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Liturgia do Ordinário

Este post não está marcado como resenha, pois ao invés de simplesmente escrever uma resenha, assim como fiz com a série de posts sobre o livro Socorro, não tenho tempo, achei mais interessante escrever sobre as reflexões que esse livro me trouxe.

O livro é o Liturgia do Ordinário, escrito por Tish Harrison Warren. Eu li a versão original, em inglês, pois a versão traduzida estava disponível apenas para assinantes da Box95, que eu parei de assinar há algum tempo.

Este livro traz uma série de reflexões sobre como cada acontecimento do nosso dia pode nos fazer refletir e aprender sobre Deus e as verdades sublimes do evangelho. Fiz alguns comentários breves aqui sobre o que me chamou a atenção em cada capítulo. A linguagem do livro é bastante simples e nos faz pensar bastante. Vale a pena a leitura.

Acordar: A primeira lição que aprendemos é a de que somos amados por Deus, independente do que façamos. O amor de Deus por nós não é dimensionado a partir de nossos esforços para chamarmos sua atenção.  

Arrumar a cama: Aqui aprendemos sobre as tarefas repetitivas, que nos ensinam, no dia a dia e na liturgia do nosso culto, a amar determinadas coisas. Assim como aprendemos em Você é aquilo que ama, essas repetições nos direcionam o coração a algo, que pode ou não ser Deus. Nossa vida inteira é formada de pequenos hábitos e práticas que repetimos todos os dias.

Escovar os dentes: Aprendemos que precisamos cuidar do corpo na medida certa. Não precisamos considerar o corpo desnecessário para nossa saúde espiritual, mas também não devemos ter uma preocupação exagerada com a estética ou com dietas e exercícios. Devemos cuidar do nosso corpo pelo que ele é. Uma criação de Deus, preciosa e amada e que está incluída no plano de redenção de Cristo. O fato de Jesus ter encarnado é uma prova de que nossos corpos serão renovados como o dele foi e estarão conosco pela eternidade. Nosso corpo deve fazer parte da nossa adoração, tanto na nossa vida ordinária, quanto em atos especialmente litúrgicos.

Perder as chaves: Aqui somos confrontados em nosso comportamento quando as coisas fogem do nosso controle. É muito fácil ser uma boa pessoa ou um bom cristão quando tudo está acontecendo conforme o que a gente planejou. É quando as coisas dão errado e o apocalipse acontece que as nossas falhas, quem nós somos debaixo de todas as capas que nos colocamos, se revela e ainda que momentaneamente vem a tona (e não é que este é exatamente o sentido de apocalipse?). Nesses momentos, não precisamos cair no sentimento de culpa, mas sim é essencial identificar aquilo em nós que não glorifica a Deus e confessar essas falhas a Ele e trabalhar para que elas sejam corrigidas. Esses eventos servem também para mostrar nossas verdadeiras lealdades e idolatrias. Quando algo sai de nosso controle, somos confrontados com os falsos deuses da vida confortável, da estabilidade, da segurança que constantemente colocamos no lugar de Deus em nossa vida.

Comendo sobras: Ainda que a nossa relação com a comida não seja meramente de alimentação, mas tenha diversos aspectos, entre eles o social e o emocional, a maior parte do tempo, nossas refeições são rotineiras e repetitivas. Assim como as refeições especiais são uma exceção, a nossa experiência com a igreja e a vida devocional é formada das diversas lições simples e constante, que nos fortalecem e nos nutrem para o dia a dia, não das coisas extraordinárias que podem acontecer de vez em quando. Nossa relação com a fé tem sido muito influenciada pela relação de consumo que trazemos de outras áreas da vida, porque temos buscado na igreja aquilo que nos agrada, diverte e chama a atenção, ao invés de encarar o culto como algo que oferecemos a Deus ou como um lugar onde somos nutridos naquilo que precisamos.

Brigar com meu marido: Este é mais um capítulo que traz um lado de nós do qual não nos orgulhamos. Aprendemos que ser pacificadores não é tão simples para ser aplicado nas relações mais próximas de nós. Somos testados o dia todo por aqueles que estão mais perto. Perdemos a paciência e magoamos com muita facilidade, mas também somos ensinados a perdoar e a pedir perdão todos os dias e várias vezes ao dia. 

Responder e-mails: Qualquer que seja a nossa atividade diária, por menor que seja a função, o trabalho não é um fim em si mesmo e não é feito para nós. Nossa satisfação pessoal e o reconhecimento dos outros é muito agradável, mas não pode ser o nosso objetivo. Ainda que não sejamos promovidos ou ganhemos mais, devemos trabalhar com a mesma motivação e qualidade, porque trabalhamos para Deus e para servir às pessoas, vivendo na prática os princípios bíblicos.

Parada no trânsito: Aqui trabalhamos a questão da impaciência, quando temos que esperar as respostas de Deus. A impaciência é a raiz de todo problema em relação ao pecado, porque demonstra nossa incapacidade de esperar pelo que Deus está fazendo por nós. Ele está trabalhando em nós e através de nós, para nos levar até ele, então boa parte do que temos a aprender na vida tem a ver com espera, por mais que não estejamos acostumados a esperar por nada, nesse mundo acelerado em que estamos vivendo. 

Ligar para uma amiga: A comunhão entre amigos na igreja, entre pessoas que não seríamos amigos se não fosse pela fé em comum é a grande beleza da igreja invisível. Mais do que apenas uma amizade por interesses comuns o vínculo que existe é a fé. As necessidades da amizade (ligar para uma amiga, ou atender uma ligação de uma amiga), assim como a liturgia, ensina que somos chamados e respondemos a este chamado, constantemente, até que Jesus volte. Estamos indo até ele, mas também ele está vindo até nós.

Tomar chá: Precisamos aprender a entender a necessidade do lazer como parte de nossa rotina. Não podemos nos esquecer de fazer as coisas que gostamos, na medida certa, sem idolatrar o lazer a ponto de somente nos guiarmos por aquilo que amamos nem deixar de fazer coisas importantes para gastar tempo com atividades de entretenimento.

Dormir: O sono é uma necessidade básica do ser humano. É uma característica da nossa limitação, da nossa finitude e da necessidade que nosso corpo tem de se recuperar. É uma lembrança de que somos frágeis e não duraremos para sempre. Também é uma forma de nos lembrarmos todos os dias de que dependemos de Deus para nos levantarmos, para cuidar de nós enquanto não estamos conscientes e de termos a certeza de que ainda que não estejamos no controle de tudo o tempo todo, Ele está. Ele sabe muito bem o que precisamos e cuida de todas as coisas, mesmo depois que fechamos os olhos. 

Espero que este post tenha contribuído para as suas atividades diárias, em casa ou no trabalho, e até mesmo na igreja, e a refletir até mesmo sobre as coisas simples do seu dia a dia. Tem algo que não foi abordado aqui? Conta pra mim nos comentários!

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[Reflexões] Socorro, não tenho tempo – Parte 6

Nas semanas anteriores temos refletido sobre as lições aprendidas com a leitura de Socorro, não tenho tempo, da Carolyn Mahaney. Hoje, no último post da série, vamos falar mais especificamente sobre o tema Planejamento.

Até então, no livro, aprendemos sobre como definir nossas prioridades, como fazer uma análise da nossa vida para entender o que precisa de nossa ação no momento e especialmente, a colocar as nossas vidas e a nossa rotina louca nos pés de Jesus e aprender com ele.

Agora, numa parte um pouco mais prática, aprendemos sobre como colocar a mão na massa. Para que o nosso planejamento seja efetivo, precisamos de uma estratégia, senão vamos cair novamente nos mesmos erros. Aqui vão algumas dicas do que podemos fazer para melhorar nossa rotina:

Use uma Agenda

Temos que ter uma agenda e uma lista de tarefas. A partir disso, vamos conseguir nos organizar para as atividades que temos naquele dia específico. Precisamos saber com antecedência o que vamos fazer. Ao criar o hábito de usar uma agenda e colocar nela os compromissos para cada dia, conseguimos saber quanto tempo realmente temos disponível antes de começar.

15 minutos por dia para planejar

Você já acorda cansada e correndo contra o relógio, por isso deve achar que eu estou louca por sugerir que você pare por 15 minutos para organizar sua vida. A questão é quando a gente sai fazendo as coisas sem critério, terminamos o dia cansadas e sem ter a noção de quantas coisas fizemos. É importante estabelecer um plano organizado antes de começar, e realmente não precisamos de muitas horas pra fazer isso. Com 15 minutos do seu dia é possível desenhar um planejamento eficiente, que você vai aprender a adaptar com o tempo. Ao fazer isso, ao contrário de gastar tempo, no fim do dia você vai perceber uma economia de várias horas. Vai por mim.

Escolher o melhor tempo

Quando a gente se planeja com antecedência consegue decidir qual o melhor horário para fazer cada tarefa. Com exceção daquelas que tem hora marcada e que não podemos mudar, a maioria das tarefas do nosso dia podem ser feitas em um horário mais eficiente. Assim, você pode dedicar os horários em que está mais cansada ou com o raciocínio mais lento para fazer atividades mais automáticas ou operacionais, como dobrar aquela pilha imensa de roupas, ou organizar a sua mesa e gavetas do trabalho. E, com isso, você marca suas reuniões para seus horários mais produtivos e pode dedicar as horas do dia em que seu raciocínio está mais afiado para escrever relatórios, artigos, criar algo.

Algo que precisamos nos atentar é para não ficar empurrando com a barriga aquelas tarefas de que não gostamos. É preciso ter um plano até para estas coisas que não gostamos de fazer. A minha dica é começar por elas primeiro. Depois que você tiver acabado com aquilo que detesta fazer, as tarefas que sobram serão as mais agradáveis, e a lista vai ficando mais fácil de cumprir. Ou pelo menos mais prazerosa.

Fazer um pouco por dia

Às vezes queremos sair fazendo tudo e resolver todo o problema do mundo em um dia só. Não raro, criamos uma lista de tarefas que não conseguimos cumprir, porque para isso precisaríamos de um dia com 260 horas. O segredo para conseguir um objetivo é fazer um pouco por dia. A consistência e a regularidade do que fazemos nos tornará mais ágeis e com o passar dos dias teremos mais tempo para as outras coisas que precisamos ou queremos fazer.

Você não vai arrumar o armário das crianças em uma noite só, depois de passar o dia todo trabalhando no escritório. Você vai organizar uma gaveta. Aquela simples gaveta vai continuar organizada por semanas ou até meses, e no dia seguinte você vai para a próxima. Até que em menos tempo do que imagina você vai ter organizado o armário inteiro. Ao fazer isso em sua casa e em seu escritório, logo as engrenagens da sua rotina estarão rodando com mais suavidade.

Mas e quando os planos não acontecem como a gente quer?

Isso vai acontecer, sinto informar. E vai ser com mais frequência do que gostaríamos. Eu não preciso nem listar as coisas que podem acontecer na sua vida, porque você já está pensando em todas. Mas precisamos entender que a vida ideal só existe na nossa cabeça. Nossos planos, por mais que considerem muitas variáveis, como as agendas da nossa família e de nossos colegas de trabalho, podem ser interrompidos por algo inesperado.

E por incrível que pareça, a vida louca e cheia de interrupções em nosso planejamento ideal é exatamente a vida que Deus planejou para nós. Não devemos pensar que estes imprevistos são obra do inimigo ou da nossa incapacidade de sermos boas donas de casa, boas profissionais, mães, esposas, filhas, amigas ou qualquer que seja o papel que estamos considerando aqui.

Devemos entender que estes acontecimentos que não estão sob nosso controle são a forma de Deus nos ensinar a confiar que Ele está no comando de tudo. E que são estes eventos que poderão nos levar a exercitar tudo isso que aprendemos no livro, que é basicamente, colocar a nossa vida e os nossos planos aos pés do Senhor para que ele nos oriente a agir corretamente.