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[Resenha] Um Lugar Para Ficar – Deb Caletti

um lugar para ficar

Título: Um Lugar Para Ficar

Autora: Deb Caletti

Editora: Novo Conceito

Ano: 2012

Páginas: 272

O relacionamento de Clara com Christian é intenso desde o começo e diferente de tudo o que ela já havia experimentado. No entanto, o que começa como um grande afeto rapidamente se transforma em obsessão, e já é muito tarde quando Clara percebe que as coisas foram longe demais e que Christian está disposto a fazer de tudo para ficar ao seu lado. Então, Clara parte da cidade e Christian fica para trás. Ninguém sabe onde ela está, mas, mesmo assim, Clara ainda luta para se livrar do medo. Ela sabe que Christian não vai permitir que ela suma tão facilmente. Não importa para onde ela vá, nunca será longe o bastante…

O que eu achei de Um Lugar Para Ficar?

Um lugar para ficar trata da história de Clara, uma adolescente que se muda de sua cidade com seu pai, para ficar longe de Christian, seu ex-namorado. Ninguém pode saber onde ela está, seus contatos telefônicos, email. Para sua própria segurança, o lugar para onde foram não deve ser conhecido de nenhuma pessoa, nem mesmo os amigos de Clara. É uma situação difícil, mas necessária – uma medida drástica tomada por um pai preocupado com sua filha.

O motivo real do refúgio dos dois nessa nova cidade não é claramente explicitado até que se chegue às partes finais da leitura. Um Lugar Para Ficar é escrito alternando os acontecimentos passados com os do presente, e aos poucos vamos montando o quebra-cabeça

Aparentemente Christian era o melhor namorado que Clara poderia ter, mas aos poucos ela vai conhecendo o temperamento instável dele e, como está apaixonada, acaba moldando toda sua vida de modo que ele não tenha nenhum ataque de ciúme e tentando reduzir ao máximo as reações inesperadas dele. Ela transforma seu modo de vestir, de falar, deixa as amizades cada vez mais em segundo plano e, por mais que as pessoas à sua volta a tentem alertar, ela não consegue ver o quanto esse relacionamento é doentio.

Clara tenta levar o relacionamento até onde dá, mas o controle de Christian sobre ela chega a um ponto que ela passa a ver o quanto está sendo prejudicada e passa a ter medo dele. Aos poucos, ela tenta se desvencilhar desse relacionamento, até que, por fim, consegue criar coragem e terminar com Christian. Ele, obviamente, não consegue aceitar o fim do relacionamento e começa a perseguir Clara, até que se chega ao ponto em que a história se inicia, com Clara e o pai se mudando para um lugar desconhecido, sem avisar nenhuma pessoa de seu convívio.

Clara e o pai, embora encarem a mudança como algo temporário, buscam formas de se adaptar ao novo ambiente e atividades para passar o tempo. Clara arruma um emprego em uma lojinha no farol da cidade e o pai tenta escrever mais um de seus romances. Clara acaba conhecendo Finn, um marujo, que trabalha em um barco, fazendo passeios com os turistas que chegam à cidade no verão. Ao mesmo tempo, o pai de Clara faz amizade com a dona da loja onde Clara trabalha e reencontra uma velha amiga que também mora em uma casa na praia.

A leitura demora para engrenar. A estratégia de contar a história em partes, ora no presente, ora no passado acaba deixando a leitura mais devagar do que eu gostaria. No fim das contas Um Lugar Para Ficar é um livro bom, mas apenas a partir da metade é que eu consegui me apegar ao enredo e me envolver até o fim.

A tradução e a revisão deixaram muito a desejar. Não é o primeiro livro que me desagrada no que diz respeito à tradução. Este tinha alguns erros que não passaram despercebidos e que me incomodaram no momento da leitura, como por exemplo o “kkkkkkkkk” em um momento em que se descrevia uma risada, entre outras traduções que eu não achei boas de jeito nenhum.

Outra coisa que incomodou em Um Lugar Para Ficar foi a quantidade de notas de rodapé. Por ser narrado em primeira pessoa, acredito que as notas poderiam ter sido incorporadas ao texto ou, em último caso, deixadas totalmente de lado. Não é de se esperar que um romance convencional tenha notas de rodapé, não é verdade?

No balanço final, é uma história boa, com um enredo bem construído, mas em vários momentos faltou emoção. Eu conseguia entender o terror psicológico sofrido pela personagem, mas não consegui senti-lo, como em outros livros que li. Para mim, ler um livro que me afeta, que incomoda e que me transporta para o mundo criado pelo autor é crucial e, em Um Lugar Para Ficar Deb Caletti não teve sucesso nesse aspecto.

Pode ser que eu ainda leia outros livros dela, mas ainda tenho autores passando na frente, na minha meta de leitura.

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[Resenha] Perdida – Carina Rissi

perdida

Título: Perdida

Autora: Carina Rissi

Editora: Verus

Ano: 2011

Páginas: 322

Sofia vive em uma metrópole, está habituada com a modernidade e as facilidades que isto lhe proporciona. Ela é independente e tem pavor a menção da palavra casamento. Os únicos romances em sua vida são os que os livros lhe proporcionam. Mas tudo isso muda depois que ela se vê em uma complicada condição. Após comprar um novo aparelho celular, algo misterioso acontece e Sofia descobre que está perdida no século XIX, sem ter ideia de como ou se voltará. Ela é acolhida pela família Clarke, enquanto tenta desesperadamente encontrar um meio de voltar para casa. Com a ajuda de prestativo Ian, Sofia embarca numa procura as cegas e acaba encontrando algumas pistas que talvez possam leva-la de volta para casa. O que ela não sabia era que seu coração tinha outros planos…

O que eu achei de Perdida?

A independente Sofia, protagonista de Perdida, adepta de todas as facilidades que o mundo moderno proporciona, leva uma vida corrida, trabalhando muito, como a da maioria das mulheres de hoje. Tudo ia muito bem, ou muito normal, até que ela perde o celular e tem que comprar outro em seguida. Este celular acaba levando Sofia direto para o século XIX.

Ela não tem a menor ideia de como voltar para casa. A única coisa que ela sabe é que tem que encontrar as pistas que a levarão de volta para o mundo a que ela está acostumada.

Ela acaba indo parar na casa da família Clarke, depois de ser encontrada por Ian. Lá ela tem que aprender a viver sem as facilidades a que está acostumada, e descobrir um novo jeito de fazer as coisas mais simples sem o apoio da tecnologia, além de ter que entender que pistas são essas que ela tem que encontrar.

Perdida é aquele tipo de romance em que é fácil identificar com a personagem. Por mais que a história tenha elementos fantásticos, Sofia é muito real. Em diversos momentos são destacadas situações tão corriqueiras que nos fazem pensar que Sofia realmente existe, e que fomos nós que vivemos toda a história.

Ian também não fica atrás. Criado em um sistema de regras de comportamento extremamente engessado, Ian é um homem charmoso, que povoa os sonhos de toda romântica.

Há outros personagens importantes na trama de Perdida como Elisa, a irmã de Ian, que é delicada e rapidamente se apega a Sofia como a uma irmã mais velha, e Teodora, uma amiga da família, que em alguns momentos parece apresentar uma grande resistência à presença de Sofia em meio aos Clarke. É importante destacar também que os empregados da casa são uma parte relevante da história, como Gomes, cuja discrição e apego ao seu patrão colaboram muito para o desenrolar de toda a história.

Perdida é um daqueles livros que eu considero permanentes. É um romance lindo, leve, que emociona ao mesmo tempo em que diverte. Carina Rissi, de um modo muito especial, soube combinar a doçura de um romance que nos faz suspirar com a personalidade marcante da protagonista, Sofia, que com sua espontaneidade, nos faz rir o tempo todo. Este com certeza é um livro que voltarei a ler mais de uma vez, e que recomendo muitíssimo para quem quer uma leitura leve e divertida.