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Sobre livros que não gostamos

É difícil acontecer, mas algumas vezes me deparo com livros os quais não consigo engrenar na leitura. Por mais que eu tente, não consigo me prender na história e nem mesmo me identificar com qualquer dos personagens.

Quando isso acontece, eu acabo passando tempo demais com o livro, ao invés de trocá-lo por outro, deixar pra ler depois. Eu sempre insisto na leitura. Quase sempre, no fim das contas, eu consigo tirar algo de bom da história e ainda fazer uma avaliação positiva. O que eu me pergunto é: porque perco tanto tempo com algo de que não estou gostando, se eu tenho tantos outros livros me esperando?

Não sei por que essa mania besta de achar que não posso largar um livro antes de tˆ-lo terminado. Estou lendo três livros ao mesmo tempo.

Um estou amando, logo devo acabar e publico a resenha para vocês.

O segundo, estou lendo desde outubro, mas como é um estilo meio auto-ajuda e eu não consigo ter tanta paciência com isso, ele sempre vai ficando de lado e eu vou acabar abandonando, se não conseguir finalizar a leitura ainda esse ano.

O terceiro é um que eu estou lendo impresso. Comprei baratinho na Feira do Livro e gostei muito da sinopse. Mas a leitura não anda, não consigo engrenar. Como eu comprei na esperança de que o livro fosse tão bom quanto a sinopse indicava, pelo tema e pela proposta do autor, ainda prossigo na leitura, mas confesso que também vou dar um prazo para mim mesma até o final do ano.

Se eu não conseguir ler esses livros até o fim nesse último mês do ano, vou parar tudo, reorganizar a minha lista de leitura para 2014 e quem sabe, lá na frente, quando muita água já tiver passado por baixo desta ponte aqui, eu não consiga terminar a leitura, hein?

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[Resenha] Quem é você, Alasca? – John Green

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Título: Quem é você, Alasca?
Autor: John Green
Editora: Martins Fontes
Ano: 2010
Páginas: 240
Miles Halter é um adolescente fissurado por célebres últimas palavras que, cansado de sua vidinha pacata e sem graça em casa, vai estudar num colégio interno à procura daquilo que o poeta François Rabelais, quando estava à beira da morte, chamou de o “Grande Talvez”. Muita coisa o aguarda em Culver Creek, inclusive Alasca Young, uma garota inteligente, espirituosa, problemática e extremamente sensual, que o levará para o seu labirinto e o catapultará em direção ao “Grande Talvez”.

O que eu achei de Quem É Você, Alasca?

Este é um tipo de livro que se você olhar só a capa e o título não vai pensar em ler. É aquela leitura que, não fosse por seu autor, ficaria escondida no fim da lista de livros a serem lidos, candidata a nunca se tornar um livro lido na sua meta de leitura do Skoob.

Porém, como eu já havia lido o Teorema Katherine e A Culpa é das Estrelas, e me tornei a típica leitora do John Green, que leria até a lista de supermercado dele, como muitos dizem por aí, ler Quem é você, Alasca? não seguiu esse processo. Quando vi que o livro era dele, já coloquei imediatamente na minha lista de leitura e, claro, ele passou na frente de muitos outros que eu tinha – e tenho – que ler.

O livro conta a história de Miles Halter, o Gordo, que vai estudar em um colégio interno, em busca de uma vida diferente do marasmo que vivia em sua cidade. Até então, Miles era solitário. Sem namorada, sem amigos, era fascinado pelas últimas palavras das pessoas antes de morrer. Ao se deparar com as últimas palavras de François Rabelais, “Saio em busca de um grande talvez”, ele toma a decisão de dar um rumo completamente diferente para a sua vida. Sua intenção é descobrir o grande talvez ainda em vida, o que o leva ao colégio onde parte de sua família havia estudado, ainda que seus pais tenham deixado bem claro para ele que isso não seria necessário.

Chegando ao colégio, ele se aproxima de Chip Martin, o Coronel, com quem dividirá o quarto. O Coronel, que estuda ali mantido por uma bolsa de estudos, tem uma memória incrível e aversão aos Guerreiros de Dia de Semana, os garotos ricos que voltam para as casas dos pais nos finais de semana.É o Coronel que apresenta Miles aos seus amigos, o japonês Takuma e Alasca, a garota misteriosa, de olhos verdes, geniosa e impulsiva. Alasca é linda e por estar envolvida em uma certa atmosfera de mistério, todos acabam se apaixonando por ela. Mas ela tem um namorado, que estuda em outra cidade e toca em uma banda. Alasca e Miles tem em comum o amor pela literatura.

Através dessa característica deles, somos levados juntamente com os personagens de Quem é você, Alasca?, a questionar o mesmo que Simón Bolívar em suas últimas palavras “Como sairei deste labirinto?” A partir desta citação Miles e seus amigos fazem diversas reflexões.O leitor é levado a refletir muito sobre o que nos faz ser quem somos, chegando à conclusão de que são nossas experiências de vida, nossas cabeçadas e acertos e até mesmo os relacionamentos que travamos com as pessoas com quem convivemos. Tudo isso vai montando o grande quebra-cabeça que é nossa existência, tão complexa para ser compreendida por nós mesmos. Esse grande emaranhado de características é que forma e justifica quem nós somos. Cada um tem motivos fortes o suficiente para ser como é, inclusive Alasca em todo seu enigma.

Quem é você, Alasca? me encantou por ser uma obra que traz, dentro de um relacionamento cotidiano de um garoto e seus amigos, as reflexões que todos acabamos fazendo, um dia ou outro. Quem somos nós? Quem é o outro? Achei interessante a forma como cada mistério no livro é questionado, ainda que não seja explicitamente solucionado, pois muito mais importante do que a resposta ou a conclusão a que chegamos, é o caminho que tomamos para buscar cada uma das nossas respostas.

O labirinto de Alasca e o grande talvez de Miles, para mim, são apenas a cenourinha na frente do cavalo. Algo que deve nos motivar a estar sempre caminhando para a frente, mas não necessariamente sendo considerado um fim em si mesmo. Amei Quem é você, Alasca?, como todo livro do John Green e recomendo para todos aqueles que, muito mais do que uma história cheia de elementos altamente emotivos ou surpreendentes, esteja a fim de refletir sobre a vida.

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[Resenha] Perdão Leonard Peacock – Matthew Quick

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Hoje é o aniversário de Leonard Peacock. Também é o dia em que ele saiu de casa com uma arma na mochila. Porque é hoje que ele vai matar o ex-melhor amigo e depois se suicidar com a P-38 que foi do avô, a pistola do Reich. Mas antes ele quer encontrar e se despedir das quatro pessoas mais importantes de sua vida: Walt, o vizinho obcecado por filmes de Humphrey Bogart; Baback, que estuda na mesma escola que ele e é um virtuose do violino; Lauren, a garota cristã de quem ele gosta, e Herr Silverman, o professor que está agora ensinando à turma sobre o Holocausto. Encontro após encontro, conversando com cada uma dessas pessoas, o jovem ao poucos revela seus segredos, mas o relógio não para: até o fim do dia Leonard estará morto.

O que eu achei de Perdão, Leonard Peacock?

Perdão, Leonard Peacock é o novo livro de Matthew Quick. Narra a história de Leonard, um garoto que, no dia de seu aniversário, decide matar seu ex-amigo, Asher Beal e depois se matar, para finalmente chegar ao super nada. Para fazer isso, ele quer terminar sua última missão que é entregar presentes e se despedir das quatro pessoas mais importantes da sua vida. A história do livro começa quando Leonard está tomando seu café da manhã e prossegue conforme ele se encontra com cada um dos seus amigos, e vai entregando cada presente.

Leonard é um garoto cabeludo, com um estilo meio largadão e que vive bastante solitário. Ele parece bastante depressivo e, apesar de ser muito inteligente e dono de um raciocínio perspicaz, acaba sendo absolutamente mal compreendido. Aparentemente, ele chegou em um ponto em que desistiu de se explicar, então, quando inevitavelmente, alguém o destrata ou o isola por algo que ele disse ou fez, ele simplesmente continua em silêncio e deixa pra lá.

Foram todos esses anos de abandono – pelo pai, que desapareceu depois de ter sido pego pela polícia enquanto fugia do país em razão das dívidas que acumulava com o governo americano e pela mãe, uma estilista que foi para Nova York enquanto ele ficava em South Jersey – que fizeram com que Leonard não pensasse em ter um futuro e não alimentasse mais esperanças. Ele vai matar Asher Beal e vai se matar.

Os momentos em que ele passa com cada um dos quatro amigos é bastante revelador. Conforme ele conversa com cada um, tenta, por meio do seu discurso, dar pistas do que irá fazer ao final do dia, mas aparentemente, não consegue transmitir sua mensagem. Isto porque, segundo o que ele acredita, as pessoas estão mais preocupadas em rotular e classificar os outros. Ele não consegue perceber uma preocupação real com relação aos desejos e necessidades das pessoas, mas entende que as pessoas simplesmente estão programadas para dar certas respostas, sem raciocinar.

Como a pessoa crítica que é, ele gostaria que os outros parassem pra pensar no que estão falando e demonstrassem uma real inclinação a compreender aquele com quem conversam. O relacionamento dele com Lauren, na minha opinião, é um dos mais marcantes. Ela é cristã e tenta a todo momento levá-lo para Cristo. Ela entende que o cristianismo é a resposta mais adequada para os problemas do mundo e das pessoas e desde o primeiro momento em que conversa com Leonard, tenta incutir nele essa mensagem. Ainda que esta seja a minha forma de ver o mundo, a caracterização de Lauren pelo autor reflete, na minha opinião, a exata impressão que os cristãos tem passado ao mundo: pessoas sem raciocínio lógico, sem capacidade de argumentação e meras máquinas que decoram uma verdade como certa e começam a repeti-la por aí, como papagaios e, quando um questionamento é mais profundo do que o conhecimento que eles tem, ou foge do script decorado, eles se fecham em seu mundinho e desistem de argumentar e abrem mão da possibilidade de adquirir ainda mais conhecimento e amadurecimento. Lauren é, como os cristãos, cheia de boas intenções, mas sem nenhum preparo para lidar com alguém que pensa diferente dela e crê em coisas opostas. Ela não está, como a maioria dos cristãos, preparada para um debate saudável em que ambos os lados apresentam seus argumentos e não tem maturidade para aceitar que precisa estudar mais isso ou aquilo, ou que sua argumentação pode estar furada em algum ponto.

O relacionamento entre Leonard e Lauren me chamou muita atenção por causa disso. Como cristã, Lauren poderia ter significado um auxílio e um suporte a Leonard, no momento em que ele mais precisou, mas ela não teve capacidade de entender os sinais que ele mandava nem agir com um pouco mais de misericórdia e olhos de amor, que o poderiam ter salvo dele mesmo. Essa parte do livro nos faz questionar nosso posicionamento como pessoas. Independente da religião que você professa, se ela não faz de você uma pessoa melhor nem permite que você leve aos outros uma mensagem de paz e luz, que é o que o nosso mundo mais precisa hoje em dia, alguma coisa está muito errada.

O papel de Leonard na história é nos mostrar que existem pessoas que querem ser vistas, que precisam de consolo e atenção, mas não são fortes o suficiente para demonstrar isso claramente e depende de nós, aqueles que estão em volta, que convivem de perto, perceber que é necessário estender a mão. Ler os sinais e as entrelinhas. E se não for possível dizer isso claramente, simplesmente fazer uma oração, dar um abraço, oferecer um sorriso sincero.

O mundo precisa de mais amor. Por favor.

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Os méritos de Cinquenta Tons de Cinza

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Não, este não é mais um post sobre a trilogia Cinquenta Tons de Cinza, nem sobre a adaptação desta obra para os cinemas. Já há informação demais na internet sobre isso, então, o que eu tenho pra falar vai ser um pouco diferente.

Eu li os livros. Conheço muita gente que amou, muita gente que odiou e uma legião de mulheres que ainda acham o Christian Grey incomparável. Eu gostei. Por diversos motivos, mas este não é o foco aqui.

Eu já vinha lendo como uma desesperada, desde quando descobri o iPad e o iBooks. Comecei a abastecer minha biblioteca com livros nacionais e internacionais, e que eu já queria ler há muito tempo. Aí, surgiu essa febre de Cinquenta Tons de Cinza e eu, claro, fui ler. Muitas amigas lendo, uma febre geral na internet. Li os três livros em duas semanas. Até aí nenhuma novidade.

O que eu achei muito interessante foi o efeito que esses livros tiveram em mim e na maioria das pessoas que leram a trilogia. A partir do gosto em comum pela trilogia, descobri diversos grupos de leitores no facebook e comecei a ser exposta a todo tipo de literatura. Começamos a trocar dicas de leitura, tanto no estilo erótico quando diversas outras categorias de romances, ampliando o leque de opções de todos nós.

Até fiquei com muita vergonha de mim mesma por ser uma usuária tão ativa no facebook e apenas ter descoberto os grupos de leitores no ano passado. E fiquei muito aliviada também, porque eu descobri que não sou uma aberração por gostar tanto de ler… nesses grupos há milhares de leitores, que leem muito mais do que eu! Fiquei impressionada com tanta gente lendo um livro por dia e ainda cuidando de todos os outros afazeres. Descobri que ainda tenho muito que aprender com essa legião de leitoras!

Vira e mexe, entre os leitores, surge a pergunta: desde quando você lê? A resposta me espantou. A esmagadora maioria das mulheres passou a gostar de ler depois de ter lido Cinquenta Tons de Cinza. E o que é melhor, passaram a consumir literatura, internacional e nacional, erótica e chick lit, dramas, suspense e etc.

Eu achei interessante, porque durante muito tempo, quem gostava de ler era considerada uma categoria à parte, pessoas com um gosto peculiar e raro. Mas depois da febre do CEO bilionário, lindíssimo e com preferências sexuais um tanto diferenciadas, muitos leitores se reconheceram e passaram a se agregar em grupos dentro e fora da internet, partilhando cada vez mais sobre esse gosto em comum.

Mais ainda, muita gente que antes não lia, por preguiça, falta de interesse, falta de hábito ou simplesmente por deixar isso pra uma outra hora, percebeu que por dentro daquele mundo de páginas tem histórias interessantíssimas e aí, quando a trilogia acabou, foram atrás de mais um e viram que sim, em cada livro é uma emoção diferente.

Ainda que a história de Christian e Ana desperte as mais variadas reações, até de gente que nem se dispôs a ler os livros – pasmem! – creio que o sucesso da obra foi um sucesso não só para a autora e editoras ao redor do mundo. Na minha opinião foi uma vitória para a literatura, para os novos autores, despertou uma vontade de ler cada vez maior e incentivou a produção de novas histórias. De repente, tanta gente gosta de ler, fala-se tanto em eventos literários, autopublicação, novos escritores, fanfiction…

Um brinde aos novos leitores, qualquer que tenha sido seu primeiro livro!

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Mas você lê muito!

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Muita gente me pergunta como consigo ler tanto. Entre meus amigos são poucos aqueles que gostam de ler e, ainda assim, eles se espantam com minha afinidade com os livros, sejam eles físicos ou digitais.

Acontece que eu leio desde pequena. Hoje estava tentando lembrar quando tudo isso começou, mas não consegui identificar um livro ou uma data precisa. Aparentemente, eu sempre gostei de ler e a impressão que tenho é a de que eu já nasci acompanhada de muita leitura e sempre foi muito natural pegar um livro e simplesmente ler.

Tanto que, apesar de ficar cada vez mais crítica com relação à qualidade do que eu leio, é muito difícil um livro me desagradar completamente. Penso que a experiência da leitura, em si, é grandiosa e por isso, a leitura de uma história meio fraca ou um enredo que não toma o rumo que esperamos ainda assim é algo que me dá prazer.

Para aqueles que querem começar a ler mas sentem preguiça, ou tem a impressão que a história não os prende, digo que insistam. Talvez o melhor seja começar com um livro mais fininho, ou um livro de contos ou histórias mais curtas, onde a atenção não precise ficar presa por um tempo muito longo.

Com o tempo e a prática da leitura constante, passa-se a ler mais rápido e a tomar gosto pelos livros e, assim, fica mais fácil definir o seu estilo favorito e começar a selecionar outras leituras.

Hoje em dia, com a explosão de e-books e de novos autores, tanto no Brasil quanto pelo mundo afora, a chance de você encontrar algum de que goste é muito maior.

Para testar, você pode se cadastrar na Amazon.com.br e baixar para seu computador, tablet ou celular amostras de livros e ler um pedacinho. Se gostar, é só comprar. Ou então, pode ler resenhas. Aqui no blog mesmo tem várias que eu publiquei, de alguns dos muitos livros que eu já li (e continuo publicando, conforme minhas leituras avançam).

Se você fizer esse teste e se tornar um leitor, vai fazer esta blogueira muito feliz!Se quiser acompanhar meu progresso de leitura pelo Skoob, acesse meu perfil aqui.