A minha lembrança mais antiga é de um brinquedo bem simples: um saco de letrinhas de plástico, que eu ganhei na infância, e com as quais eu amava brincar. Lembro de passar horas montando palavrinhas, separando por cores, colocando em ordem e tudo o mais que se pode fazer com um brinquedo desse tipo.
Na verdade eu não lembrava desse brinquedo, até parar pra pensar sobre a pergunta do início do post. Veio aquela sensação boa, de nostalgia, quando lembrei das minhas letrinhas. Nem sei onde foram parar, pra quem minha mãe as deu quando eu cresci e comecei a brincar com as letrinhas no papel.
Foi aí que percebi que, não só a minha primeira lembrança é relacionada às letras, mas de certa forma, toda a minha trajetória na vida. Aprendi a ler e a escrever muito cedo e sempre gostei disso. Vivia perto de livros, em frente a estantes, perdida na seção de cadernos dos mercados e papelarias. Até hoje é assim.
As palavras são meu lazer, seja escrevendo um post pra cá ou lendo algum livro. Também são meu trabalho, na tradução. Estou sempre lendo alguma coisa, falando sobre o que eu li e escrevendo sobre isso. Nas férias, além de algumas outras coisinhas, voltei pra casa com cadernos e livros.
Não sei se é assim com todo mundo, mas no meu caso, percebi que não tinha mesmo como fugir desta minha trajetória. Se sempre gostei de ler e de escrever, nada mais normal do que trabalhar com texto o dia todo, e nada mais gostoso do que descansar colocando a mente em ordem em um diário, um post, ou me identificando com a mocinha de algum romance.
Não importa as voltas que o mundo deu, antes deste momento. O que começou com as letrinhas, voltou a elas, anos depois. Acho que tudo que acontece tem uma razão, que nem sempre a gente entende, mas o que é nosso, mesmo que afastado por um tempo, acaba dando um jeito de voltar. Com você também é assim?