você gosta de DC Talk? Conta pra mim sua história com a banda, a música que mais gosta e se tem alguma música que gostaria de ver aqui!

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[Resenha] A Canção da Órfã – Lauren Kate

a canção da órfã

Título: A Canção da Órfã
Autor: Lauren Kate
Editora: Record
Ano: 2019
Páginas: 322

Veneza, século XVIII. Época em que as pessoas usavam máscaras durante a maior parte do ano; quando os amantes, em suas gôndolas, erguiam seus disfarces sob pontes para trocar um beijo; quando a música era a maior de todas as artes. Em uma era de excessos, dois órfãos – uma soprano e um violinista – sonham em ter uma família e um lugar que possam chamar de lar. Duas almas atormentadas que se entregam à música e aos mistérios das calli da cidade, em cidade, em busca de amor e redenção.

A Canção da Órfã é o livro de estreia no gênero de romance histórico de Lauren Kate. A autora ficou conhecida pela série Fallen, um romance jovem adulto sobre anjos. Não li essa série, pois o tema não costuma me chamar a atenção, mas reconheci o nome da autora quando A Canção da Órfã chegou no final do ano passado pela caixinha do Clube de Romance da Carina Rissi.

A história é sobre Letta e Milo, dois órfãos que viviam no orfanato Incuráveis. Eles foram abandonados quando ainda crianças, por suas mães e não tinham outra escolha a não ser seguir o que o destino os havia reservado. Mino, como homem, provavelmente arrumaria um emprego e deixaria o local. Já Letta, como outras mulheres, seguiria a carreira de cantora da igreja, caso conseguisse uma vaga no coro.

Ela e suas companheiras de orfanato não podiam sair sozinhas, muito menos fazer parte do carnaval, que parecia ser algo constante na Veneza do século XVIII, em que a história se passa. Os dois se conhecem por acaso, quando Letta, em uma de suas idas ao telhado para pensar sobre a sua vida e imaginar como seria ter uma vida como a das mulheres que via ali de cima.

Ao compartilharem seus sonhos e o amor pela música, além de uma música em comum, nasce ali uma grande amizade, que logo se transforma em amor. Entretanto, algumas reviravoltas da vida, além de diferenças nos sonhos de cada um acabam separando o caminho dos dois e cada um vai seguir seu caminho.

Mino vai seguir sua vida como aprendiz no estaleiro, enquanto Letta é promovida para o coro, e também ainda consegue cantar, algumas noites, em um cassino chamado La Sirena. Seus caminhos teriam tudo para não se cruzarem mais, se não fosse o destino, que deu seu jeitinho para que os dois se reaproximassem.

A leitura me agradou bastante. A autora traz elementos históricos bastante consistentes e podemos nos imaginar pelas ruas e canais de Veneza, desfrutando do Carnevale daquele tempo distante. A escrita é bastante poética e nos leva justamente para dentro dos sentimentos de Letta e de Mino. Cada evento que acontece nos alegra e nos emociona como se estivéssemos na pele dos personagens.

Talvez por isso, por ser tão real e tratar de sentimentos tão humanos, apesar de usar fatos que eram costumeiros em uma época tão distante, a narrativa em um certo ponto toma o ritmo da vida: lenta, morosa e sem muitas novidades por algum tempo. Mais ao final o ritmo se torna mais ágil, levando a um final belíssimo.

Eu recomendo muito a leitura. Não li tantos romances históricos na vida, mas já é um gênero que tem estado no meu radar e no qual eu quero investir em futuras leituras. Caso a Lauren Kate decida explorar mais este gênero, possivelmente lerei suas obras!

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[Resenha] Eleanor & Grey – Brittainy C. Cherry

Eleanor & Grey

Título: Eleanor & Grey

Autora: Brittainy C. Cherry

Editora: Record

Ano: 2020

Páginas:406

Quando me apaixonei por ele na juventude, eu não sabia muito da vida. Sabia dos sorrisos dele, das risadas dele, do frio na barriga que sentia quando ele estava por perto.
A vida era perfeita… Até que deixou de ser, e fomos forçados a seguir caminhos diferentes. Abandonei minha primeira paixão, me agarrei a nossas memórias e sonhei com o dia que o encontrava de novo.
Mas, quando meu sonho se tornou realidade, não foi como eu havia imaginado.

O que eu achei de Eleanor & Grey

Recebi este livro na caixinha do Clube da Carina. Foi o primeiro que gostei, entre os inéditos deste ano e considerando algumas exceções do fim do ano passado. Talvez por ser uma história ambientada em um mundo mais próximo da minha idade e realidade atuais, mas muito mais pela abordagem da autora aos temas tratados, que foi mais séria que os anteriores. Mas esse post é sobre Eleanor & Grey, não sobre as escolhas da Carina Rissi para seu clube. Por isso, vamos à história!

A história de Eleanor & Grey começa quando os dois personagens principais são adolescentes. Cada um vem de uma família completamente diferente e são pessoas completamente diferentes também. Eleanor vem de uma família amorosa e unida, mas é introspectiva e antissocial, fã incondicional de Harry Potter e a típica adolescente esquisita da escola. Grey, por outro lado, é lindo, um dos mais populares da turma, vive em festinhas. Seu ambiente familiar é completamente desestruturado, os pais são ausentes e vivem brigando quando estão em casa, mas ele passa a maior parte do tempo sozinho. Grey mora do lado rico da cidade, e Eleanor do lado mais simples, ainda que não seja uma pessoa pobre.

Mesmo sendo tão diferentes e vivendo em mundos que não se tocavam, os dois acabam começando a conversar e se conhecem melhor quando Ellie é forçada a ir em uma festa com sua prima, Shay. A partir de então, os dois desenvolvem uma amizade que acaba se tornando algo mais, mesmo que sem um nome definido e sem beijos apaixonados o tempo todo.

Quando a mãe de Ellie adoece gravemente e os pais dela decidem mudar para outro estado, para satisfazer ao último desejo dela de estar perto do mar, eles tentam manter a amizade, por uma troca de e-mails constante. Mesmo com todos os obstáculos, eles conseguem se conectar e se manter como um suporte mútuo. Entretanto, a vida acontece e, com a decisão do pai de Ellie de não voltar para onde eles moravam, a conexão entre Ellie e Grey se torna cada vez mais difícil. Os horários deles não batem, cada um tem seus compromissos e sua agenda maluca, e os e-mails se tornam raros e cada vez mais concisos. Até que eles se afastam completamente.

Nesse ponto a história dá um salto de 16 anos e encontramos Ellie, de volta à cidade onde morava antes da mãe adoecer, ainda trabalhando como babá, o que fazia desde o começo da história. Ela acaba de ser demitida de um emprego e está frustrada, mas recebe a recomendação de sua ex-patroa e tem uma nova entrevista, na casa de uma família muito rica. Ela consegue o emprego e fica muito surpresa quando descobre que seu novo patrão é Grey, que é pai de duas meninas, acabou de ficar viúvo e está muito diferente do que ela conheceu quando adolescente.

A vida dos dois teve muitos acontecimentos ao longo de todos os anos em que estiveram separados. Agora, em uma relação de trabalho, eles precisam aprender a lidar com o que conheceram inicialmente e a pessoa que tem diante de si agora. O amadurecimento dos dois fica claro quando, mesmo com todas as lembranças do passado, a vida presente se impõe entre eles e os leva a tomar suas decisões a cada capítulo.

O livro é narrado com pontos de vista intercalados entre Ellie e Grey, por isso conseguimos entender o que aconteceu com cada um deles no passado e também as suas reações no presente.

A história lida com temas maduros, com a vida que precisa de decisões pensadas e calculadas e por isso pode deixar a desejar no sentido da química da paixão adolescente que é predominante em livros do gênero new adult. Por isso, eu o classificaria mais como um romance contemporâneo. Os sentimentos que existem entre os protagonistas são sutis e colocados de forma delicada e sem passar por cima da realidade em que estão inseridos. Ainda assim, acredito que as duas cenas mais quentes inseridas no livro não precisariam existir, já que todo o restante da história foi escrito sem apelar para esse recurso.

Senti falta do desenvolvimento da história de alguns personagens, especialmente os pais do Greyson, ainda que no contexto geral fosse bem possível imaginar alguma coisa. De qualquer forma, é uma falha nessa segunda parte do livro.

A trama é basicamente sobre segundas chances para o amor, ainda que nesse caso nada do que aconteceu para impedir que eles ficassem juntos tivesse sido por algum erro deles. A realidade da história está até nisso. Às vezes a vida, simplesmente, acontece e impede que os nossos planos sejam realizados da forma como os colocamos no papel. Pode ser que a gente tenha uma segunda chance, lá no futuro, mas isso também vai depender de como a vida vai acontecer…

Claro que, como cristã, eu não entendo essas reviravoltas como meros acasos. Eu sei que em tudo o que acontece tem o dedo de Deus, mesmo quando não conseguimos aceitar ou entender, no começo, o rumo que tudo tomou. E eu também sei que se alguém volta do passado, pra ficar ou apenas pra passar mais um tempo, significa que tem algum propósito de Deus ali.

Acredito que a leitura vale a pena. É um livro que prende a atenção e que cativa justamente pelo toque de realidade e proximidade com questões que lidamos nas nossas vidas. A tradução está bem feita, a edição também é caprichosa e a capa linda. Fiquei com vontade de ler os outros livros da autora, que eu vivo colocando no carrinho de compras da Amazon, mas ainda não trouxe nenhum pra casa.

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