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[Resenha] Fim – Fernanda Torres

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Título: Fim

Autora: Fernanda Torres

Editora: Companhia das Letras

Ano: 2013

Páginas: 203

O público brasileiro acostumou-se a ver Fernanda Torres no cinema, no teatro ou na televisão .Com ‘Fim’, seu primeiro romance, ela consolida sua transição para o universo das letras. O livro focaliza a história de um grupo de cinco amigos cariocas. Eles rememoram as passagens marcantes de suas vidas – festas, casamentos, separações, manias, inibições, arrependimentos. Álvaro vive sozinho, passa o tempo de médico em médico e não suporta a ex-mulher. Sílvio é um junkie que não larga os excessos de droga e sexo nem na velhice. Ribeiro é um rato de praia atlético que ganhou sobrevida sexual com o Viagra. Neto é o careta da turma, marido fiel até os últimos dias. E Ciro, o Don Juan invejado por todos – mas o primeiro a morrer, abatido por um câncer. São figuras muito diferentes, mas que partilham não apenas o fato de estar no extremo da vida, como também a limitação de horizontes. Sucesso na carreira, realização pessoal e serenidade estão fora de questão – ninguém parece ser capaz de colher, no fim das contas, mais do que um inventário de frustrações. Ao redor deles pairam mulheres neuróticas, amargas, sedutoras, desencanadas, descartadas, conformadas. Paira também um padre em crise com a própria vocação e um séquito de tipos cariocas. Há graça, sexo, sol e praia nas páginas de ‘Fim’. Mas elas também são cheias de resignação e cobertas por uma tinta de melancolia

O romance de estréia de Fernanda Torres foi uma grande surpresa para mim. Confesso que, como a maioria das pessoas, fui muito atraída a lê-lo por conhecer e gostar da sua atuação como atriz, mas não foi só isso. A capa também me agradou muito, além do título, altamente instigante.

O que eu achei de Fim?

O livro Fim conta a história de cinco amigos cariocas, que contam suas lembranças mais marcantes, principalmente as que envolvem o convívio com estes amigos. O interessante destas cinco vidas, que são conhecidas a partir do seu ponto final, é que não são exemplos de trajetórias, nem mesmo experiências das quais eles podem se orgulhar. Fim narra o resultado de uma série de escolhas erradas e insensatas, tanto do ponto de vista dos protagonistas, como de suas esposas, parte importantíssima na história deles.

Em Fim, ao contrário de outros que li ultimamente, a multiplicidade de narradores não confundiu a leitura. A forma como foi construído, sem respeitar a cronologia e alternado entre narração de fatos da vida dos homens e suas mulheres, nos permite ir montando aos poucos o quebra-cabeça da amizade dessas cinco figuras tão diferentes e tão igualmente frustradas.

Em muitos momentos era possível ouvir a voz de Fernanda narrando a história para nós. Porém, em vários momentos da história, era fácil acreditar que o livro tinha sido escrito por um homem, tamanha capacidade de construção do eu-lírico no momento da narrativa pela perspectiva masculina.

Fim foi uma surpresa, pois não acreditei que gostaria de ler uma história com um perfil tão diferente do que eu tenho lido nos últimos meses, mas ao final só pude chegar a uma conclusão. A obra é magnífica, simples e direta. Me conquistou.

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[Resenha] O Homem Perfeito – Vanessa Bosso

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Título: O Homem Perfeito

Autor: Vanessa Bosso

Editora: Novo Conceito

Ano: 2014

Páginas: 224

O homem perfeito existe? Apesar de ter vivido relacionamentos turbulentos, Melina está convicta de que, um dia, encontrará o seu homem perfeito. Tanto é verdade que escreveu um pedido ao universo, descrevendo este ser impossível nos mínimos detalhes. O que ela não imagina é que já teve o seu homem perfeito em mãos e o perdeu para sua arqui-inimiga… oh, céus, será que para sempre? Divirta-se com essa comédia romântica e descubra que amores perfeitos não existem, já almas gêmeas… ah, isso sim!

O que eu achei de O Homem Perfeito?

O Homem Perfeito, de Vanessa Bosso, é um romance divertido e fofo, desses que a gente começa a ler e não consegue parar enquanto não chegar o final. O livro conta a história de Mel, uma publicitária que começa a história com uma tragédia completa. Seu namorado e chefe, Roger, foi pego com a boca na botija e a reação de Mel foi nada mais nada menos que partir pra ignorância pra cima dele e ficando ao mesmo tempo, sem namorado e sem emprego, porque foi demitida por justa causa.

Com isso, ela resolveu pegar as suas coisas e voltar para a sua cidade natal, Parati. Lá ela viveria na casa de seu pai e seus avós, uma linda pousada, que vive cheia de turistas. Tudo ia razoavelmente bem, até que ela fica sabendo que Bernardo, o seu primeiro namorado, está na cidade, trabalhando no mesmo hospital do seu pai e que ele, ainda por cima está noivo. Da menina que ela mais odeia, Samantha.

Depois de relutar bastante, ela acaba cedendo e aceitando a oferta de seu pai para trabalhar na renovação da marca do hospital, já que ela é publicitária. Ela não está muito confortável com a situação de ter que se encontrar com Bernardo e a sua noiva, que também é médica, mas vai mesmo assim. Só que, claro, o inevitável acontece e os dois acabam se esbarrando.

Antes era apenas o sentimento de culpa, por ela ter aprontado no passado, quando ainda namorava com ele, mas agora, além do fato de ele estar noivo da pessoa que estragou tudo alguns anos atrás, Bernardo estava transformado. Lindo, moderno, sarado, bem sucedido. Um cara que continuava sendo, por dentro, o nerdzinho que ela conheceu e por que se apaixonou, mas agora com uma capa de maturidade e virilidade, que tornavam o pacote bem mais atraente. O homem perfeito.

Desse reencontro surgem diversas situações divertidíssimas, já que a Mel tem o dom de se colocar nas piores enrascadas e Bernardo está tentando cumprir apenas com o papel de bom moço que sempre teve.

A história de Mel e o seu passado, que influenciaram a forma como ela vive e encara os relacionamentos hoje em dia são uma chave muito importante para o desenvolvimento da história. Os personagens mais velhos passam lições importantíssimas no livro, e conseguimos ver o crescimento da personagem, conforme tem que enfrentar os seus fantasmas e seus traumas antigos com a mãe.

Gostei muito da história de O Homem Perfeito e a forma como os personagens se apresentam. Eu teria muito mais elogios a fazer a essa história, mas acabaria dando algum spoiler e estou lutando bravamente contra isso nesse texto.

Sobre o livro, tenho a dizer que dos três que li até agora, creio que esse seja o melhor. A história é muito rica e a forma natural e verdadeira com que os personagens são construídos torna tudo muito mais fácil, conseguimos nos apegar facilmente ao enredo de O Homem Perfeito.

A escrita da Vanessa é algo que me agrada demais, principalmente porque percebo nela algo que é raro em autores nacionais, principalmente os independentes: o cuidado com a gramática e a ortografia, uma preocupação com a coesão e coerência, com detalhes onde a história se amarra e se torna algo completo, sem remendos nem furos. Ao ler um texto dela, percebo claramente que se trata de uma obra que foi incansavelmente revisada, lapidada, para que o resultado não fosse apenas mais um livro publicado, pra vender e ganhar dinheiro, apenas, mas sim, para que o resultado fosse uma história envolvente e da qual ela pudesse se orgulhar de ter escrito. Com certeza, com O Homem Perfeito, ela pode.

Este post foi atualizado após a publicação do livro O Homem Perfeito pela Editora Novo Conceito.

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[Resenha] As Crônicas de Nárnia – C.S. Lewis

as crônicas de nárnia

Título: As Crônicas de Nárnia

Autor: C. S. Lewis

Editora: Martins Fontes

Ano: 2009

Páginas: 752

Viagens ao fim do mundo, criaturas fantásticas e batalhas épicas entre o bem e o mal – o que mais um leitor poderia querer de um livro? O livro que tem tudo isso é O leão, a feiticeira e o guarda-roupa, escrito em 1949 por Clive Staples Lewis. Mas Lewis não parou por aí, seis outros livros vieram depois e, juntos, ficaram conhecidos como As crônicas de Nárnia.

Nos últimos cinquenta anos, As crônicas de Nárnia transcenderam o gênero da fantasia para se tornar parte do cânone da literatura clássica. Cada um dos sete livros é uma obra-prima, atraindo o leitor para um mundo em que a magia encontra a realidade, e o resultado é um mundo ficcional que tem fascinado gerações.

Esta edição apresenta todas as sete crônicas integralmente, num único volume magnífico. Os livros são apresentados de acordo com a ordem de preferência de Lewis, cada capítulo com uma ilustração do artista original, Pauline Baynes. Enganosamente simples e direta, As crônicas de Nárnia continuam cativando os leitores com aventuras, personagens e fatos que falam a pessoas de todas as idades, mesmo cinquenta anos após terem sido publicadas pela primeira vez.

O que eu achei de As Crônicas de Nárnia?

Demorei minha vida inteira para começar a ler As Crônicas de Nárnia. Desde criança ouço falar dessas histórias, de sete livros lindamente escritos por um autor que tinha o dom para escrever para crianças e que encantava os adultos. Por alguma razão desconhecida até para mim, fui deixando pra depois e nunca lia. Quando os filmes começaram a ser lançados, eu me lembrei de que já haviam me sugerido ler essas histórias, então passei a incluí-las em minhas listas de leitura.

Como todos sabem – e a maioria faz – essa história de fazer listas de leitura acaba nos complicando a vida, porque tem sempre um livro que passa na frente do outro, sempre tem um lançamento que você precisa ler AGORA. Então, a leitura acabou ficando pra dezembro de 2013. Posso dizer que esse livro fechou com chave de ouro o meu ano literário.

As Crônicas de Nárnia são compostas por sete livros, publicados originalmente em uma ordem diferente da ordem de leitura proposta pelo próprio C. S. Lewis – e que é a ordem adotada pelo volume único, que foi o que eu li. Elas contam a história de algumas crianças que, em determinado momento de suas vidas, acabam indo parar, de formas diferentes, em um país completamente diferente do que elas vivem: Nárnia.

Nárnia é uma terra mágica, onde animais falam, há seres mitológicos como os faunos, as dríades e náiades, e as coisas seguem uma lógica diferente da lógica do nosso mundo. Ali, as crianças vivem aventuras intensas e inesquecíveis, ao lado desses seres fantásticos e desempenham papeis de destaque em vários episódios importantes da história de Nárnia.

Ao longo de todas as crônicas somos apresentados à história completa de Nárnia, desde sua criação, já que no primeiro livro, as crianças vão parar em um mundo paralelo que existia antes de Nárnia ser criada, até a sua gloriosa existência em paralelo com os outros países. Na história de Nárnia, Aslam, o Leão, é o personagem central e mais importante, embora não apareça muito em todas as histórias. Alguns outros seres tentam a todo custo derrotá-lo, mas sua força é tamanha que essa empreitada normalmente não acaba bem para eles. É através de Aslam que as crianças chegam e saem de Nárnia e é com a permissão delas que elas poderão voltar um dia.

Ao mesmo tempo em que é apresentado como um ser de tamanha força e poder, Aslam parece compreender as crianças de um jeito todo especial. Ele sabe quando alguém está sendo sincero e se essa pessoa fez ou não algum esforço para agir conforme o que ele determina. Dentre as crianças e os animais, nenhuma atitude errada ou certa escapa à percepção do Grande Leão. Ele tem uma voz temível e ao mesmo tempo doce, que afasta aqueles que não o compreendem e atrai cada vez mais aqueles que conseguem ouvi-lo falar em sua língua. Ainda que seja uma fera perigosa, é manso e brincalhão com as crianças e se aproxima delas quando se aproximam dele. Ele inspira confiança.

As crianças que mais aparecem na história são os quatro irmãos Pevensie, crianças que conhecem Nárnia ao entrarem em um guarda-roupa que ficava em uma sala vazia na casa do Professor Kirke, onde elas estão passando uma temporada, em razão da guerra. Quando elas chegam lá, cada um a seu tempo, e com uma atitude em relação a tudo o que acabam de conhecer, Nárnia é uma terra assolada por um inverno que não acaba e onde nunca é Natal. Tudo isso é fruto de acontecimentos muito antigos, que resultaram do que acontece em O Sobrinho do Mago, o primeiro livro.

Ao longo das crônicas, as quatro crianças acabam assumindo um papel bastante importante e mesmo nas crônicas em que não são os personagens principais, são mencionados com frequência e são lembrados sempre como os reis e rainhas dos tempos áureos de Nárnia.

As crianças voltam algumas vezes, mas chega um momento em que não podem mais voltar a Nárnia. O que viveram ali deverá ser parte delas no nosso mundo e elas não devem se esquecer de Aslam, mas sim, identificá-lo no nosso mundo, pois aqui ele não aparece como aparece lá. Esse é um dos grandes ensinamentos do livro.

A história foi escrita há muitos anos, mas ainda assim, por ser um livro escrito para crianças, a sua linguagem é fácil e a leitura é rápida. Li em menos de duas semanas o volume completo. As lições passadas pelo autor são demonstradas de uma forma tão simples, que deixa até os adultos com o queixo caído. Coisas simples, como a obediência e a sua consequência, a paciência em esperar a hora e o jeito certo para as coisas e os frutos bons que são colhidos disso, nos mostram que as coisas foram feitas de um modo simples e foram feitas para serem fáceis, mas somos nós que complicamos tudo e estragamos o que poderia ter sido tão bonito.

Nessa leitura eu me emocionei, me assustei e me coloquei no lugar das crianças muitas vezes. Quando elas agiam certo ou errado, eu me via pensando em como seria a minha atitude se eu estivesse lá.

Ler As Crônicas de Nárnia é sair de nossa dimensão e olhar a nossa própria história de fora, de outra perspectiva. Desse ponto, as coisas parecem muito mais simples do que são quando estamos vivendo tudo do lado de dentro. O que me faz pensar se não é isso realmente o que acontece. Está tudo ali de bandeja na nossa frente. Somos alertados dos perigos e do que nos poderá distrair do objetivo final. Somos alertados do que nos espera se obedecermos as regras e se as desobedecermos também. Temos todo o mistério desvendado em nossa frente e, por nossa própria impaciência, incredulidade ou imediatismo, acabamos misturando tudo e bagunçando o que estava tão fácil de fazer.

Por isso, o livro é mais do que recomendado. É obrigatório para crianças e adultos. E não para uma única leitura, mas para várias e várias.